Origem: Revista O Cristão – Maternidade

“Por Este Menino Orava Eu”

Muitas mães oraram por uma criança com palavras semelhantes, mas poucas devolveram seus filhos ao Senhor com essas palavras. A realidade e o propósito do coração dessa querida mulher, Ana, são admiráveis. Ela entendeu e quis cumprir seu papel como mãe, mas o Senhor havia fechado o seu ventre. As dificuldades e os exercícios pelos quais Ana passou para obter um filho podem muito bem incentivar todas as mães. Lidou com a rivalidade de sua rival Penina e com o aborrecimento que isso produzia em sua própria alma e, embora seu marido a amasse, ele não entendia sua necessidade; então Eli, o sacerdote, foi duro com ela. Nenhuma dessas adversidades a impediu de persistir. Ela foi ao Senhor em oração. Sua petição foi concedida quando ela deixou de querer ter um filho para satisfazer seus próprios desejos e prometeu entregar o filho ao Senhor. Vemos mais tarde como o Senhor precisava daquele filho para testemunhar e substituir os sacerdotes falhos da família de Eli.

O marido, a rival e o sacerdote 

A família de Elcana era uma família piedosa que subia a Siló todos os anos. Mas o desejo de Ana por um filho era tão intenso que ela não conseguia ser feliz. Esse desejo de ter filhos estava certo. Para quem ela poderia ir com esse problema? Elcana, seu marido, teve filhos de sua outra esposa. Não nos é dito como ele teve duas esposas, mas seu comentário sobre ele ser melhor para ela do que dez filhos era muito egocêntrico. Ele também não estava agindo como “coerdeiros da graça da vida” com Ana. Sim, ele a amava e lhe dava uma porção digna, mas não conseguia entendê-la ou ajudá-la em sua tristeza de alma.

Para piorar a situação, Penina, a outra esposa que teve filhos, a provocou e tornou a sua vida miserável. Isso fez com que subir à casa do Senhor fosse algo difícil para Ana, pois ela não tinha filhos para agradecer ao Senhor por eles, como Penina tinha. O melhor que Ana pôde fazer nessa situação foi orar somente ao Senhor.

É triste ver Eli, o sacerdote, assentado em uma cadeira junto a um pilar do templo. Ele deveria estar de pé e ministrando às necessidades do povo, em vez de se regalar. Ele não tinha bom discernimento em relação à Ana e sua família era uma desonra ao Senhor. Todo Israel pôde ver essas falhas, mas nenhuma dessas circunstâncias impediu Ana de ir à casa do Senhor para orar. O Senhor ainda estava lá e podia responder à oração. Quando Eli percebeu que ela era uma alma piedosa orando ao Senhor, ele prometeu a ela que o Senhor lhe daria a petição que ela havia feito. Ela creu na palavra e não era mais triste. Sua resposta humilde é bela: “Ache a tua serva graça em teus olhos”. Ela tratou a resposta como um ato da graça de Deus. “Porque bom é que o coração se fortifique com graça”. Este é um terreno seguro de bênção. Muitas vezes tratamos as respostas de nossas orações como algo merecido.

Dedicação 

O nome Ana significa “graça”. Ela fez jus ao seu nome. Quando o Senhor lhe deu um filho, ela não reivindicou o filho como sendo seu, mas o dedicou ao Senhor. Não houve qualquer tipo de barganha com o Senhor por causa do que Ele faria ou teria feito, mas um ato voluntário de entregá-lo ao Senhor para Seu serviço. Nós, pais, podemos considerar este exemplo em relação aos nossos filhos. Nós os criamos de acordo com nossos próprios desejos? Ou para o Senhor?

Depois que Samuel foi desmamado, chegou o dia de apresentá-lo ao Senhor. Lemos: “E, havendo-o desmamado, o levou consigo, com três bezerros e um efa de farinha e um odre de vinho, e o trouxe à casa do SENHOR, a Siló. E era o menino ainda muito criança. E degolaram um bezerro e assim trouxeram o menino a Eli” (vs. 24-25). Esses sacrifícios que acompanharam a apresentação do menino ao sacerdote têm uma lição para nós. Eles mostram que a propiciação que Cristo fez por Deus é o meio pelo qual a criança poderia ser apresentada a Deus de uma maneira aceitável. Os sacrifícios apresentados com o menino o tornaram digno de ser apresentado ao Senhor. Essa é a única base correta sobre a qual os pais podem dedicar seus filhos a Deus. Podemos pensar que o ato de dedicar nossos filhos ao Senhor é digno o suficiente em si para que sejam aceitos. E quanto mais um pai piedoso investe no treinamento e na orientação de seus filhos sem uma percepção consciente da obra de Cristo para esses filhos, mais ele será enredado ao considerar seus filhos como aceitáveis a Deus, à parte de Sua graça. Precisamos ver que tudo é graça. Os sacrifícios que Elcana e Ana ofereceram ao dedicar o filho ao Senhor provam que os pais adotaram o princípio da graça.

