Origem: Revista O Cristão – Princípios do Lar

Ordem, Obediência e Amor

1 Coríntios 14:33 

Existem três grandes princípios divinos que devem caracterizar o lar Cristão, a saber: a ordem, a obediência e o amor. Não somente estes devem estar presentes em um lar Cristão, mas devem estar em equilíbrio adequado uns com os outros. Deus quer que essas coisas sejam uma parte integral de nosso lar, para que seja um farol de luz neste pobre mundo. No entanto, quantas vezes nosso lar deixa de refletir a luz celestial que brilhou em nosso coração (2 Co 4:6) porque temos negligenciado a Palavra de Deus e a comunhão com nosso Senhor!

A ordem, a obediência e o amor são inseparáveis, pois sem obediência e submissão, não pode haver ordem. Onde não há amor, não haverá obediência verdadeira e duradoura em unidade, e onde não há unidade, novamente não pode haver ordem.

Ordem 

Deus é um Deus de ordem. “Deus não é Deus de confusão” (1 Co 14:33). Desordem e confusão pertencem ao reino de Satanás e às trevas, mas Aquele que está revestido de honra e majestade, que “cobre-Se de luz como de uma veste”, não pode permitir desordem em Seu reino. Este estado seria totalmente inconsistente com a luz e depreciativo com a majestade. Quanto à Sua sabedoria divina, ela se expressa naquela perfeita ordem que caracteriza todos os Seus conselhos e obras. É esse princípio da ordem divina que permeia o universo. Quando consideramos os céus e o firmamento, descobrimos que sua linguagem testifica não apenas a glória de Deus, mas também o fato de que Deus é um Deus de ordem. Nós vemos a mesma coisa na criação inferior à nossa volta – tudo está na mesma ordem perfeita.

Da mesma forma, esse mesmo espírito de ordem e harmonia sopra em todas as páginas das Santas Escrituras, e isso é feito para que nossa vida diária tenha o mesmo espírito de ordem e harmonia. Certamente o Senhor Jesus, em Sua vida na Terra, sempre foi o modelo e expressão disso!

Agora, nesta dispensação da graça, o crente no Senhor Jesus é “abençoado com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Ef 1:3) e tem privilégios infinitamente mais elevados do que Israel no Velho Testamento. Em vista de tudo isso, o princípio de ordem de Deus foi colocado de lado ou relaxado? Pelo contrário, a riqueza de nossas bênçãos e a proximidade de nosso relacionamento celestial são as mesmas razões pelas quais a ordem é insistida ainda mais, seja na casa de Deus ou em nossa própria casa.

Pela palavra “ordem” entendemos a condição das coisas e das pessoas em que tudo e todos são encontrados, se movem ou atuam no lugar, na esfera e no tempo apropriados e designados. Desta forma, a ordem é um dos requisitos essenciais para a felicidade, prosperidade e sucesso humanos.

O espírito do mundo hoje é de revolução e mudança e, como resultado, a desordem tende a caracterizar o mundo ao nosso redor. É triste dizer que esse espírito de desordem está aparecendo não apenas no mundo, mas também entre os Cristãos em toda parte. Sem dúvida, a causa final disso é o espírito de desobediência, orgulho e independência. Isso nos leva a uma consideração do segundo princípio divino que mencionamos – a obediência.

Obediência 

O primeiro pecado que entrou neste mundo foi a desobediência. Ele fez do mundo o que ele é hoje – um lugar de violência e corrupção, tristeza, morte e, finalmente, julgamento. Antes do pecado do homem no Jardim do Éden, foram o orgulho e a desobediência que levou Satanás à sua queda. Esse pecado de desobediência o transformou em um arqui-enganador e o pai da mentira.

Por outro lado, aqueles anjos que não caíram são mencionados no Salmo 103:20 como aqueles que são “magníficos em poder, que cumpris as Suas ordens, obedecendo à voz da Sua Palavra”. Sua força é combinada com a obediência, em contraste com os anjos caídos, cuja força é combinada com a desobediência.

Embora a desobediência tenha sido o primeiro pecado, resultou em um segundo pecado terrível que teve sua origem no primeiro. Foi o pecado da autossuficiência e independência que foi mostrado em Caim e, finalmente, tornou-se característica do sistema mundial que ele deu início. Combinado com este pecado há inveja e ódio contra tudo o que é bom e correto, e sabemos que isso resultou no homicídio cometido por Caim contra seu irmão Abel por nenhuma outra razão a não ser que Deus atentou para a oferta de Abel. Assim, vemos que a desobediência é mais séria e tem consequências de maior alcance.

