Origem: Revista O Cristão – Joias

O Remanescente – Passado e Presente

Voltemos por um momento para a última página das Escrituras do Velho Testamento — a profecia de Malaquias. Muitos anos se passaram desde os dias brilhantes de Esdras e Neemias, e temos aqui uma imagem muito triste da condição de Israel. Infelizmente, “o nível inferior” foi rapidamente pisado. É a mesma história triste — “É a tua destruição, ó Israel, estares tu contra Mim”! (Os 13:9) Vamos citar alguns versículos.

“Ofereceis sobre o Meu altar pão imundo e dizeis: Em que te havemos profanado? Nisto que dizeis: A mesa do SENHOR é desprezível … Quem há também entre vós que feche as portas e não acenda debalde o fogo do Meu altar? Eu não tenho prazer em vós, diz o SENHOR dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oblação … dizeis: A mesa do SENHOR é impura, e o seu produto, a sua comida é desprezível. E dizeis: Eis aqui, que canseira! E o lançastes ao desprezo, diz o SENHOR dos Exércitos; vós ofereceis o roubado, e o coxo e o enfermo; assim fazeis a oferta; ser-Me-á aceito isso de vossa mão? diz o SENHOR” (Ml 1:7, 10, 12-13; veja também Ml 3:5-9).

Que condição deplorável de coisas! Contemplar isso é simplesmente de partir o coração. A adoração pública de Deus trazida ao desprezo total; os religiosos ministros trabalhando apenas sob contrato; suborno e corrupção em conexão com o santo serviço de Deus; toda forma de depravação moral praticada entre o povo. Em suma, este era um cenário de profunda escuridão moral, deprimente além do que se possa imaginar para todos os que se importavam com os interesses do Senhor.

Meu especial tesouro 

No entanto, mesmo no meio dessa terrível cena, temos uma figura mais tocante e notável de piedade. Como sempre, há um remanescente – uma companhia amada que honrou e amou o Senhor, e encontrou n’Ele o seu centro, o seu objeto, o seu deleite. “Então, aqueles que temem ao SENHOR falam cada um com o seu companheiro; e o SENHOR atenta e ouve; e há um memorial escrito diante d’Ele, para os que temem ao SENHOR e para os que se lembram do Seu nome. E eles serão Meus, diz o SENHOR dos Exércitos, naquele dia que farei, serão para Mim particular tesouro [joias – ACF]; poupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o serve” (Ml 3:16-17).

Quão maravilhoso é tudo isso! Que contraste com a condição geral das coisas! Podemos percorrer toda a história da nação e não encontrar nada comparado a isso. Onde lemos sobre “um memorial escrito diante d’Ele”? Em nenhum lugar; nem mesmo em meio às brilhantes vitórias de Josué e Davi, ou aos esplendores de Salomão. Pode-se dizer que não havia necessidade, mas esse não é o ponto. O que temos a ponderar é o impressionante fato de que as palavras e os caminhos daquele fraco remanescente, no meio da abundante maldade, eram tão revigorantes para o coração de Deus que Ele tinha um livro de lembranças escrito a respeito deles. Podemos afirmar com segurança que a comunhão desses amados foi mais grata ao coração de Deus do que os cantores e trompetistas nos dias de Salomão. “Aqueles que temem ao SENHOR falam cada um com o seu companheiro”. “Para os que temem ao Senhor, e para os que se lembram de Seu nome”. Havia devoção individual, apego pessoal; eles amavam o Senhor; e isso os uniu.

Eles amavam o Senhor 

Nada pode ser mais maravilhoso. Quem dera que houvesse mais disso no nosso meio! Essas queridas pessoas não estavam fazendo nada muito grande ou vistoso na visão do homem, mas amavam o Senhor, pensavam n’Ele, e seu apego comum a Ele os unia para falar d’Ele. Isso dava um encanto às suas reuniões que gratificaram e refrescaram o coração de Deus! Destacava-se em um brilhante e belo constraste, da obscuridade de uma fria rotina com que estavam cercados. Elas não estavam ligadas por certos pontos de vista ou opiniões que tinham em comum, embora sem dúvida tivessem seus pontos de vista e opiniões. Também não eram mantidas juntas por serviços ritualísticos ou observâncias cerimoniais. Não, elas tinham algo muito melhor e mais elevado do que qualquer uma dessas coisas; foram atraídas e unidas por profunda devoção pessoal ao Senhor, e isso era agradável ao Seu coração. Ele estava cansado de todo o sistema de ritualismo, mas revigorado pela devoção genuína de algumas almas preciosas que se reuniam sempre que podiam para falar umas com as outras e encorajar umas às outras no Senhor.

Quem dera houvesse mais disso entre nós! Nós ansiamos por isso, e nosso único desejo sincero ao escrever este artigo é promover tal coisa. Tememos muito a influência, que atrofia e paralisa, do mero formalismo ou rotina religiosa – entrar em um ritmo e continuar dia após dia, semana após semana, ano após ano, de uma maneira pobre, fria e formal. Isso é muito ofensivo para o coração amoroso de nosso adorável Senhor e Salvador, que deseja estar cercado por uma companhia de seguidores sinceros e devotos, fiéis ao Seu nome, fiéis à Sua Palavra, fiéis uns aos outros por amor a Ele, procurando servi-Lo de todas as maneiras corretas, enquanto aguarda ardentemente Sua bendita Aparição. Que o Espírito de Deus trabalhe poderosamente no coração de todo o Seu povo, curando, restaurando, reavivando e mantendo uma companhia fiel para dar as boas-vindas ao Noivo celestial! Vamos clamar ao nosso gracioso Deus por isso.

C. H. Mackintosh

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