Origem: Revista O Cristão – Jonas
A Profecia de Jonas
“O profeta Jonas”. Esta foi a descrição do próprio Senhor em Mateus 12:39, mas aquele que lê de maneira mais superficial pode perguntar “onde estão as profecias?” Certamente o livro de Jonas difere em caráter daqueles como Isaías e outros profetas. Suas ricas e completas manifestações de glórias ainda por vir estão faltando nos capítulos de Jonas, todavia a profecia está lá. O fato é que o próprio homem e o notável tratamento com que Jeová lidou com ele constitui a profecia, e uma profecia de caráter profundo e interessante. Nesta testemunha infiel, Deus nos ilustra Seus caminhos com a nação infiel à qual o profeta pertencia. Então existe tanto uma profecia quanto instruções morais no livro de Jonas. É uma profecia em figura.
A Palavra do Senhor
“E veio a palavra do SENHOR a Jonas, filho de Amitai, dizendo: Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até Mim” (Jn 1:1-2). Mensagens já haviam sido confiadas a Jonas da parte de Jeová para Israel (2 Rs 14:25). Agora ele tem a função específica de ser mandado “aos gentios de longe” (At 22:21).
É uma honra indizível ser mensageiro de Deus em qualquer momento. Jonas, entretanto, não estava contente de ser mandado para pregar aos gentios. Ele, de bom grado, havia sido o porta-voz de Deus para proclamar coisas boas para sua própria nação, mas à uma nação estrangeira – um poder perigosamente hostil para Israel – já era outra questão! Mesmo depois de o Espírito Santo ter vindo do céu depois da exaltação do Senhor Jesus, Pedro tinha dúvidas a respeito de levar a mensagem do evangelho à guarnição romana em Cesareia (At 10). Até mesmo Cristãos, mesmo que divinamente separados do mundo pela graça e unidos a Cristo no céu, são às vezes influenciados pelo que está sendo dito e feito ao seu redor. Quão devagar somos para aprender o bendito significado do “todo aquele” de Deus! O coração de Deus com certeza vai de encontro igualmente a homens de vários países e origens, e Ele deseja que “sejam salvos, e que cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1 Tm 2:4 – TB).
A atitude de Jonas
Jonas, ao escutar a Palavra de Jeová, traçou sua rota para Jope. Ele iria fugir de Sua presença! Esforços vãos! Mas porque Jonas recusou a comissão divina de ir pregar aos homens em Nínive? A conhecida bondade de Deus era sua dificuldade, como vemos em Jonas 4:2. Ele estava certo de que se os ninivitas se arrependessem de suas impiedades, Deus demonstraria misericórdia. Jonas sentiu que sua dignidade seria afetada se ele proclamasse um julgamento que não fosse executado. Seria preferível deixar uma vasta cidade perecer do que sua credibilidade sofrer danos! Parece quase inacreditável que um homem nascido do Espírito poderia ser tão cheio de si e se comportar de maneira tão desprezível! Esta história, contada de forma tão simples, foi escrita como um aviso para todos nós. Se perdermos a comunhão com Deus, Sua terna compaixão se tornará estranha para nós. Sentimentos endurecidos se formam, e nos comportamos de maneira abominável. Com certeza encontraremos Jonas na glória de Deus em breve (que era um pecador salvo por graça, assim como nós), mas enquanto isso, procuremos ser o mais diferente possível dele em nosso serviço e testemunho para Deus.
Circunstâncias providenciais
Parece ser uma providência que um navio estivesse prestes a partir para Társis quando o desobediente profeta chegou a Jope, mas as circunstâncias nem sempre são um guia seguro para os santos de Deus. Que nunca nos esqueçamos disto! Não se pode concluir, pelo fato de as circunstâncias se encaixarem perfeitamente com nossos desejos, que Deus tenha ordenado tais coisas para nós. Jonas, cansado de sua jornada, desceu ao porão e logo adormeceu. “Mas o SENHOR mandou ao mar um grande vento, e fez-se no mar uma grande tempestade, e o navio estava para quebrar-se” (Jn 1:4). Tempos depois, Paulo foi exposto a uma grande tempestade no mesmo mar Mediterrâneo, mas o contraste entre Paulo e Jonas quando o perigo veio é muito impressionante (At 27). O apóstolo estava viajando em direção a Roma de acordo com a Palavra do Senhor em Atos 23:11, “Paulo, tem ânimo! Porque, como de Mim testificaste em Jerusalém, assim importa que testifiques também em Roma”. Com estas palavras soando em seus ouvidos, Paulo agiu confiantemente. Sua dignidade moral em meio à tempestade foi excepcional. Ele quase tomou o comando do navio, mesmo que o mestre e o piloto estivessem a bordo. “Fora, na verdade, razoável, ó varões, ter-me ouvido a mim”, ainda que Paulo não fosse um passageiro qualquer; ele era um passageiro em custódia! Em contraste, Jonas foi uma figura má entre seus companheiros de navio, e ele mereceu completamente toda a repreensão do mestre (Jn 1:6).
Que nós não percamos a lição deste contraste. Um Cristão que anda em comunhão com Deus está em um nível mais alto, mas um Cristão sem comunhão é uma demonstração degradada. Os homens respeitaram a um, porém desprezaram o outro. Um será uma benção para os homens, mas o outro será uma pedra de tropeço ou até mesmo uma maldição!