Em contraste, quais foram os motivos no coração do Senhor Jesus, quando Ele veio a este mundo? Ele veio em perfeita submissão, perfeita obediência e como o Homem perfeito e dependente. Pela Sua obra na cruz do Calvário, Ele nos redimiu do “presente século mau” e nos trouxe para a família de Deus. Deus espera que Sua família seja caracterizada por aquela obediência e dependência que foram exibidas de forma tão completa por Seu Filho amado. O lar Cristão deveria, portanto, ser caracterizado pela obediência e submissão, e não pela vontade própria e desobediência que é o caráter do mundo de Caim. Certamente, não há nada tão difícil para o coração do homem natural quanto obediência e submissão a outro. Seu coração se rebela contra isso mais do que qualquer outra coisa. Mas Deus não nos exorta simplesmente à obediência, antes, Ele introduz outro princípio divino – o amor.

Amor 

Ao falar de todos os princípios da verdade divina, devemos manter o espírito de julgamento próprio diante de nós, considerando nosso fracasso individual em tudo isso. Certamente isso vale para a ordem e a obediência, mas talvez ainda mais quando consideramos o amor. Foi a intenção de Deus que o testemunho dos crentes a este mundo fosse que eles se amassem “uns aos outros” (Jo 13:35). Todos concordamos que fracassamos nisto, e talvez também fracassemos na exibição de amor em nossa vida doméstica.

Sabemos que “Deus é luz” e que “Deus é amor”. É importante reconhecer que a luz e o amor estão intimamente ligados e são inseparáveis. João escreve: “Aquele que ama a seu irmão está na luz, e nele não há escândalo [tropeço – ARA] (1 Jo 2:10). Nosso Deus não apenas brilhou em nosso coração para dar a luz do conhecimento da glória de Deus na face de Jesus Cristo, mas Ele também derramou em nosso coração Seu amor, por meio do Espírito Santo que nos foi dado. O Senhor Jesus, quando esteve na Terra, sempre foi a exibição da luz e do amor de Deus, e é apenas caminhando com Ele que seremos capazes, em alguma medida, de fazer o mesmo.

Ao fixar nossos olhos na glória de Cristo, seremos capazes de tratar o “eu” (que é o oposto e opositor ao amor) como uma coisa julgada e condenada. O amor é totalmente oposto ao “eu”. O amor se esquece de si mesmo para pensar apenas em seu objeto. Assim como a luz não pode ser escondida, o amor também não pode ser escondido. Ele quer e procura por um objeto, a fim de tornar o objeto tão feliz quanto ele mesmo. Não pode estar fechado em si mesmo, mas sai em direção ao seu objeto, para gastar-se sobre ele. Assim, vemos, por exemplo, em Efésios 5, ser trazido o caráter da luz e do amor divinos, e sua manifestação na caminhada daqueles que pertencem à família de Deus.

No lar Cristão, o amor será o elo que une a ordem e a obediência no caminho correto. Onde o amor é mostrado, a obediência será a feliz resposta a esse amor, e se a correção for necessária, o objeto dessa correção verá claramente que o amor é o motivo por trás dela. Onde o amor é o caráter do lar, a ordem ainda será insistida, mas todos na casa perceberão que a ordem é mantida por causa desse amor e é para o bem de todos.

Tudo mantido em equilíbrio 

O lar Cristão deve ser caracterizado por um entrelaçamento de ordem, obediência e amor. Essas coisas devem ser mantidas em equilíbrio, e somente andando com o Senhor, seguindo a Sua Palavra, e pela orientação do Espírito Santo que isso pode ser feito. Uma ênfase exagerada na ordem e na obediência, mas sem amor, produzirá rebelião. Uma ênfase no amor com a exclusão da obediência e da ordem não é amor verdadeiro, mas sim um amor a si mesmo que se recusa a tomar o tempo e o esforço necessários para insistir no comportamento adequado. Tal atitude produzirá o caos e, em última instância, um desprezo pela autoridade que se recusa a estabelecer diretrizes e a ver se são seguidas.

Não há dúvida de que todos os que lerem estarão cientes de suas próprias deficiências, e certamente todos tomaríamos nosso lugar ao admitir nosso fracasso. Contudo, não desanimemos, mas peçamos ao Senhor a graça para modelar nosso lar de acordo com o padrão da Escritura e de acordo com Aquele que é perfeito e que é sempre nosso exemplo!

Adaptado de Light in Our Dwellings

J. A. vonPoseck

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