Origem: Revista O Cristão – A Vida de Jacó
As Quatro Colunas de Jacó
Na vida dos Seus, conforme registrado na Escritura, Deus às vezes nos mostra Seus caminhos destacando os eventos com marcadores naturais. Encontramos isso na vida de alguns patriarcas, pois descobrimos que Abraão tinha quatro altares, Isaque tinha quatro poços, Jacó tinha quatro colunas e José tinha quatro vestimentas. É claro que outros tiveram algumas dessas mesmas coisas, mas na vida de Abraão e seus descendentes, encontramos essas quatro coisas especialmente mostradas a nós por Deus.
Como nosso tema diz respeito a Jacó, vejamos as quatro colunas mencionadas em sua vida. Uma coluna traz diante de nós algo duradouro e que serve como marca ou documentação permanente. Pode ser de algum evento ou talvez de algum registro de distância percorrida, como em um “marcador de kilometragem”. Descobrimos que Jacó estabeleceu quatro colunas durante sua vida, cada uma delas indicando uma decisão ou posição tomada e o estado espiritual associado a ela.
Confiança na carne
A primeira coluna mencionada foi estabelecida em Betel, onde Jacó passou a primeira noite fora de casa, quando foi obrigado a fugir para Padã-Arã, para escapar da ira de seu irmão Esaú. Deus graciosamente lhe mostrou a escada que alcançava o céu e Ele lhe fez promessas incondicionais. Jacó tinha verdadeira fé e valorizou as promessas de Deus, mas ele tinha uma má consciência e esse mau estado de alma enfraqueceu sua fé, deixando-o desconfortável na presença de Deus. Por ter valorizado as promessas de Deus, ele ergueu uma coluna de pedra, derramando óleo sobre ela – uma figura do Espírito de Deus. Mas então ele tentou fazer um trato com o Senhor, pois sua natureza enganadora ainda não havia sido julgada na presença de Deus. Ele continuou a contar com sua própria esperteza e força, em vez de confiar completamente no Senhor. Eu chamaria essa coluna de coluna da confiança na carne.
Não confiar na carne
A segunda coluna ocorre mais de vinte anos depois, depois de Jacó ter passado um tempo trabalhando para Labão, ter se casado com suas duas filhas e ter se tornado um homem rico. Ainda assim, ele não havia se acertado com Deus. Como resultado, ele havia passado vinte anos na energia carnal, ele e Labão, cada um tentando constantemente superar e enganar um ao outro. Agora ele havia obedecido à Palavra do Senhor e estava retornando à Terra de seus pais. Quando o Senhor lhe disse para fazer isso, lembrou a Jacó que Ele era o mesmo Deus que o havia encontrado em Betel, onde ungiu a coluna e fez o voto. Que graça maravilhosa! Quando Labão perseguiu Jacó e o alcançou, ocorreu uma acalorada contenda, na qual cada um acusava o outro, enquanto defendia sua própria conduta. Quando Labão sugeriu fazer um pacto, foi Jacó que tomou uma pedra para levantar uma coluna. Outras pedras foram adicionadas para formar um montão, que se tornou um testemunho entre Labão e Jacó.
Essa coluna testemunha o rompimento das relações naturais, pois nem Jacó nem Labão podiam confiar um no outro. Não se pode confiar na carne, e assim Labão pede que Deus seja testemunha e que vigie Jacó. Ele está dizendo, em outras palavras, que ele não pode confiar em Jacó fora de sua vista. Da mesma forma, Jacó aprendeu a não confiar em Labão, pois cada homem estava planejando e tramando para benefício próprio. Vamos chamar essa de coluna da falta de confiança na carne.
