Origem: Revista O Cristão – Babilônia

Relato Histórico da Babilônia

Babilônia, que acabou sendo a capital do reino caldeu, foi sem dúvida a maior cidade já construída pelo homem. Seus fundadores aproveitaram-se do enorme esporão de rocha terciária que se projetou da longa e inclinada planície do deserto sírio para dentro da bacia aluvial da Mesopotâmia, e nesse terreno privilegiado se ergueu, exatamente cruzando a linha de tráfego entre a costa do Mediterrâneo e as montanhas iranianas. Foi também naquele ponto onde o Eufrates mudava de uma vasta extensão para um rio navegável, e onde havia uma abundância de argila aluvial a partir da qual se faziam tijolos.

Ninrode 

O fundador da Babilônia foi Ninrode, também o fundador da monarquia assíria (Gênesis 10), e a força original de ambos os reinos consistia de quatro cidades cada (Gn 10:10-12). Babilônia ocupa um grande lugar na Palavra de Deus, e é vista como representante do homem em seu orgulho, glória, poder e idolatria. Foi do Egito que Israel foi redimido, mas foi para a Babilônia que o povo foi enviado devido aos seus pecados; eram escravos de um e cativos de outro. A conexão histórica da Babilônia com a história nacional de Israel e da cidade mística com a igreja professa (Ap 17-18), são assuntos de grande importância, o primeiro dos quais é amplamente desenvolvido nas Escrituras do Antigo Testamento. “Os tempos dos gentios” surgiram na queda de Judá e a ascensão da Babilônia.

Histórica e figurativa 

A Babilônia histórica como a potência dominante na Terra, agindo com orgulho em independência, desintegrou-se até o pó: “Porque o SENHOR Se compadecerá de Jacó, e ainda elegerá a Israel, e o porá na sua própria terra, e então, proferirás este dito contra o rei da Babilônia e dirás: Como cessou o opressor! A cidade dourada acabou! Já quebrantou o SENHOR o bastão dos ímpios e o cetro dos dominadores” (Is 14:1-5). Assim restaurado, Israel, no dia da sua alegria, celebra a ruína da Babilônia. A Babilônia religiosa, a cidade mística do Apocalipse, não terá menor sentença no julgamento, e por isso a Igreja celebra este evento: “Aleluia! Salvação, e glória, e honra, e poder pertencem ao Senhor, nosso Deus, porque verdadeiros e justos são os Seus juízos, pois julgou a grande prostituta, que havia corrompido a Terra com a sua prostituição” (Ap 19:1-2).

Poder e conquista 

O amor de Nimrode pelo poder e pela conquista, juntamente com sua vontade própria e independência de Deus, marcaram suas características na história da Babilônia. Tudo isso culminou em Nabucodonosor, “a cabeça de ouro”, que orgulhosamente avaliava a cidade magnifica, dizendo, “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder e para glória da minha magnificência?” (Dn 4:30). Ai de mim! Ai de mim! Deus condenou toda a carne e a glória do homem a murchar como a erva. Quando Israel afundou atrás das nuvens de iniquidade e idolatria, surgiu a Babilônia – a “cidade dourada”; quando a Igreja se tornou um testemunho publico arruinado, então a Babilônia mística surgiu. Mas Israel se levantará e brilhará, e Babilônia afundará para não mais se levantar; a Igreja também brilhará nas eras eternas, enquanto a Babilônia mística afundará nas trevas e na escuridão.

Nabucodonosor 

Babilônia, sob o reinado de Nabucodonosor, alcançou seu grau mais elevado de magnificência, tamanho e força. Quando os babilônios, auxiliados pelos medos, derrubaram o jugo da Assíria (por volta de 612 a.C.), o novo e vigoroso reino abriu suas asas e estendeu seu poder sobre os reinos conhecidos do oriente. O Egito, seu rival do sul, foi completamente derrubado, seguido pela subjulgação de Judá. Então, com a destruição de Jerusalém, o centro divino do governo terrenal, Babilônia estabeleceu seu poder totalmente vitorioso, e uma monarquia absoluta foi fundada nas planícies de Sinar.

Babilônia ficava em uma grande planície e formava um quadrado de cerca de 145 quilômetros quadrados (aprox. 12 km em cada lado). O Eufrates fluía pelo centro da cidade desde o norte para o sul, atravessado por uma ponte maravilhosamente construída, tendo de um lado o magnífico Templo de Belus, de enormes dimensões, com numerosas imagens de ouro puro, e que foi saqueado pelo famoso rei persa, Xerxes. Do outro lado da ponte ficava o grande palácio de Nabucodonosor, provavelmente o maior e mais magnífico já construído. Os jardins suspensos, uma das “sete maravilhas do mundo”, eram verdadeiramente uma obra de arte. Eles foram construídos como terraços superpostos em forma de andares. Todos os tipos de frutas, flores e vegetais foram cultivados com perfeição nesses jardins, e devem ter encantado imensamente a esposa meda de Nabucodonozor, Amitis, para quem foram construídos, a fim de lembrá-la dos belos jardins e florestas de seu próprio país. Diz-se que os muros da cidade tinham cerca de 102 metros de altura e cerca de 26 metros de largura, permitindo assim um vasto espaço para as carruagens correrem no topo das muralhas, e até para virar em qualquer ponto que escolhessem. Havia também 100 portões de bronze sólido, e imensamente fortes, vinte e cinco de cada lado da cidade, além de numerosos outros portões internos, todos de bronze e de grande resistência. De cada portão ao outro oposto, havia uma rua reta por toda a extensão da cidade. Estas, por sua vez, se cruzavam umas com as outras até que se formassem 676 quarteirões ao todo.

A queda 

A captura da cidade por Ciro é detalhada nas profecias de Isaías e Jeremias. Os antigos historiadores que descrevem a queda da Babilônia, não são tão exatos nem tão confiáveis quanto os profetas hebreus já mencionados. As cidades de Babilônia e Nínive – as respectivas capitais das monarquias caldeia e assíria – estão condenadas na palavra profética à perpétua desolação. Isso realmente aconteceu, pois nos é dito que “Babilônia, o ornamento dos reinosNunca mais será habitada nem o árabe armará ali a sua tenda… Mas as feras do deserto repousarão ali, e a sua casa se encherá de horríveis animais” (Is 13:19-21). A cidade foi destruída de tal forma, que os historiadores posteriores, que não aceitaram os relatos bíblicos sobre a Babilônia, começaram a certa altura, a duvidar que a cidade alguma vez, realmente, tivesse existido. Foi somente em meados do século XIX, que uma pesquisa arqueológica séria foi capaz de descobrir o local e recuperar alguns artefatos.

O local dessa antiga cidade fica no atual Iraque, a cerca de 80 quilômetros ao sul de Bagdá. Numa ocasião, Saddam Hussein nutriu um plano grandioso para reconstruir a cidade, mas foi deposto e finalmente executado antes que pudesse fazer tal coisa. Quão abençoado é passar da ruína da grandeza humana para aquilo que é imutável! “Retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente com reverência e piedade” (Hb 12:28).

W. Scott (adaptado)

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