Origem: Revista O Cristão – Raabe, Acsa, Jael, Débora
Raabe: Segurança, Salvação, Cidadania, União
Provavelmente não há nenhum caso nas Escrituras que, em figura, ilustra as riquezas da graça de Deus mais completamente do que a história de Raabe. Sua história começa em Jericó, uma figura deste mundo e, como este mundo, foi marcada para o juízo. Jesus, quando estava prestes a ir para a cruz, disse: “Agora é o juízo deste mundo”, acrescentando: “E Eu, quando for levantado da Terra, todos atrairei a Mim. E dizia isso significando de que morte havia de morrer” (Jo 12:31-32). A destruição do mundo foi selada na cruz.
Raabe nos diz qual testemunho de Deus foi usado para trazer fé à sua alma. Ela diz em Josué 2:10 que eles ouviram o que Jeová havia feito no Mar Vermelho, que era o lugar onde o poder de Deus tinha sido manifestado – uma figura da morte e ressurreição de Cristo. Muitos em Jericó ouviram isso além de Raabe, e quantos existem agora que sabem do fato histórico da ressurreição de Cristo. Mas havia fé em Raabe, e “a fé vem pelo ouvir”. Enquanto da parte dos que não creram, “a palavra […] nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram” (Hb 4:2).
Segurança
Sua casa, Jericó, parecia segura. Por todas as aparências, era invencível, assim como o mundo hoje se vangloria de progresso, enquanto prossegue para o juízo. Mas “a fé é a […] a prova das coisas que se não veem” (Hb 11:1), e assim Raabe diz: “Bem sei que o SENHOR vos deu esta terra” (Js 2:9). E agora? Ela quer um lugar seguro para si e para a casa de seu pai quando o juízo cair. Ela quer um sinal de que, se agir de acordo com a palavra dita, suas vidas serão poupadas. Ela é instruída a amarrar o “cordão de fio de escarlata a janela”. O “fio de escarlata” é uma figura do precioso sangue de Cristo, e Deus diz: “O sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 Jo 1:7), como Israel em Êxodo 12, onde Jeová diz: “E aquele sangue vos será por sinal […] vendo Eu sangue, passarei por cima de vós”.
Raabe também pensou na bênção de outros, mas deve haver um teste para eles. Recolhas “em casa contigo a teu pai, e a tua mãe, e a teus irmãos, e a toda a família de teu pai” (Js 2:18). O quê? Eles deveriam ficar sob o teto de alguém que era motivo de difamação para a família? Sim, pois “não há diferença, porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23). O orgulho no coração e a total ignorância da terrível devastação que o pecado causou, levaram muitos a rejeitar a maneira de Deus salvar. Simão, o fariseu em Lucas 7, e o irmão mais velho em Lucas 15 são ilustrações disso.
O fio de escarlata
Josué 6:23 nos mostra que a família de Raabe se valeu do modo de segurança de Deus no juízo prestes a cair. Embora seguro sob o abrigo do “fio de escarlata”, o poder de Deus ainda não havia agido em seu favor. Dizem-nos “o evangelho […] é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1:16), mostrando que a salvação (ou “libertação”) está ligada à demonstração de poder. Em Êxodo 12, temos o sangue do cordeiro como base de segurança, mas quando chegamos ao Êxodo 14, encontramos o poder de Deus manifestado contra os inimigos do povo de Deus e a favor dos Seus, colocando-os do outro lado do Mar Vermelho.
Salvação
Deus demonstrou Seu poder na ressurreição (Rm 1:4; 2 Co 13:4). Paulo desejava que os santos soubessem que estavam diante de Deus de acordo com a demonstração de Seu poder que foi manifestado quando Ele ressuscitou Jesus dentre os mortos (Ef 1:19-20; 2:6). Somente após o poder de Deus ter sido manifestado contra o inimigo em favor de Raabe, é dito: “deu Josué vida à prostituta Raabe” (Js 6:25), tirando-a do que havia sido julgado e colocando-a em um lugar totalmente diferente. O mesmo acontece agora com o crente diante de Deus. Ele não é mais visto como estando “em Adão”, onde a morte tem influência universal, mas “em Cristo”, onde “não há condenação” (Rm 8:1). Raabe estava em segurança quando amarrou o fio de escarlata na janela, mas não foi salva até que a ação em Josué 6:25 tivesse ocorrido.
Cidadania
A graça de Deus para Raabe vai além de sua salvação de quando Jericó caiu. Lemos que ela: “habitou no meio Israel” (Js 6:25). Agora, em vez de ser uma moradora de Jericó, ela se torna moradora de Israel; sua cidadania é inteiramente de um novo país. Quando nos voltamos para o Novo Testamento, descobrimos que nós que estávamos “mortos em ofensas e pecados” e andávamos “segundo o curso deste mundo”, não apenas temos paz e somos salvos (pela graça), mas não somos mais “estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e da família de Deus” (Ef 2:19). Pertencemos a uma ordem de coisas inteiramente nova, como está escrito: “Se alguém está em Cristo, nova criatura [nova criação – JND] é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5:17). Somos “peregrinos e forasteiros” (1 Pe 2:11) quanto a este mundo, e “nossa cidade [ou cidadania] está nos céus” (Fp 3:20).
União
Mas as bênçãos de Raabe não terminam com sua nova cidadania. Em 1 Crônicas 2, obtemos o registro genealógico de Judá, a tribo real. Comparando o versículo 11 com Rute 4:21 e Mateus 1:5, descobrimos que ela era casada com Salma (ou Salmom – AIBB), o príncipe da tribo real. Em Romanos 7:4 e 1 Coríntios 6:17, 19-20, que verdade maravilhosa e preciosa é apresentada diante de nós! Como crentes, não somos apenas salvos e estamos a salvo, mas somos cidadãos dos céus, unidos ao Senhor, casados com outro, “daquele que ressuscitou de entre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus”. Quando vemos o contraste entre a “prostituta de Jericó” e a “esposa do príncipe da tribo real”, vemos uma maravilhosa imagem do que a graça tem feito hoje pelos crentes!
Modos
Que tipo de pessoa deveria ser Raabe agora e como ela deveria se comportar? Não apenas as coisas antigas passaram e todas as coisas se tornaram novas, mas ela era uma esposa; seus afetos foram conquistados. Como ela provaria que seu coração havia sido conquistado? Certamente, tentando agradar quem a ganhou! Jesus ganhou nosso coração? Então Ele nos dá a oportunidade de provar isso nesta cena em que Ele foi rejeitado e expulso. Entre todas as coisas novas está a motivação do coração, pois é dito: “Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se Um morreu por todos, logo, todos morreram. E Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2 Co 5:14-15) É assim, tendo sido unido Àquele que ressuscitou dentre os mortos, e exercidas as afeições do coração, que “demos fruto para Deus” (Rm 7:4).
“E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazer tudo em nome do Senhor Jesus, dando por Ele graças a Deus Pai” (Cl 3:17).
Christian Truth, vol. 34 (adaptado)