Origem: Revista O Cristão – A Recordação do Senhor

Seu Pedido

“Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha” (1 Co 11:26).

Se o Senhor não tivesse pedido que nos lembrássemos d’Ele na morte, de acordo com a Sua maneira prescrita, os Cristãos ainda poderiam ter desejado comemorar Sua morte de alguma forma. Mas se fôssemos deixados para que nós mesmos imaginássemos uma maneira de fazer isso, provavelmente haveria tantos modos ou variações quanto o número de Cristãos que tivessem tal resposta despertada em seus corações. Mesmo como é, com a direção direta e implícita do Senhor em nossas mãos, há muitas inovações e invenções adicionadas ou excluídas de sua simplicidade bela e significativa – um pedaço de pão e um cálice de vinho, o fruto da videira.

Se tivesse sido deixado para os santos na Terra elaborar algum método de se lembrarem d’Ele, alguns poderiam ter estabelecido modos que somente os ricos poderiam manter – como o que Maria fez, cujo precioso unguento custaria cerca de um ano de salário para um trabalhador. A maioria de nós não poderia fazer uma coisa dessas. A casta e a alta sociedade poderiam ter feito essas coisas em outros casos. Mas é abençoadamente simples e não custoso tomar um pão – o que não deixa de nos lembrar de Seu corpo agora composto de todos os verdadeiros crentes na Terra, tendo Ele mesmo como a Cabeça no céu – e assim lembrarmos d’Ele em Seu corpo dado por nós da maneira mais simples como foi a que Ele ordenou. O pão quando partido nos lembra de Seu corpo, o corpo preparado para Ele, no qual Ele sofreu no madeiro maldito. Nós também simplesmente tomamos o cálice, aquilo que nos lembra do Seu precioso sangue que fluiu de Seu lado ferido como o custo de nossa redenção. Nós às vezes cantamos:

Quando o sangue da vítima deveria fluir,
Este Pastor movido por compaixão
Colocou-Se entre nós e o inimigo,
E voluntariamente morreu em nosso lugar.

Mantendo esta lembrança d’Ele desta maneira, sabemos que estamos fazendo o que Ele quer que façamos, pois Ele mesmo a instituiu pouco antes de ir até a cruz e confirmá-la a nós por uma palavra direta do céu por meio do apóstolo Paulo, que disse: “Eu recebi do Senhor” essas mesmas instruções. Que privilégio é, portanto, lembrá-Lo de acordo com a Sua própria maneira prescrita, sabendo que é certamente de acordo com Sua mente e vontade.

“Porque, todas as vezes que comerdes este pão” 

Então surge uma questão sobre quando isso deve ser feito. O Senhor deixou o assunto em aberto, dizendo: “todas as vezes que comerdes este pão”. Não é estabelecido por exigências legais como acontecia com os judeus debaixo da lei, quando foi exigido deles que guardassem o sábado. Anos atrás, quando alguns estavam comprometidos, dia após dia, no exame e estudo cuidadoso das Escrituras proféticas, partiam o pão todas as manhãs em lembrança d’Ele em Sua morte. Eles temiam que o estudo da profecia pudesse afastá-los do gozo pessoal de Cristo e de Sua morte, embora considerassem o exame da palavra profética muito importante.

Mas temos um precedente para fazer isso em cada primeiro dia da semana, dado por inspiração divina. Em Atos 20, lemos: “No primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão”. Que tempo apropriado para nos lembrarmos d’Ele – o dia em que Ele, que estava na morte, saiu em poder triunfante. Mas para muitos santos, uma vez a cada três meses, para outros, uma vez por ano, seria o suficiente. Nesse caso, quase precisaríamos ler esse versículo assim: “Porque, quando ‘raramente’ comerdes este pão”.

Seria uma resposta pobre a esse grande amor, estar satisfeito em fazer isso em raras ocasiões e o que é tão calculado para aquecer nosso próprio coração e nos manter revigorados no desfrute do que Ele realizou como a observância semanal desta lembrança de Si mesmo em Sua morte? Certamente nosso pobre coração precisa tê-Lo, portanto, trazido frequentemente à mente.

Até que Ele venha 

E quanto tempo o Senhor pretendia que esse serviço de comemoração fosse mantido? A resposta é precisa: “Até que Ele venha”. Até o momento de Sua vinda para tomar a Igreja para Si mesmo, esta festa deve ser observada. Agora, quando o fim se aproxima, e o momento de Sua vinda para os Seus pode acontecer a qualquer momento, quão importante é que a cada Dia do Senhor, a menos que sejamos inevitavelmente impedidos (nestes casos Ele sabe todas as coisas a respeito), respondemos a Seu próprio bendito pedido, “fazei isto em memória de Mim”. Que privilégio será recordar d’Ele, como está escrito, no último dia do Senhor antes de Sua vinda! Alguns farão isso; que nenhum de nós esteja disposto a deixar que algo mais tenha precedência sobre essa uma coisa que Ele nos pediu que fizéssemos.

Algumas pessoas, mesmo os Cristãos verdadeiros, podem considerar “desperdício” gastar tempo no Dia do Senhor para se afastar do mundo e se lembrarem d’Ele em Sua morte. Os discípulos chamaram a ação de Maria, ao quebrar aquele vaso de alabastro de unguento caro e usar o conteúdo com Ele de “desperdício”, mas Ele aprovou sua devoção. Será que desejamos a Sua aprovação?

Nos dias de Malaquias, o profeta, as coisas estavam em baixa. O remanescente judeu que havia retornado do cativeiro na Babilônia, nos dias de Esdras e Neemias, havia esfriado, e eles até disseram a Deus: “Em que nos amaste?” Eles chamaram os orgulhosos de felizes e estabeleceram os tentadores de Deus como exemplos a serem seguidos. Em tal condição, havia um débil remanescente que pensava no Senhor e invocava o Seu nome. O que quer que o restante dos judeus pensasse deles, eles tinham a Sua aprovação. Ele, por assim dizer, inclinou-Se para ouvir a conversa deles enquanto falavam d’Ele, e Ele fez com que um memorial especial fosse escrito a respeito deles. Nenhum memorial especial foi escrito para os judeus piedosos nos dias de Salomão, quando era comparativamente fácil ser um judeu piedoso. Vivemos agora em dias comparáveis àqueles em que Malaquias profetizou. Que possamos então tomar coragem que vem da Palavra de encorajamento de Deus escrita naquele tempo.

P. Wilson

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