Confiança em Deus
A terceira coluna chega vários anos depois, depois de mais problemas chegarem à família de Jacó. Durante esse período, Jacó lutou com o Senhor e aprendeu que ele não podia receber a bênção por sua própria força, mas apenas se apegando ao Senhor. Ele estava aprendendo lentamente o que era confiar em Deus para tudo. Mas então ele construiu uma casa em Sucote, e depois de se mudar para Siquém, ele comprou uma propriedade, as quais não estavam de acordo com o chamado de Deus e seu caráter de peregrino. Junto com essas ações, sua família entrou em contato com o mundo. Sua filha se envolveu com Siquém, filho de Hamor, e a resultante fornicação e subsequente derramamento de sangue foi uma triste mancha no testemunho de Jacó. Foi só depois de tudo isso que Jacó finalmente removeu os ídolos de sua casa e, por ordem do Senhor, voltou a Betel para construir um altar ali. Pela segunda vez, o Senhor diz a Jacó que seu nome não era mais Jacó, mas Israel. Novamente Jacó levanta uma coluna em Betel, mas que diferença agora! Por meio de uma dura experiência, ele aprendeu a confiar apenas no Senhor, e com essa coluna, ele não apenas a unge com óleo, mas também derrama uma libação.
A libação (ou oferta de bebida) tem um duplo significado. Fala de regozijo – o regozijo que Deus tem em Cristo em vista da obra que realizou na cruz, mas também o regozijo do crente que está em comunhão com Deus como resultado dessa obra. Juntamente com isso, a libação fala de perfeita submissão à vontade de Deus e de uma disposição para ser “derramado” diante d’Ele. Vemos esta mesma aplicação em Filipenses 2:17, onde Paulo está disposto a ser a libação, derramada sobre o sacrifício dos santos filipenses. Esta coluna é um “marco” na vida de Jacó e marca um progresso real em seu relacionamento com Deus. Podemos chamar essa coluna de coluna da confiança em Deus, em contraste com a primeira coluna que ele levantou em Betel.
Abandonando o passado em vista do futuro
Finalmente, no mesmo capítulo (Gênesis 35), temos a coluna que Jacó levanta no túmulo de Raquel. Desde a primeira vez que ele a viu, a vida de Jacó estava centrada em torno de sua amada Raquel. Foi ela quem ele amou pela primeira vez, por quem ele trabalhou sete anos e cujos filhos estavam mais próximos do seu coração. Quando ele foi encontrar com Esaú, foi ela e seu filho José quem ele colocou na retaguarda de sua companhia, procurando protegê-los acima de todos os outros. Mas agora ela morre no parto – o objeto mais querido que ele tinha na Terra. Ele foi forçado a deixá-la ir, mas sua fé triunfou mesmo nessa severa provação.
Antes de tudo, ele é capaz de mudar o nome do segundo filho de Raquel de Benoni (filho da minha tristeza) para Benjamin (filho da mão direita). Isso mostrou verdadeira fé e um coração que olhou para o próprio Deus, que traria bênçãos de toda essa tristeza. Segundo, quando Raquel é sepultada “no caminho de Efrata”, o comentário é adicionado, “esta é Belém”. Embora Jacó sem dúvida não soubesse os detalhes na época, sua fé ainda contemplava futuras bênçãos n’Aquele que nasceria ali. Miquéias 5:2 nos diz a respeito de Belém: “de ti me sairá O que será Senhor em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”. Benjamin é uma figura de Cristo aqui, como aquele que primeiramente foi o “filho da minha tristeza”, mas depois triunfa como o “filho da mão direita”. Se Jacó deve deixar de lado o que lhe era mais querido na Terra, Deus enche seu coração, primeiro Consigo mesmo e depois com uma visão de bênção futura, de maneira que é registrado em Hebreus 11:9 que ele, juntamente com Abraão e Isaque, eram “herdeiros com ele da mesma promessa”. Esta última coluna, então, é a renúncia do eu e do desejo terrenal. Raquel é substituída por Benjamin.
Os caminhos do Senhor para com Jacó deram frutos, e a partir daí ele cresce como adorador. Ele passa os últimos anos de sua vida em paz, apesar de ter de confessar perante o Faraó que “poucos e maus foram os dias dos anos da minha vida”. Mas tudo isso foi no passado; a disciplina de Deus havia produzido em seu coração uma plenitude de gozo e uma visão da glória.
