Origem: Revista O Cristão – As Semelhanças do Reino, Parte 2

Uma Rede Lançada ao Mar

Mateus 13:47 diz: “o Reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar e que apanha toda qualidade de peixes”. Nesta última parábola, o reino é novamente apresentado como abrangendo toda a Cristandade, como é em seus efeitos e propósito aos olhos de Deus. Os meios usados para isso são comparados a uma rede lançada ao mar. A rede é evidentemente a pregação da cruz de Cristo, enquanto o mar fala dos habitantes da Terra em estado de tumulto e rebeldia. É em tal mundo que a rede do evangelho tem sido lançada e peixes de todos os tipos são capturados. Dentro dos limites da Cristandade existem verdadeiros e falsos discípulos de Cristo.

Que visão diferente é obtida do reino, dependendo se o contemplamos da Terra ou dos lugares celestiais! Da primeira, obtemos apenas suas características exteriores – um grande campo de trigo, mas estragado pelo joio; uma grande árvore, com seus vastos ramos projetando-se para todos os lados; e uma massa de farinha com fermento trabalhando até que tudo esteja levedado. É um sistema que se adapta às características das diferentes nações entre as quais está estabelecido, pois é a intenção de Satanás colocar tais homens sob o controle de uma escravidão sacerdotal, pseudoespiritual, em total violação do propósito de Deus em estabelecer Sua Igreja no mundo. Deus chama à separação do mundo, e é somente quando em “casa”, e nossa mente sob a orientação do Espírito Santo, que vemos a extrema contrariedade entre a verdadeira posição do santo e aquela que é assumida pelo mundo professo. Na parábola do joio, é dada a razão por que, ou como, o joio veio a ser misturado com o trigo. Aqui não temos nenhuma razão dada por que a rede envolve tanto os peixes ruins quanto os bons; é simplesmente o fato. A rede é o meio de Deus reunir os Seus.

O caráter misto do reino 

Esta parábola da rede e a do campo de joio têm essa semelhança, pois ambas nos apresentam o caráter misto do reino. Elas diferem porque a última vê o reino durante a continuação da era atual; o primeiro revela o que, em sua maior parte, ocorre no final. Assim, na parábola da rede, o grande pensamento está no ato dos pescadores selecionarem os bons e os colocarem nos cestos, e rejeitarem os ruins. Os pescadores não são os agentes ativos na punição dos maus: eles simplesmente os abandonam, lançando-os fora. Os anjos aqui, como na parábola do joio, são os executores da vingança de Deus. É uma imagem do todo como aparece para Deus, como Ele deseja que Seus santos vejam, e os meios que Ele adotou para chamar Seu povo do mundo. É o encerramento da era atual.

Os bons são primeiro cuidados e colocados em cestos por aqueles aptos para esse trabalho; depois dessa seleção (não se diz quanto tempo), os anjos fazem o seu trabalho. A colocação dos bons em cestos não se limita a um ato, mas dá o caráter do tempo que decorrerá desde a primeira separação até o estabelecimento do reino milenar. E sabemos que o Arrebatamento da Igreja ocorrerá antes que o julgamento caia sobre os ímpios, pois a Igreja de Deus é sempre orientada a esperar a vinda do Senhor Jesus a qualquer momento. Seus discípulos devem estar sempre esperando, sempre aguardando. Mas há muitas profecias que devem ser cumpridas antes que Sua (e nossa!) Aparição possa acontecer; há sinais dados que darão início ao grande e terrível dia do Senhor.

O terreno purificado 

A reunião dos bons peixes em cestos pelos pescadores é evidentemente um ato distinto da separação dos ímpios dentre os justos . Os pescadores colhem os bons em cestos, para cuidar e preservá-los — um ato de interesse e valorização. Os anjos separam os ímpios dentre os justos. É o contraste daqueles que buscaram os bons; esses buscam os maus para puni-los e “lançá-los na fornalha de fogo” – um ato de vingança e ira. O termo “os justos”, então, compreende mais santos do que aqueles que estão em pleno privilégio de Pentecoste; alguns deles foram mortos, participando da primeira ressurreição; alguns não são mortos, mas preservados para formar o núcleo vivo do reino milenar. No final da tribulação, a besta e o falso profeta são lançados vivos no abismo. Então os anjos aparecem e percorrem todo o reino para colher todas as coisas que ofendem. Então o terreno do reino será purificado; amizades terrenais, gêneros e associações serão ignorados por esses mensageiros. Dois homens estarão no campo e duas mulheres no moinho: um será levado e o outro deixado. Seja no exterior ou em casa, os anjos separarão os ímpios dos justos.

Dois aspectos do reino 

Em suma, temos nestas parábolas um resumo da história do mundo religioso, desde o primeiro advento do Senhor até o segundo, apresentado sob dois aspectos gerais. Existe o dom da salvação pela graça para o homem, e então o que o homem fez disso. Há também o que Deus fez, apesar da perversidade do homem, e o término de tudo, mau e bom. Ficamos no ponto de partida e olhamos a cena até o final, tendo uma visão panorâmica do todo. O caráter do reino logo degenera e o homem e o inimigo têm a ver com isso; o joio se espalha e dá caráter ao campo. A colheita está estragada, embora o Filho do Homem a tenha semeado! Mas embora o joio tenha arruinado a obra de Deus, o trigo também está lá. Esses dois coexistem até o fim, quando ocorre a grande separação. Nas parábolas da árvore e do fermento, desenvolve-se o mal; no tesouro escondido e na pérola, a realização do propósito de Deus aparece, apesar da influência nociva de Satanás. Mas Deus não abre mão de Seu desígnio. O tesouro é encontrado e protegido. Tudo é dado pela pérola, que mostra Sua graça e amor, e Ele é glorificado.

A última parábola, a rede, destaca visivelmente o tempo do fim. As duas partes no reino são vistas juntas novamente, mas apenas para serem separadas para sempre, quando chega o fim do século e o julgamento recai sobre os ímpios. A história da Cristandade acabou; o reino milenar começa. “Então os justos resplandecerão como o Sol no reino de seu Pai” (Mt 13:43).

R. Beacon (adaptado)

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