Origem: Revista O Cristão – O Reino
O Reino e a Igreja
O livro de Atos nos dá o estabelecimento do reino dos céus e da Igreja entre os Judeus e os gentios, após a rejeição do Rei pelos Judeus. O Senhor, em resposta à pergunta que Seus discípulos fizeram a Ele sobre se este seria o tempo em que Ele restauraria o reino de Israel, respondeu que não pertencia a eles saber os tempos e as estações que o Pai havia estabelecido pelo Seu próprio poder. Mas eles deveriam receber o poder depois que o Espírito Santo viesse sobre eles e que deveriam ser testemunhas de Cristo, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia, em Samaria, e até os confins da Terra. Ele assim anunciou que a presença do Espírito Santo na Terra seria para um intervalo para substituir o Judaísmo e que não seria até depois daquele intervalo que o reino seria restaurado para Israel e estabelecido em poder. O Senhor então subiu ao céu, e os discípulos retornaram à Jerusalém para aguardar a promessa do Pai. Atos 2 nos relata a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes e a formação da Igreja de Deus.
Pedro, o administrador
Pedro, como administrador do reino, é proeminente no testemunho. Ele prega sobre os três nomes, Jesus, Cristo e o Senhor, estabelecendo as glórias da Pessoa de Quem falava. Ao acusar os Judeus do pecado de terem rejeitado Jesus, Ele declara que Deus O fez, a Quem os Judeus rejeitaram, tanto Senhor como Cristo. Ele era a mesma Pessoa de quem Davi falou, ressuscitado dentre os mortos para Se assentar no trono de Davi, e Ele estava assentado à direita de Deus, até que Seus inimigos fossem postos como escabelo de Seus pés. Três mil receberam a Palavra e foram batizados ao nome do Rei rejeitado de Deus, confessando assim também o Seu senhorio. Por Sua morte e ressurreição, eles foram trazidos para um novo terreno, tendo assim se salvado da nação Judaica como um todo.
Todos os que no batismo se curvaram às reivindicações d’Aquele que Deus fez Senhor e Cristo se tornaram os súditos professos do Rei rejeitado. Em Atos 3, Pedro acrescenta ao testemunho – que se a nação Judaica se arrependesse, Deus enviaria Jesus novamente e estabeleceria o reino em poder sobre Israel. Este testemunho foi rejeitado e terminou com o martírio de Estevão.
Depois da morte de Estêvão, toda a assembleia em Jerusalém foi dispersada, exceto os apóstolos. Filipe desceu a Samaria e pregou sobre O Ungido para eles. Seu testemunho, sem dúvida, era a respeito d’Ele como o Rei de Deus rejeitado pelo mundo, mas exaltado no céu e que virá novamente para reinar. Ele pregou o Cristo a eles.
O povo deu atenção, entre eles, o mago Simão, o mágico. E quando eles creram, Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus, e do nome de Jesus Cristo, foram batizados, tanto homens como mulheres. Simão o mágico foi trazido para o reino e para o círculo da profissão Cristã (hoje chamado Cristandade), mas não para a verdadeira Igreja. Aqui nós temos um círculo exterior de privilégio e responsabilidades, onde Jesus era reconhecido como Ungido e Senhor. Pedro, tendo as chaves do reino, vem a Samaria. Ele abre a porta para eles e eles recebem o Espírito Santo.
Batismo
O batismo é uma ordenança inicial que coloca o que é batizado em uma nova posição. Está sempre conectado com um status na Terra e não com privilégios celestiais. Com Pedro, o batismo Cristão parece mais ligado ao reino dos céus (veja Mateus 16:19; Atos 2:38; 10:48), já com Paulo, está mais ligado à casa de Deus quando ele fez uso dele. Paulo recebeu um novo comissionamento. Ele não é encontrado, como Pedro, ministrando no meio de um povo conhecido que tinha promessas, chamando almas dentre eles para arrependimento, para que elas recebessem remissão e fossem separadas da geração perversa.
Paulo foi levantado como mensageiro especial de Deus, e ele, não negligenciando a pregação do Rei rejeitado, como vemos em seus discursos em Tessalônica e Corinto, e vendo que os convertidos foram trazidos para o reino pelo batismo, ao mesmo tempo foi feito o grande ministro da Igreja em seu duplo aspecto da casa de Deus e do corpo de Cristo. Com ele, não foi só que os gentios foram admitidos pelo batismo no reino dos céus na Terra, mas que eles tinham privilégios comuns e uma parte comum com os crentes Judeus, como coerdeiros, membros do corpo de Cristo e participantes de Sua promessa em Cristo pelo evangelho. Ele foi o grande administrador da Igreja, o corpo de Cristo. Isso é desenvolvido na Epístola aos Efésios.
Diferenças entre o reino e a Igreja
É importante distinguir entre o reino dos céus, estabelecido e administrado pelo ministério de Pedro, e a Igreja composta apenas daqueles a quem Cristo construiu, pedras vivas, aqueles habitados pelo Espírito Santo. O reino dos céus abrange, durante o seu aspecto atual, todos aqueles que professam sujeitar-se a Cristo, o Ungido, durante o tempo de Sua rejeição. Pedro era o administrador dele, e os doze deveriam fazer discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, Filho e Espírito Santo. Ele abriu a porta para os Judeus que se arrependeram e para Cornélio, o gentio, depois, e eles foram admitidos pelo batismo. Filipe fez o mesmo com o samaritano, e Paulo reconheceu o reino em Tessalônica, Corinto e em outros lugares, embora não fosse o ministro dele.
A Igreja, como a esfera do ministério de Paulo, era um círculo dentro do reino no presente, mas antes que o Senhor volte novamente, ela deve ser retirada do reino. Judeus e crentes gentios eram coerdeiros, membros de um só corpo, participantes da promessa de Deus em Cristo pelo evangelho. Existe uma esfera exterior da Igreja, agora chamada de a “grande casa”, composta de todos que são batizados e professam ser seguidores de Cristo. Esta grande casa está cheia de vasos, alguns para honra e outros para desonra. A palavra para todo Cristão verdadeiro agora é: “O Senhor conhece os que são Seus, e qualquer que profere o nome de Cristo [do Senhor – ARA] aparte-se da iniquidade” (2 Tm 2:19). Portanto, embora o mal no reino não seja retirado agora, mas será deixado até o tempo em que o Filho do Homem colherá do Seu reino tudo o que causa escândalo, os santos são responsáveis por se afastarem da iniquidade, para se reunirem no verdadeiro fundamento da Igreja, somente ao nome de Cristo, reconhecendo a presença do Espírito Santo na assembleia. Devem exercitar a disciplina, afastar o mal do seu meio se ele entrar, expressar a comunhão com Cristo e uns com os outros, como membros de Seu único corpo à mesa do Senhor, e partir o pão em lembrança d’Ele.
Adaptado de The Kingdom and the Church, e Dic. Bíblico Conciso
