Origem: Revista O Cristão – Princípios do Lar

Graça e Governo da Família

Gênesis 7:1; Atos 2:39 

“Depois, disse o SENHOR a Noé: Entra tu e toda a tua casa na arca, porque te hei visto justo diante de Mim nesta geração” (Gn 7:1). Por causa de sua fé, a mesma promessa de preservação do Senhor a Noé era estendida para sua casa. Esta ordem estabelecida pelo próprio Senhor abre a porta para que a fé seja exercitada pelo cabeça de toda casa onde Deus é honrado. Que o Senhor nos dê obediência de fé em Sua promessa, pois “sem fé é impossível agradar-Lhe, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que é galardoador dos que O buscam” (Hb 11:6). “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos” (At 2:39).

 

“Pela fé, Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu, e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé” (Hb 11:7). Essa fé de Noé, que o levou a construir a arca, serve de exemplo para o nosso tempo. Deus nos disse que assim como Ele destruiu o mundo passado com um dilúvio, Ele destruirá este mundo presente com fogo (2 Pe 3:7). É importante, então, que exercitemos a fé de Noé, tanto para nós mesmo como para o nosso lar. A arca para nós é o Senhor Jesus Cristo, e somente Ele nos liberta do julgamento vindouro. Desta forma, Noé é também uma figura de Cristo que, como o justo líder de uma família salva, salva todos os que estão em associação com ele. A esse respeito, não precisamos construir a arca, mas sim trazer nossa família para dentro dela. “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa” (At 16:31).

Não vamos concluir com isso que não haja necessidade da obra do Espírito Santo no coração dos filhos de pais Cristãos. “Aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3:3). Isso é tão verdadeiro para o filho de um Cristão quanto para todo mundo. A graça não é hereditária. O princípio a ser ensinado aos pais Cristãos é que a Escritura liga de forma inseparável um homem à sua casa. O pai Cristão tem a garantia de contar com Deus para com seus filhos, e ele é responsável por criar seus filhos para Deus.

Separação 

O resultado prático da fé no Senhor Jesus será que tornamos nosso lar em um lugar de separação do mundo e um refúgio do mal que existe nele. Todo este sistema que vive em prazeres sem Deus está prestes a ser julgado. As mesmas más condições morais que foram a causa do julgamento de Deus no tempo de Noé estão presentes hoje e farão recair Seu julgamento sobre este mundo atual. O temor de Deus, juntamente com a fé no Senhor Jesus, fará com que façamos do nosso lar um lugar de refúgio para nossa família.

Esses princípios são confirmados por muitos outros exemplos na Escritura. Abraão foi levado a confiar em Deus em relação ao julgamento que cairia sobre Sodoma e Gomorra, e isso foi especificamente em referência à maneira como ele governou sua casa. O Senhor pôde dizer de Abraão: “Porque Eu o tenho conhecido, que ele há de ordenar a seus filhos e a sua casa depois dele” (Gn 18:19). Um homem que sabe comandar sua casa é digno da confiança de Deus. Esta é uma verdade maravilhosa, mas que deve exercitar o coração e a consciência de todos os pais Cristãos.

Da mesma forma, Moisés, quando os filhos de Israel estavam prestes a se afastar do Egito, insistiria que “Havemos de ir com nossos meninos e com os nossos velhos; com os nossos filhos, e com as nossas filhas” (Êx 10:9). Faraó queria que eles deixassem seus filhos para trás, mas a mente de Deus era que todos deveriam ir – jovens e velhos. Mas é triste dizer que hoje muitos queridos crentes professam sair para servir ao Senhor, mas deixam seus filhos moralmente no Egito. As crianças são educadas e preparadas para este mundo e não para o reino de Deus.

Mais uma vez, mais tarde, na história de Israel, Josué pôde dizer: “Porém eu e a minha casa serviremos ao SENHOR” (Js 24:15). Ele e sua casa estavam unidos e ele não serviria ao Senhor separado deles. O pai Cristão não deve deixar qualquer sombra de dúvida quanto ao real e profundo propósito e objeto de sua alma. A administração de sua casa deve refletir isso.

No Novo Testamento, o Senhor Jesus disse a Zaqueu: “Hoje, veio a salvação a esta casa” (Lc 19:9). No caso de Cornélio, o Senhor lhe disse: “Envia varões a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro, o qual te dirá palavras com que te salves, tu e toda a tua casa” (At 11:13-14). Em ambos os casos, a casa de cada um deles estava conectada com a bênção. Esta verdade preciosa percorre por toda a Palavra de Deus, em todas as dispensações.

Que bênção maravilhosa pode resultar de um começo piedoso para uma criança! Os pais de Moisés foram capazes de ensiná-lo apenas em seus primeiros anos, mas como resultado, em anos posteriores, ele corajosamente “recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado” (Hb 11:24-25). Samuel passou apenas seus anos mais jovens com sua família, mas a forte e piedosa influência daquela casa foi sentida por toda sua vida. Timóteo nasceu de um casamento misto, pois seu pai era grego. No entanto, a fé de sua mãe e avó resultou em muita bênção em sua vida. Paulo se refere à sua “fé não fingida”.

Governo 

Por outro lado, se examinarmos a Escritura, descobriremos que, em todos os casos em que houve falha neste assunto, ela produziu seus próprios resultados sob o governo de Deus. Lemos sobre Eli que “fazendo-se os seus filhos execráveis [vis – JND], não os repreendeu” (1 Sm 3:13). Como resultado, eles morreram sob o governo de Deus e, no fim, sua família perdeu o privilégio de serem sacerdotes do Senhor (veja 1 Reis 2:27). Davi cometeu um grave pecado, e o Senhor lhe disse: “Não se apartará a espada jamais da tua casa” (2 Sm 12:10). Quatro de sua família morreram, sem dúvida sob o julgamento de Deus. Muitos outros exemplos de bênção e fracasso podem ser tirados da Escritura, mas estes são suficientes para demonstrar o princípio. A essência desta questão é esta: Muitas vezes os fracassos de meus filhos revelam as falhas não julgadas de minha própria vida, e Deus que é justo pode usá-las para me castigar, porque eu não julguei a mim mesmo.

Em conclusão, que nos lembremos que graça e governo são verdades que andam juntas. Uma não nega a outra. Assim, o pecado de Davi foi perdoado, mas ele sofreu sob o governo de Deus. A graça pode e irá restaurar, mas podemos ter que suportar consequências de nosso fracasso apesar da graça. Da mesma forma, nunca nos orgulhemos da maneira como administramos nossa casa, como se Deus nos abençoasse apenas por causa disso. Não, devemos lembrar que Deus abençoa com base na Sua graça soberana, e se há alguma bênção em nosso lar, vamos dar a Ele a glória por isso. Da mesma forma, Deus nos responsabiliza pelo modo como nosso lar é conduzido e trata governamentalmente conosco de acordo com nossa conduta no lar.

Diversos autores

Compartilhar
Rolar para cima