Origem: Revista O Cristão – Esdras
O Remanescente Restaurado
O livro de Esdras relata a história dos judeus que retornaram à sua terra natal após 70 anos do domínio dos reis da Babilônia. Mostra os caminhos de Deus para com o remanescente que retornou depois da ruína geral no que foi confiado a eles. O processo começou com a Comissão de Ciro, rei da Pérsia, para que os judeus retornassem a Jerusalém para reconstruir a casa de seu Deus. No segundo versículo de Esdras, Ciro afirma que o Deus do céu lhe tinha dado os reinos da Terra e lhe tinha encarregado da construção de Sua casa em Jerusalém. O convite era individual, e muitos responderam juntamente com suas famílias. Outros os ajudaram dando-lhes bens, porém permaneceram na Babilônia. Quase 50.000 voltaram, porém esse era apenas um retorno parcial – um remanescente. Ciro mandou com eles os vasos do templo que foram mantidos desde o cativeiro na Babilônia. A cada pessoa foi confiado algo para levar de volta a Jerusalém.
Eles constroem um altar
A primeira coisa que fizeram quando chegaram à cidade arruinada de Jerusalém foi construir um altar ao Senhor. Comemoraram a festa dos tabernáculos e começaram a oferecer diariamente os holocaustos, como também outros sacrifícios e ofertas. Louvaram ao Senhor e começaram a construir as fundações do templo. Não vemos nenhuma oposição no capítulo 3, porém isso não duraria muito. Os inimigos na terra enfraquecem as mãos dos construtores e contratam conselheiros para irem contra eles. A sequência dos capítulos 4-6 é uma lição de como Deus trabalha com os governantes do mundo a respeito do remanescente de Seu povo para a sua preservação e testemunho ao Seu nome.
A ordem para parar
Os adversários de Judá levantaram oposição durante os reinados sucessivos dos reis da Pérsia. Durante o curto reinado de Assuero (Esmérdis), foi enviada uma carta a ele vinda dos adversários dos homens de Judá, que por sua vez resultou no decreto de uma ordem do rei para que parassem a construção. Os adversários prontamente subiram até Jerusalém e fizeram os homens de Judá parar pela força e poder. Então a construção ficou parada até o segundo ano do reinado de Dario (Histaspes). Apesar da ordem histórica dos acontecimentos em relação a esses reis não ser clara, é fato que Deus permitiu mudanças repentinas dos reis do Império Medo-Persa na época. Entre outras razões, foi por causa do remanescente de Israel em Jerusalém.
Podemos perguntar por que o Senhor permitiu uma dificuldade como aquela, ou seja, uma ordem vinda do rei para que parasse a construção? Por que essa alteração do Decreto original? Deus não moveu Ciro para abrir a porta para os judeus retornarem e construir o templo? Eles deveriam se submeter à autoridade dos reis gentios? Aquele foi um teste vindo de Deus. Ele estava sondando seus corações para que fossem provados e tivessem a fé fortalecida n’Ele. Não foi suficiente para os judeus construir somente de acordo com as diretivas de Ciro. A reconstrução do templo deveria ser em uma base mais firme, e assim, deveriam agir pela fé em Jeová, eles eram o povo de Deus, representantes de Jeová. Ele os estava reestabelecendo como Seus sacerdotes em Jerusalém, porém, os reis gentios continuaram a governá-los, Deus, porém, estava acima de todos eles. Os judeus, sendo um remanescente procurando recuperar o que tinha sido perdido, não poderiam apenas retornar e continuar de onde as coisas tinham parado antes do cativeiro. Deus os castigou e os removeu do lugar privilegiado que tinham por causa dos seus pecados e falhas. Aquelas coisas precisavam ser resolvidas, por isso, Deus usou os adversários do povo para que eles resolvessem o problema. Permitiu que o rei exigisse que o trabalho parasse. Eles deveriam comprar a verdade.
As profecias de Ageu e Zacarias
Naquele tempo Ageu e Zacarias profetizaram no nome do Deus de Israel àqueles que estavam em Jerusalém e em Judá. Ageu disse-lhes em primeiro lugar: “Considerai os vossos caminhos” (Ag 1:5 – TB). Eles continuaram construindo suas próprias casas, porém se esqueceram da casa do Senhor. Então Ageu trouxe a mensagem do Senhor, “Eu Sou convosco, diz o SENHOR” (Ag 1:13). Após atravessar esses exercícios de alma, receberam um mandato diretamente do Senhor. Era apropriado para eles obedecerem e prosseguirem com a construção, então, Deus Se comunicou com eles através dos dois profetas. Ele podia dar ordens por meio dos profetas, bem como por meio dos reis gentios. Isso traz uma pergunta: Eles deveriam obedecer ao rei? Ou deveriam obedecer aos profetas? Zorobabel e Josué juntamente com os profetas recomeçaram a construção
“Quais são os nomes?”
