Origem: Revista O Cristão – Ovelhas e Cordeiros
Quatro Aspectos do Cordeiro
Vejamos quatro aspectos diferentes do Senhor Jesus Cristo sob o título de “Cordeiro”. João Batista disse: “Eis o Cordeiro de Deus” (Jo 1:29). Um cordeiro é o símbolo de mansidão, gentileza, e humildade, de modo que o bendito Senhor Jesus foi caracterizado por essas qualidades. Ouça Suas próprias palavras: “Sou manso e humilde de coração: e encontrareis descanso para a vossa alma” (Mt 11:29). Mais do que isso, o Senhor poderia desafiar Seus inimigos com a pergunta: “Quem dentre vós Me convence de pecado?”. Havia absoluta perfeição n’Ele.
A caminhada do Cordeiro
Traçar o caminho do Senhor atrai o coração em louvor e adoração. Foi “olhando para Jesus enquanto Ele andava” (JND) que fez brotar de João a exclamação: “Eis o Cordeiro de Deus”. Ele viu a dignidade e a beleza moral de Seu andar, e Seus caminhos proclamaram Sua Divindade. No ministério, apresentar a Pessoa do Senhor Jesus sempre traz consigo uma bênção.
Primeiramente O temos habitando com o Pai desde toda a eternidade. Então, tendo em vista a obra da redenção, Ele Se tornou um Homem. Ele não desprezou o ventre da virgem, nem a manjedoura em Belém, nem as circunstâncias de vergonha e sofrimento incidentais ao Seu caminho de amor abnegado. Ele é reconhecido pelo idoso Simeão nas memoráveis palavras: “Já os meus olhos viram Tua salvação”.
Mais uma vez, vemos Jesus aos 12 anos de idade, na presença dos anciãos, “ouvindo-os e interrogando-os”. Passam anos, e O encontramos batizado por João no Jordão, e uma voz do céu Lhe dizendo: “Este é o Meu Filho amado, em Quem Me comprazo”. E, por último, temos Seu maravilhoso testemunho de três anos e meio, em que Ele continuamente andou fazendo o bem. Ele Se tornou um Homem para que pudesse revelar o Pai.
A obra do Cordeiro
No segundo aspecto, é a mesma introdução, apenas outro elemento é revelado – o de Emissário do pecado. Ele era o Cordeiro de Deus, o Cordeiro provido por Deus para atender às reivindicações de Deus. Podemos pensar que foram nossos pecados que O trouxeram, mas foi Deus Quem O deu. O amor está do lado de Deus, e Ele deu Seu Filho.
O sacrifício se liga à palavra “cordeiro” na Escritura, e o Cordeiro de Deus Se tornou o Emissário do pecado. O Senhor Jesus carregou os pecados dos crentes, mas aqui lemos sobre o “pecado do mundo” – um pensamento mais amplo do que os pecados dos crentes. Assim, lemos em Colossenses 1:20, “E que, havendo por Ele feito a paz pelo sangue da Sua cruz, por meio d’Ele reconciliasse Consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na Terra como as que estão nos céus”. Assim, em Hebreus 9:23, “as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem”. Isso ajuda a explicar a expressão “pecado do mundo”. A obra para realizar isso foi feita, mas no novo céu e na nova Terra a justiça habitará. Então veremos os resultados completos da cruz, a expulsão eterna do pecado daquela nova criação onde “tudo provém de Deus”.
Enquanto isso, por meio da obra do Cordeiro de Deus, o perdão dos pecados é pregado, e todo aquele que n’Ele crê é justificado de todas as coisas.
A adoração ao Cordeiro
Em Apocalipse 5:11-12, encontramos o terceiro aspecto do Cordeiro: “E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões, e milhares de milhares, que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças”.
Esta é uma cena diferente; não é um Cordeiro sobre o altar, mas um Cordeiro adorado pelas hostes do céu, mas o mesmo Cordeiro. Outrora objeto de desprezo e ódio, Ele é agora o centro da adoração universal!
Uma vez dobraram os joelhos diante d’Ele em zombaria e desprezo orgulhoso; agora se prostram diante d’Ele em adoração. Certa vez, quando na cruz do Calvário “assentados, O guardavam ali”; agora círculos concêntricos de criaturas vivas, anciãos e miríades de anjos se prostram diante do entronizado Cordeiro de Deus. Ele estava em fraqueza aqui, mas exerce poder lá. Que mudança para o Cordeiro! Da cruz de vergonha ao trono da glória. Ele merece tal exaltação!
Alguns podem não saber o que é adoração. Você acha que é apenas ficar de joelhos e fazer suas orações, ou vir ouvir o evangelho ser pregado? Na oração, você pede o suprimento da necessidade e, ao ouvir, vem para receber instruções. Mas na adoração a alma dá a Deus aquilo de que Ele é digno. Cristãos talvez ajam mais como pedintes do que como adoradores. Podemos ter nossas necessidades, mas a adoração é o prazer da companhia de Deus – é devolver a Ele o que Ele me deu primeiro. O Pai conhece nossa necessidade, mas procura adoradores. Queridos companheiros Cristãos, que nosso coração flua com correntes de gratidão.
A ira do Cordeiro
O quarto aspecto está em Apocalipse 6:12-17. Não é a caminhada, nem a obra, nem a adoração, mas a ira do Cordeiro que encontramos aqui. “E os reis da Terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo servo, e todo livre se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas e diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos do rosto d’Aquele que está assentado sobre o trono e da ira do Cordeiro”. O quê! A ira do Cordeiro? Sim, uma contradição, mas um fato espantoso; uma aparente incoerência, mas uma verdade terrível! Aquela mão que os homens pregaram na cruz empunhará o cetro. Aquela testa que os homens feriram com a coroa de espinhos usará o diadema de glória. Aquele que foi conduzido como um Cordeiro ao matadouro Se assentará como um Juiz no trono.
A mansidão não é fraqueza; a gentileza não é debilidade; a humildade não é impotência. Aquele que nos dias de Sua carne exibiu a graça do Cordeiro exibirá então a onipotência do Juiz de todos. Inútil será o clamor daqueles para as montanhas, vão o seu grito para as rochas! Os montes não cairão e as rochas não esconderão; a terrível visão da justa ira do Cordeiro deve ser vista por todos. “e todo olho O verá… e todas as tribos da Terra se lamentarão sobre Ele” (Ap 1:7). Aqueles que olham para Ele agora encontrarão n’Ele um Salvador, mas aqueles que O rejeitam agora, encontrarão n’Ele um Juiz.
J. W. S. (adaptado)