Origem: Revista O Cristão – O Relacionamento Noiva-Noivo
Afeição Nupcial por Cristo
Apocalipse 22:16-21
Será que seu coração se regozijaria ao ouvir que Jesus está voltando agora? Na verdade, você gostaria que Ele viesse agora? Oh! Quão triste é que, quando Ele estiver prestes a vir, e Seus santos estiverem prestes a serem feitos conforme Ele é, eles estejam de alguma forma misturados com os obreiros da iniquidade, praticando seus hábitos, buscas ou satisfações! Orem, irmãos, para que vocês sejam levados a uma conformidade mais simples e completa com a imagem de seu Salvador; para que vocês sejam purificados dos desejos insatisfatórios e não santificantes do mundo, de modo que vocês possam estar prontos para encontrar seu Senhor na Sua vinda.
Na Palavra de Deus, os pensamentos, sentimentos, condutas, ações e afeições dos Cristãos são identificados com a vinda de Cristo. Tomemos 1 João 3 como exemplo: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos” (v. 2). Quando seremos como Cristo em glória? Quando Ele vier, Ele transformará nosso corpo de humilhação e o conformará como o Seu corpo glorioso; então aqui “e ainda não é manifesto o que havemos de ser, mas quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a ele”. Agora, note as consequências práticas sobre o homem que foi, em sua fé, levado aos propósitos de Deus. “E qualquer que n’Ele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro”. Eu sei que serei perfeitamente semelhante a Cristo em glória, portanto, quero ser o mais semelhante a Ele possível aqui embaixo.
Aqueles que respondem: “Vem!”
“O Espírito e a esposa dizem: Vem!” Nós obtemos todo o círculo das afeições da Igreja. Quando o Espírito de Deus está trabalhando nos santos, qual será a primeira afeição? Cristo. O Espírito e a noiva se voltam para Ele e dizem: Vem! Qual é a próxima afeição? São os santos. Portanto, ela se vira e ordena àquele que ouve a dizer, Vem. A noiva terá todos os santos juntos nessas afeições e no desejo de ter o Noivo. Mas isso se interrompe com aqueles que ouviram a voz do Senhor Jesus? Não. O que vem depois? Nós nos voltamos para aqueles que podem estar com sede, ordenando-lhes que venham, e quem quiser, deixe-o tomar a água da vida livremente. O santo que tem o senso da bem-aventurança de ter bebido da água viva que Cristo dá quer que os outros também a tenham.
Deus, no amor de Seu próprio coração, associou a Igreja a Jesus, e a simples menção do Seu nome desperta o clamor: “Vem!” pois toca um acorde que dá uma resposta imediata e, portanto, Ele não diz aqui: “Certamente, cedo venho”. A questão aqui não é quando Ele virá, mas que é Ele próprio que está por vir. Ele não fala da Sua vinda, embora esse pensamento seja bendito, mas Ele Se revela, e isto é o que desperta a resposta do coração pelo poder do Espírito Santo. Nenhuma mera explicação de Sua vinda como doutrina é a própria esperança do santo. Essa esperança não é profecia, é a esperança real, bendita e santificadora de uma alma que conhece a Jesus e espera ver e estar com Ele mesmo.
O que Ele é para nós
Nossas afeições e nossos deveres fluem do relacionamento em que estamos estabelecidos. É claro que, se somos criaturas de Deus, nossos deveres fluem de nosso conhecimento disso. Assim, com nossos deveres e afeições terrenos, eles fluem de nosso relacionamento uns para com os outros, seja como marido e mulher, ou como pai e filho. É uma observação muito simples, mas de toda importância, no que diz respeito à posição dos santos. Mas então eu devo estar nesse relacionamento para ter essas afeições, e devo saber qual é o relacionamento ao qual esses deveres pertencem. Se somos a noiva de Cristo, devemos ter os sentimentos e desejos de alguém que é assim. Não se pode falar de qualquer glória de Cristo ou de Deus que não desperte no coração do santo a consciência do que Deus e Cristo são para ele. Isso é característico da existência de tal relacionamento e das afeições que lhe pertencem. Você não pode falar de alguém com quem os outros estão em relacionamento, sem despertar no coração delas o sentido do que aquela pessoa é para eles. Seja qual for a maneira com que Cristo é apresentado, é o seu próprio relacionamento com Ele que é imediatamente despertado na noiva. O que eu vejo na Palavra não é meramente Deus nos visitando como pecadores, como Ele fez, mas que quando Ele nos visitou, Ele nos trouxe para uma bendita conexão Consigo mesmo, e tendo nos levado ate lá, Ele nos chama, como nessa conexão, para viver no deleite e nos deveres que pertencem à essa conexão.
Cristo não ama menos
Eu sinto a importância de apreender definitivamente sobre o relacionamento em que o Senhor nos colocou. Isso tocará em nossas consciências, não apenas dizendo que a Igreja está segura – certamente está, mas devemos ser tocados com o sentido de nossa relação com Cristo e a responsabilidade desse relacionamento. Deveria haver proximidade com Cristo que nos afastaria do sectarismo, a erva mais natural do coração humano (o sectarismo está focado em um pequeno círculo em volta de nós mesmos), e nos daria um sentimento e interesse por toda a Igreja de Deus, pois Cristo não pode amar nada menos. Então eu me recusarei a reconhecer qualquer coisa que não seja a noiva de Cristo, mas esteja sempre pronto para reconhecer e receber aquilo que é a noiva de Cristo.
A Igreja nem sempre terá que lamentar um Senhor que está ausente. Ele virá reivindicar Sua noiva – para levá-la para Si mesmo, para que, onde Ele estiver, ela também possa estar, por isso, Ele ora: “Pai, aqueles que Me deste quero que, onde Eu estiver”, e n’Ele ela está completa, porque o Pai O deu como cabeça de todas as coisas para a Igreja, “que é o Seu corpo, a plenitude d’Aquele que cumpre tudo em todos”. Aqui, então, está a posição da Igreja com Cristo: um corpo, uma mente, uma em todas as coisas, um nos gostos, um nos desejos.
Se meu coração está correto em suas afeições por Ele, estou olhando muito diretamente para o alto, para perceber as coisas ao meu redor. Há muitas coisas ao redor do mundo, muita agitação e tumulto, mas isso não perturba a bendita calma da minha alma, porque nada pode alterar nosso indissolúvel relacionamento com Jesus que virá, pois nada deve nos dividir em esperança. Que o Senhor nos dê tal apreensão de redenção e de nossa posição n’Ele, que fixe nosso coração n’Ele mesmo, para que possamos estar diariamente andando aqui como os homens que esperam por seu Senhor, que prometeu vir e nos levar para Ele mesmo, vigiando no meio de uma noite de trevas, ciente de que é a noite, embora não sejamos da noite, mas vigiando e esperando pelo dia, tendo a estrela da manhã surgindo em nosso coração!
