Origem: Revista O Cristão – Os Olhos

O Quadro de Uma Vida

A sua vida, como você a está pintando? Para a luz do tempo ou da eternidade, para os olhos de Deus ou dos homens, para o céu ou para a Terra? Um tempo atrás, eu estava diante de uma obra-prima de Landseer (um pintor inglês do século XIX) que retratava um desgrenhado pônei da montanha deitado na grama. Examinei-a de perto, e ela parecia nada mais que uma massa mal-acabada de borrões e pinceladas. Ao me afastar cerca de uns seis metros, os borrões e pinceladas desapareceram, e o efeito era perfeito; a crina esgrouvinhada na verdade parecia se destacar das costas do pônei, tão realista era a imagem. Portanto, é muito importante olhar para uma pintura a partir da distância certa.

Se eu encomendo uma obra de um artista, ele precisa saber se o que se quer é um fino quadro de gabinete que será examinado de perto, ou uma grande pintura para uma galeria. Em um caso, ele pintará todos os detalhes com o maior cuidado e de forma minuciosa; no outro, ele usará suas cores amplamente e com ousadia, para efeito a distância.

A tela da nossa vida 

Agora a aplicação disso. Cada um de nós está preenchendo a tela da própria vida, e, assim que o quadro for concluído, ele passará por revisão perante o tribunal de Cristo antes de ser pendurado nos átrios lá do alto. À luz desse trono, ele será examinado de perto, pincelada por pincelada; nada escapará. A vida de muitos Cristãos faz um quadro muito satisfatório perante seus semelhantes, mas que terá, infelizmente, uma aparência diferente naquele grande dia perante o trono.

Paulo sentiu tudo isso e pintou o seu quadro para Deus, não para o homem. “Somos manifestos a Deus”, “a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós … pois Quem me julga é o Senhor” (2 Co 5:11; 1 Co 4:3-4). Palavras como essas nos falam da luz segundo a qual o artista trabalhou e dos olhos para os quais ele pintou.

A luz da Sua presença 

Um homem deve pintar seu quadro de acordo com a luz em que este será mostrado. Se será visto de dia, deve ser pintado de dia; se por luz artificial, deve ser pintado de noite. Se o nosso quadro da vida será visto por Deus, ele deve ser pintado à luz da Sua presença. Será que todos nós não trabalhamos demais à luz do tempo do homem, pelo presente louvor uns dos outros?

Se vivermos para a aprovação do homem, provavelmente a conseguiremos, e o aplauso e estima que cobiçamos serão nossos. No entanto, lembre-se dessas solenes palavras, repetidas três vezes pelo Senhor ao falar dos antigos fariseus – “Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. A sentença pronunciada sobre todos os que assim buscam o louvor dos homens é: “Vós não tendes recompensa de vosso Pai, que está nos céus” (Mt 6:1-2, 5, 16).

Todos temos de encarar a pergunta. Nós pintamos nosso quadro para o tempo ou para a eternidade; para qual deles então trabalharemos? Busquemos, enquanto cobrimos a porção diária da tela da nossa vida, aplicar cada pincelada à luz do tribunal vindouro. Melhor ainda, deixe Deus guiar o pincel e movê-lo e direcioná-lo como Ele quiser, pois, somente se Ele trabalhar em nós “tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade”, é que nossa vida encontrará Sua aprovação.

Os olhos de Deus 

Nada a não ser a obra de Deus satisfará os olhos de Deus. Mesmo nas coisas naturais, a mais perfeita obra do homem é cheia de falhas. Ninguém que tenha visto pelo microscópio o tecido mais fino que pode ser produzido, comparado com algo como a asa de uma borboleta (onde os grãos de pó são vistos como fileiras das mais belas penas em miniatura, cada uma pendurada em um pino de cristal), poderá esquecer a diferença entre a obra do homem e a obra de Deus. Que se entenda uma coisa: podemos pintar o nosso quadro para se adequar à presente noite do homem ou ao dia eterno de Deus, mas não podemos pintar para ambos.

O tamanho da nossa tela 

Um pensamento solene permanece; não sabemos o tamanho da nossa tela. A sua pode estar quase coberta, e você não sabe. Busquemos, então, a partir deste dia, viver, andar e trabalhar apenas para os olhos de Deus, para que haja ao menos algumas pinceladas que resistirão à luz do tribunal de Cristo. O olho verdadeiramente espiritual discernirá o seu objeto e o aprovará; e o seu galardão eterno será certo.

Que momento de surpresas será aquele dia! O nome de um homem pode estar na boca de milhares enquanto ele pinta seu quadro da vida por popularidade. Pode ser que, descobrindo o seu erro a tempo, talvez ele tenha terminado sua vida [pintando] para os olhos de Deus. Que quadro será esse no céu! Uma metade, todos os borrões e cores que não resistirão à luz, e a outra (desconhecida pelo homem), radiante com a beleza de Cristo, que será toda exibida lá. Que todos nós possamos acordar para viver para Deus, e para a eternidade em temor diante d’Ele, e para o Seu louvor somente.

Christian Truth, Vol. 20

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