Origem: Revista O Cristão – Revelação Progressiva
Os Progressivos Caminhos de Deus na Vida de Abraão
Abraão marca uma fase importante da revelação progressiva de Deus, pois com ele começa a dispensação da promessa. Mas meu propósito neste artigo é apresentar, na escala menor da vida pessoal de Abraão, a maneira progressiva pela qual Deus Se agradou em Se revelar a este santo tão abençoado. Desse ponto de vista, sua vida está repleta de preciosas instruções práticas para a vida pessoal de cada um de nós.
O Todo-Poderoso
Abraão foi chamado para fora de sua terra e parentela para ir para um lugar completamente desconhecido para ele e onde não lhe foi dada “herança, nem ainda o espaço de um pé” (At 7:5). Ele foi chamado para permanecer naquela terra (no que ele falhou a princípio, descendo ao Egito por um tempo) e para resistir às diferentes tentações relacionadas à sua posição de estrangeiro e peregrino. Para isso, Deus Se revelou a ele como o Todo-Poderoso, o Possuidor do céu e da Terra, o que o tornou consciente de sua alta posição e das bênçãos com as quais ele foi enriquecido. Tendo o Altíssimo como seu Deus, o Possuidor de tudo no céu e na Terra, tudo o que o mundo, na pessoa do rei de Sodoma, pudesse oferecer perdeu seu valor para Abraão (Gn 14:18-24).
Teu grandíssimo galardão
No capítulo 15:1, Deus fala a Abraão em uma visão: “Eu sou o teu escudo e o teu grandíssimo galardão”. Essa nova revelação de Deus a ele implicava a vinda do herdeiro, como a resposta de Abraão mostra claramente. Mas o homem de Deus era velho, e sua esposa também, então como isso poderia acontecer? Agora Deus Se revela a ele como Aquele que “vivifica os mortos, e chama as coisas que não são como se já fossem” (Rm 4:17). Abraão creu em Deus, pois, apesar de tudo isso, o olho natural era obviamente contrário à promessa de Deus. Portanto, “de um, e esse já amortecido, descenderam tantos, em multidão, como as estrelas do céu, e como a areia inumerável que está na praia do mar” (Hb 11:12).
Seu andar agora deveria ser marcado e estar em pleno acordo com aquela nova revelação de Deus: “Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em Minha presença e sê perfeito”. Uma observação aqui sobre o andar seria pertinente. Nosso andar deve ser tanto diante de Deus quanto com Deus. Andar diante de Deus é andar de acordo com a revelação que Deus fez de Si mesmo e de Sua vontade em qualquer dispensação. Andar com Ele é andar de acordo com Seu caráter e traços morais, que nunca mudam e são comuns a qualquer dispensação. Esses dois princípios devem ser distinguidos, mas não separados, e mantidos em equilíbrio adequado em nossa vida como crentes.
O Deus da glória e da ressurreição
No entanto, para que essa revelação progressiva fosse levada um passo adiante, Deus precisava Se revelar a Abraão como Aquele que não apenas pode dar fruto ao que naturalmente parece morto e estéril, mas também como Aquele que pode trazer vida da morte, como o Deus da ressurreição. Isso é ilustrado de forma bela no conhecido capítulo 22 de Gênesis. Ali, o herdeiro está figurativamente passando pela morte e, também figurativamente, é recebido de volta ressuscitado dos mortos. Abraão aprende a verdade fundamental (tão difícil de aprender e tão fácil de esquecer) de que não poderia haver bênção alguma para o homem, exceto por meio da morte e ressurreição do bendito Substituto que o próprio Deus proveu.
Em seu relato inspirado, em Atos 7:2, Estêvão nos diz que “o Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão, estando na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã”. Vemos que sua história como crente começa com o Deus da glória e termina, por assim dizer, com o Deus da ressurreição. O propósito de Deus para Abraão, e para nós também, é “alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo” (2 Ts 2:14). Mas essa glória não seria possível para nós sem a morte e ressurreição de Seu Filho, de acordo com a ordem que encontramos em Romanos: “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus… [Ele] dentre os mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor; O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação… [Nós] nos gloriamos na esperança da glória de Deus” (Rm 3:23, 4:24-25, 5:2).
Agora conhecemos a Deus como nosso Pai
É maravilhoso testemunhar a paciência e a bondade amorosa de Deus ao conduzir Abraão por todas essas várias experiências, dando-Se a conhecer a ele de forma progressiva e enchendo sua alma de confiança, paz e adoração. É isso que Ele deseja hoje para cada um de nós também, e certamente é capaz de fazê-lo. Devemos apenas ter em mente que, em contraste com Abraão, O temos plenamente revelado como nosso Pai, e isso por meio de Seu Filho amado, nosso Senhor Jesus Cristo. Não esperamos por nenhuma revelação adicional nesse sentido. Mas sempre haverá espaço para conhecê-Lo melhor e nos aproximarmos d’Ele em nossa experiência pessoal. Precisamos, segundo o exemplo de Abraão, confiar e obedecer a Deus, separar-nos do mal e cultivar comunhão com Ele, para que possamos crescer “na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo” (2 Pe 3:18).
E. Datcu