Origem: Revista O Cristão – Prioridades

Reconciliação Fraternal

O Senhor não estava disposto a ignorar o odioso mal da ira no coração e nas palavras, mesmo que não fosse manifestada em atos violentos. Ele prossegue colocando em prática a mente revelada de Deus para o reino, exigindo reconciliação caso alguém tivesse feito seu irmão tropeçar. O que está em vista são Seus discípulos, não a humanidade em geral. O pecado nos discípulos é excessivamente pecaminoso; o bem é imperativo (certamente não o mal) para o reino dos céus.

“Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil” (Mt 5:23-26).

É evidente que isso foi endereçado aos discípulos Judeus, ainda sob a lei. Isso fica claro nos versículos 20-21, bem como naqueles que estamos considerando agora. De fato, essa é a regra neste Evangelho como um todo e nos demais. Tinha que ser assim, até que, na morte de Cristo, o muro de separação foi derrubado, e assim se abriu o caminho para reconciliar com Deus tanto os Judeus como os gentios que criam em um só corpo, sendo a inimizade desfeita. O discurso de nosso Senhor não prevê tal unidade, nem mesmo o chamado dos gentios, em nenhuma frase. Mas é um erro profundo supor que esse fato afasta o proveito dessas palavras para o Cristão, embora estejamos agora em uma posição de graça que não poderia existir naquele momento. Há a mais rica instrução moral para todos os que honram Aquele que falou como nenhum outro homem jamais falou. Há uma avaliação espiritual de profundidade inigualável para aqueles que conhecem a redenção e têm o Espírito que habita em nós, pois somos capazes de entrar muito mais plenamente do que aqueles que ouviram Suas Palavras de verdade divina no momento em que Ele as proferiu.

Assim, o Senhor ordena ao discípulo que estava trazendo sua oferta ao altar que, se lembrasse que seu irmão tinha algo contra ele, deveria interromper ali mesmo o seu propósito devotado ao próprio Deus e se reconciliasse com seu irmão antes de retornar para oferecer sua oferta. Quanta ternura de consciência era esperada, afeição fraternal, humildade de espírito, prontidão para reconhecer o erro e desejo de ganhar um irmão ofendido! Era exatamente o oposto da ira, do desprezo ou do ódio, sobre os quais Ele acabara de falar. E esse oposto era o caso dos Judeus. Pois, concentrados em trazer sua oferta ao altar, estavam cegos à sua injustiça contra Ele, seu verdadeiro Messias, que Se dignou a ser seu irmão, com muito mais do que amor fraternal, nascido para a adversidade que eles desconheciam. Mas eles se recusaram a se reconciliar e persistiram em sua oferta, por mais ofensiva que fosse a Deus. Era pecado voluntário e uma obstinação arrogante sob o manto da religião.

W. Kelly

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