Tatenai, o governador dalém do rio, ouviu sobre isso e veio perguntar quem havia dito para que retomassem a construção. Quiseram saber os nomes daqueles que estavam construindo, com certeza, para que assim isso pudesse ser informado. A resposta dada à questão mostra o fruto do exercício que eles passaram. Eles simplesmente deixaram como tinha sido dito: “Quais são os nomes dos homens que fazem este edifício?” Em outras palavras, os nomes dos construtores não era o que mais importava, pois eles não foram dados. O verdadeiro problema era a ordem para reconstruir. Para fundamentar isso, os homens de Judá deveriam voltar e reconhecer sua história passada. “E esta resposta nos deram, dizendo: Nós somos servos do Deus dos céus e da Terra e reedificamos a casa que foi edificada muitos anos antes, porque um grande rei de Israel a edificou e a aperfeiçoou. Mas, depois que nossos pais provocaram à ira o Deus dos céus, Ele os entregou nas mãos de Nabucodonosor, rei de Babilônia, o caldeu, o qual destruiu esta casa e transportou o Seu povo para Babilônia. Porém, no primeiro ano de Ciro, rei de Babilônia, o rei Ciro deu ordem para que esta Casa de Deus se edificasse” (Ed 5:11-13). Isso foi um reconhecimento de sua relação com Deus e do seu fracasso passado nessa relação que trouxe o juízo de Deus sobre eles. O pequeno remanescente não tomou uma posição elevada a respeito da sua própria justiça. Mas, em vez disso, eles tomaram a posição de servos do Deus dos céus e da Terra. Foi Ele Quem fez com que Nabucodonosor os levasse embora. Agora eles retornaram sob a autoridade de Deus e de Ciro. Esta é a posição que cada remanescente deve tomar.
A resposta do rei
Quando estes assuntos foram enviados em uma carta ao rei Dario, que tinha sido, havia pouco tempo, sido feito governante, o rei pediu uma busca nos arquivos. Verificou-se que, na verdade, Ciro tinha feito um decreto sobre a casa de Deus em Jerusalém. O decreto foi feito cerca de 17 anos antes. O rei então enviou uma resposta a Tatenai, o governador, dizendo em termos inequívocos que permitisse aos judeus a reconstrução. Além disso, ele recebeu ordens para ajudar com as despesas, e provisões também foram dadas para a edificação, incluindo animais “para holocausto ao Deus dos céus, trigo, sal, vinho e azeite, segundo o rito dos sacerdotes que estão em Jerusalém, desse-lhes de dia em dia, para que não haja falta” (Ed 6:9). “O coração do rei está na mão do Senhor”, e o Senhor moldou seu coração para permitir que a edificação continuasse.
Posição do remanescente
O remanescente judeu tomou seu próprio lugar, reconhecendo o seu fracasso passado e voltando-se para o Senhor. Ele deu Sua Palavra por meio dos profetas para que edificassem, e eles começaram a construção, mesmo sem outra ordem do rei e Ele honrou a fé que tiveram. Quantas vezes nós gostamos de tomar os problemas em nossas mãos, quando as coisas dão errado. Em Esdras, os judeus não emitiram uma carta ao rei para contradizer a carta de seus inimigos. E conosco deve ser assim também. Quando o adversário vem, devemos simplesmente nos render, fazendo bem pouco, ou nada. Eles se levantaram e trabalharam quando tudo ia contra eles. O pequeno remanescente demonstrou sua fé no Senhor, tendo julgado em si mesmos o que seus pais não julgaram. A ordem para parar a construção foi permitida para que tudo isso se concretizasse.
Nossa posição no testemunho Cristão de hoje é como a do remanescente judeu que retornou a Jerusalém. Tal posição não pode se basear na premissa de que somos melhores do que outros, ou que temos melhores ensinamentos e piedade. E nem devemos desistir de construir por falta da ajuda de outros, pois Deus quer que construamos Sua casa e Ele nos chama para construção (1 Co 3:19; 2 Tm 2:21). Quando a oposição vem, temos que olhar para Ele com fé. Ele disse, “onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, aí estou Eu no meio deles” (Mt 18:20). Individualmente, quando nós O ouvimos dizer, “Eu estou convosco”, podemos contar com Ele para abrir as portas, como está escrito, em Apocalipse 3, àqueles que mantiveram Sua Palavra e não negaram Seu nome, em Filadélfia. “Eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar” (Ap 3:8).
