Origem: Revista O Cristão – Propiciação e Reconciliação

Reconciliação

“Deus estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões; e nos encarregou da palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores por Cristo, como se Deus por nós vos exortasse. Rogamo-vos, pois, por Cristo que vos reconcilieis com Deus” (2 Co 5:19-20 – AIBB).

O homem se afastou de Deus e se tornou Seu inimigo. Ele precisa de reconciliação. Satanás procura levar o pecador a acreditar que Deus é contra ele e que ele precisa ser propiciado pelas boas obras – daí a vasta quantidade de ações religiosas na carne. Milhares procuram se reconciliar com Deus por seus esforços carnais de serem bons e religiosos. Mas a Palavra de Deus mostra claramente que é o homem, o pecador, que precisa se reconciliar a Deus, e não Deus com o pecador. Há uma diferença entre os dois.

Inimizade do homem 

A inimizade total do homem contra Deus, na Pessoa de Cristo, veio à tona na cruz. Colocada à prova de várias maneiras por cerca de quatro mil anos ou mais, a cruz manifestou completamente a condição do pecador como inimigo de Deus. Enquanto Deus estava em Cristo, reconciliando o mundo Consigo mesmo, sem lhes imputar suas ofensas, descobrimos que o mundo em geral recusou a bondade de Deus e crucificou Seu Filho. E enquanto a cruz de Cristo, por um lado, sela a condenação do mundo, por outro, é a expressão do maravilhoso amor de Deus ao homem. É a base sobre a qual Deus em justiça agora envia a palavra de reconciliação. Paulo e outros a declararam nos primeiros dias do Cristianismo, e é um privilégio dos servos de Deus anunciar agora as mesmas notícias abençoadas a todos, de acordo com a capacidade dada.

Portanto, Deus, em graça, agora adotou a atitude de suplicar aos pecadores para se reconciliarem a Ele. O apóstolo, unindo seus companheiros a si mesmo, diz: “De sorte que somos embaixadores por Cristo, como se Deus por nós vos exortasse. Rogamo-vos, pois, por Cristo que vos reconcilieis com [a – JND] Deus” (2 Co 5:19-20 – AIBB). O pecador deve ser reconciliado no dia de Sua graça ou estar, em seus pecados, diante de Deus para julgamento no futuro. Será tarde demais para ser reconciliado então. “Eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação” (2 Co 6:2 – ARC).

Deus glorificado 

Deus, tendo sido glorificado na obra consumada da cruz, ressuscitou Seu Filho dentre os mortos. A graça agora reina, e todos os que vêm a Ele em julgamento próprio, pela fé em nome de Seu Filho, são justificados e reconciliados. Quando nosso Senhor esteve na Terra, nos deu uma ilustração marcante da maneira de nossa reconciliação a Deus, na história do filho pródigo. Nesse mundano insatisfeito e ímpio, Jesus ilustrou a condição moral dos publicanos e pecadores daquele dia, mas também expôs o estado do mundo não convertido sem Deus no presente. Reduzido à mendicância e miséria por causa de seu próprio pecado e tendo falhado em seus próprios esforços para remediar sua condição, ele decidiu voltar a seu pai e confessar seu pecado. “E, levantando-se quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou” (Lc 15:20). Bela imagem da reconciliação do pecador a Deus! Tome seu lugar diante d’Ele, como o filho pródigo, em julgamento próprio e confissão, caso você nunca fez isso antes, e você será reconciliado da mesma maneira. Se você procura se justificar, é como os fariseus e escribas ilustrados no filho mais velho, e será encontrado fora do local de bênção. Mas se você vier a Deus, como o pródigo se levantou e veio a seu pai, você se encontrará como o objeto de Seu amor e Seu Espírito, testemunhando com seu espírito que você é um filho de Deus. E, a partir de agora, “Abba, Pai” será seu clamor.

A maneira da reconciliação 

Vamos nos deter um pouco sobre a maneira dessa reconciliação. Cinco coisas podem ser especialmente notadas. O pai viu, compadeceu-se, correu para se encontrar, abraçou e beijou o filho. “E, quando ainda estava longe, viu-o seu pai”. Ocupado com aquele que há muito tempo estava perdido, o pai estava à espera de seu retorno. Seus olhos se fixaram nele à distância. Reconhecendo a forma conhecida, o coração seguiu o olhar e encheu-se de compaixão por seu filho. O amor apressou imediatamente os pés e ele correu para encontrá-lo. E ali, assim como ele estava em toda a sua miséria, o amor se satisfez envolvendo o perdido em seu afetuoso abraço. Seus olhos viram, seu coração se compadeceu, seus pés se apressaram, seus braços o abraçaram e seus lábios o cobriram de beijos.

O filho confessa seu pecado, mas ele é interrompido pelo pai antes que ele possa falar sobre ser um dos empregados contratados (Lc 15:18-23). Ele foi recebido e tratado como um filho. Nenhuma palavra de censura escapou dos lábios de seu pai amoroso. Seu retorno e sua confissão testemunharam seu arrependimento e imediatamente um coração de amor concede abundantemente tudo sobre o objeto de sua afeição. Este é o modo de agir do amor.

Bendito triunfo da graça! Bela imagem da graça de nosso Deus! O que você sabe sobre tudo isso? Você já julgou e confessou o passado? Você sabe o que é ser reconciliado a Deus, abraçado por Seus braços eternos? Os beijos de paz e reconciliação foram impressos em sua bochecha? “Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado” (Rm 4:7-8). Acaso você também conhece a bem-aventurança de ser incluído nesse versículo precioso: “Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com [a – JND] Deus pela morte de Seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela Sua vida” (Rm 5:10)? Nesse caso, você também pode juntar-se a todos os Seus, acrescentando: “E não somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo Qual agora alcançamos a reconciliação” (Rm 5:11).

E o pai disse aos servos: “Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés; E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos” (Lc 15:22-23). A graça superabunda. Somente o melhor de tudo para o reconciliado satisfará o coração do pai. Não era uma questão de seus méritos, mas um coração de amor encontrando sua gratificação na bênção de seu objeto. Maravilhosa graça! E este é o modo de agir do nosso Deus! Tudo o que o amor pode pensar e a graça conceder é colocado abundantemente sobre todo pecador que retorna a Ele. Vestido com a melhor túnica do céu, selado com o Espírito Santo para o dia da redenção, preparado para andar diante d’Ele, agora é o gozo e o privilégio de todo filho de Deus se deleitar com um Pai amoroso nas abundantes riquezas de Sua graça. “Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor” (Rm 5:20-21).

Esta é a maneira da reconciliação do pecador a Deus. Você está reconciliado? “Se Tu, SENHOR, observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá?” (Sl 130:3).

E. H. Chater

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