Deixe-me repetir essas coisas de outro ponto de vista. Quando nós, com tristeza, como pais, vemos que nossos filhos não continuam nos caminhos do Senhor, não vamos culpar o Senhor por isso. Em essência, isso seria tratar tudo o que fizemos como algo que deveria ter sido aceitável a Deus. É cair da graça como o fundamento de toda bênção. Sim, somos responsáveis por fazer tudo o que pudermos para criar nossos filhos para o Senhor, mas mesmo o melhor que podemos fazer ao dedicar nossos filhos ao Senhor não é suficiente para torná-los aceitáveis a Deus. Perceber essas coisas manterá cada um de nós humildes e, ao mesmo tempo, nos fará diligentes em relação a nossas famílias.

Humildade 

Há uma diferença entre humildade e condenação própria. Quando falhamos com nossos filhos, devemos examinar nossos caminhos e reconhecer nossas falhas diante do Senhor. Mas o arrependimento é mais do que admitir que falhamos em certas áreas, é reconhecer que tudo em nós, na carne, é mau. Condenar a nós mesmos pelo que fizemos é permanecer focado no objeto errado. Será que acreditamos que, se houver uma segunda chance, faremos melhor? Vamos recorrer à graça de Deus para fazer o que não podemos fazer e, com humildade, aceitar as consequências de nossas falhas, contando com Deus para trazer bênçãos.

Há também o lado soberano de Deus a considerar na questão. Ele tem um plano soberano de bênção para todos aqueles a quem Ele chamou, e nada impedirá Sua bênção. Ele é capaz até de tirar o bem do mal. O rei Davi falou disso quando percebeu que não mantinha sua casa de maneira justa e ordenada. Ele disse: “Na verdade não é tal a minha casa para com Deus; Contudo estabeleceu comigo uma aliança eterna, Em tudo bem regulada e segura; Pois é Ele toda a minha salvação e todo o meu desejo, Ainda que Ele não a faz brotar agora” (2 Sm 23:5 – TB). Davi reconheceu seu fracasso, mas, como Ana, ele cumpriu, com fé, as promessas de Deus de abençoar sua casa; ao mesmo tempo, ele foi submisso ao esperar até a hora de Deus para fazê-la brotar. Que o Senhor nos dê essa paciência de fé n’Ele.

Adoração e louvor 

Ana passou a dizer: “Ah! Meu senhor, viva a tua alma, meu senhor; eu sou aquela mulher que aqui esteve contigo, para orar ao SENHOR. Por este menino orava eu; e o SENHOR me concedeu a minha petição que eu Lhe tinha pedido. Pelo que também ao SENHOR eu o entreguei, por todos os dias que viver; pois ao SENHOR foi pedido. E ele adorou ali ao SENHOR” (1 Sm 1:26-28). O coração da verdadeira mãe fica satisfeito quando a adoração ao Senhor é apresentada por seu filho, e ela é mantida em segundo plano. A adoração e o serviço de seu filho ao Senhor são o resultado de seus anos de diligência em cuidar do filho por causa do Senhor.

É belo ver que, depois que Ana entregou seu filho para servir ao Senhor, ela não voltou à sua tristeza anterior. Quando ela entregou seu filho ao Senhor, Ele encheu seu coração de comunhão com Ele. Ela ainda tinha tudo pelo qual havia trabalhado. Seu coração não estava centrado apenas no filho, mas no Senhor com seu filho. Seu coração estava cheio de louvor ao Senhor e ela proclamou isso. Sua oração que se seguiu é realmente um cântico de louvor. É assim que as mães chegam ao ponto de apresentar seus filhos ao Senhor como filhos espirituais para Ele, como neste exemplo instrutivo de Ana.

D. C. Buchanan

Compartilhar
Rolar para cima