Origem: Revista O Cristão – Coração

Propósito de Coração para Cristo

O que precisamos entre nós é propósito de coração. Não precisamos de mero conhecimento, mas de propósito de coração, individualidade de amor para com Cristo; [precisamos] que Ele, e somente Ele, seja a estrela polar atraindo o nosso coração inteiro a Ele enquanto atravessamos o deserto. Temos dois belos eventos disso em João 12 e 20.

Dois belos exemplos 

Com Maria de Betânia, não havia luz incomum ao sentar-se aos pés d’Ele; ela simplesmente amava seu Senhor. Em João 12:3, ela deu uma expressão, das mais caras, de seu amor; não apenas o unguento, mas ela enxugou os pés d’Ele com seus cabelos, e “encheu-se a casa do cheiro do unguento”. Na mente de Maria, havia somente um pensamento, e somente uma Pessoa presente podia ler o enigma de seus estranhos atos. O que ela queria era perfumar? Não, o apego pessoal apenas ao Senhor e o coração inclinado a Deus para saber o que fazer para expressá-lo levaram-na a ouvir d’Ele como pôr a honra em Jesus. Seu pensamento foi: “Qual a coisa mais cara que posso dar a Ele?” [Com] Judas foi completamente o oposto: “Quanto posso colocar na bolsa?” Ambos falaram do que estava cheio o coração.

Então, ela recebeu essa orientação de Deus! Com toda a sua mente voltada para Cristo, Deus sugeriu ao coração dela o ato adequado. O poder do Senhor permitiu que ela experimentasse algo novo. Oh, que coisa bela é o andar de alguém cheio de Cristo! Um canal preparado por Deus para Seus próprios propósitos. O que poderia ter sido mais sábio? Foi num belo momento oportuno também. Deus honra Seu povo permitindo que o propósito amoroso de Seu povo faça exatamente o que Ele deseja para Seu Filho. Maria fez exatamente aquilo que mostrou que ela estava em comunhão prática, porque Cristo era o objeto.

Maria Madalena 

Onde há propósito de coração, ele é levado a um lugar de privilégio muito abençoado (João 20). Quanto a Maria Madalena, seu pensamento foi: “Meu Senhor está sepultado; eu irei visitar o local”. Mas todas as suas esperanças foram destruídas quando ela descobriu que a pedra havia sido removida. Por isso, ela foi até os discípulos, dizendo, com efeito: “Perdemos o Objeto de nosso amor”.

Os discípulos não tinham o propósito de coração que Maria tinha (v. 10). “Tornaram, pois, os discípulos para casa”; isso mostra quão baixo em amor até mesmo os melhores de Seus discípulos estavam. O lar de Maria era o sepulcro de seu Senhor! Nenhuma afinidade ou interesse estava em outro lugar, e ela ficou imóvel no local. Sem dúvida, o Senhor a manteve lá para que ela colhesse a recompensa de seu amor incansável.

Cristo era o que a atraía mais do que qualquer outra coisa; os anjos não a surpreenderam (v. 12). O que eram eles diante d’Aquele que ela queria? Nada podia afastá-la. A agulha de sua bússola era inteiramente fiel a um ponto; sua alma estava num estado em que tudo que honrava a Cristo passava diante dela. E os anjos extraíram dela a fonte de sua tristeza: […] meu Senhor”, como se fosse somente dela.

Um Objeto procurado 

Que cena comovente se segue (vs. 14-15). O Senhor, ressuscitado da sepultura, ciente do estado de todos os Seus discípulos, viu aquela mulher absorta n’Ele, e Ele Se comunicou com ela para lhe provar que Seu amor por ela era maior do que o dela por Ele. “A quem procuras?” (v. 15 – ARA) “Senhor, se tu O tiraste, dize-me onde O puseste, e eu O levarei”. Mesmo morto, ela ainda queria tê-Lo. E Ele disse: “Maria”. O que quer que houvesse naquela palavra, qualquer que tenha sido a maneira de chamá-la, ela se virou dizendo: “Mestre!” Ela agora tinha um Cristo vivo. Ela ganhou o lugar de mensageira da ressurreição – bendito privilégio! Como ela ganhou? Com pleno propósito de coração, tão ocupada com o Senhor que ela estava acima de todos os outros objetos, e nem os anjos nem os discípulos a desviaram. Que firmeza de coração ela deve ter tido ao sair com a mensagem para alegrar e consolar os discípulos! Ali estava sua recompensa; durante todo o tempo, ela não pensou em devoção pessoal; ela pensou em Cristo. Ele tinha seu coração. Se seu olho é bom, ter um objeto e segui-lo são duas coisas que você não consegue separar.

“Não Me detenhas […], mas vai ter com os Meus irmãos”. Ressuscitado, Ele poderia reconhecê-los nesta nova relação. “Meu Pai e vosso Pai; e […] Meu Deus, e vosso Deus” – bendita posição dos filhos de Deus trazida no Pentecostes! Uma mulher recebeu essa verdade antes de todos, simplesmente por um propósito de coração, [para] além da fé. Ele mesmo, como objeto de adoração no céu, é algo que aumenta a quantidade de verdade revelada, Deus encontrando e levando almas ao propósito de coração, a locais aonde Cristo chegou. O conhecimento é inútil sem o coração, mas eles não devem estar separados. Eu preferiria ter menos conhecimento, mas real propósito de coração por Cristo e o próprio Cristo.

Essas mulheres no túmulo de nosso Senhor não são vasos para ser apresentados exteriormente, mas Cristo tinha que ser ungido para Seu sepultamento. Ele tinha que ter alguém para olhar Seu túmulo, e Deus as usou para honrá-Lo. Esses são, talvez, os dois maiores exemplos de Cristo atraindo o coração após Ele, e elas seguindo com propósito de coração; por isso, Deus as usa para ungir Cristo e saudar Seu Filho após Sua ressurreição. Oh, que haja mais propósito de coração por Cristo entre todos os filhos de Deus!

Bible Herald, 1877 (adaptado)

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