Origem: Revista O Cristão – Conhecimento
Renovado no Conhecimento
Em Colossenses 3:10 (RA), nós lemos que “vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daqu’Ele que o criou”. Em Efésios 4:24, vemos: “vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (ARA). É instrutivo notarmos a diferença entre essas expressões similares nos dois livros.
Nossa língua inglesa (e portuguesa) não nos permite ver as distinções mais refinadas que o Espírito de Deus aplica nas Escrituras. Em Efésios 4:24 a expressão “novo (kainos) homem” é expressa por uma palavra totalmente diferente da que encontramos em Colossenses 3:10, pois o grego tem duas palavras diferentes para se referir a “novo”, enquanto no inglês temos apenas uma (bem como no português). Uma palavra no grego implica que é algo que nunca foi visto antes, tal como quando dizemos “isto é uma novidade”. A outra palavra grega significa que é algo novo daquele tipo, mas que tem sido visto antes com frequência, como podemos dizer na primavera “as novas folhas estão aparecendo”.
Efésios fala do primeiro significado da palavra, um “novo homem”, que não é Adão em sua inocência, nem mesmo Adão justo perante a lei, mas um tipo totalmente novo de homem. O novo homem aqui é “criado em verdadeira justiça e santidade” (ou, “santidade da verdade”). Essa mesma palavra é usada para os “odres novos” (Mt 9; Lc 5), onde o vinho novo deve ser posto. É usado também em Mateus 26:29, quando o Senhor vai tomar a taça de vinho “novo” no reino de Seu Pai. Assim, “Um novo mandamento vos dou” (Jo 13:34), e “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21:5).
Renovado
O “novo” (neos) de Colossenses 3:10 é diferente, pois ali não fala do novo homem em espécie, mas o revestir-se na prática do novo homem (porque já o temos vestido, pela morte e ressurreição de Jesus), isto é, a vida prática na qual vivemos aqui. No entanto, mesmo isso sendo verdade, a palavra “renovado” (anakainoō) é composta pelo primeiro significado da palavra novo (mencionado anteriormente), de modo que enquanto a prática do novo homem é a ideia principal aqui, deve haver um cuidado para mostrar que é um tipo totalmente novo de homem que nos revestimos.
Resumindo, as duas palavras são características das Epístolas em que são encontradas. Em Efésios 4 é um “novo homem” em contraste com o velho e tudo o que aconteceu antes. Em Colossenses 3 é a nova vida na qual vivemos de forma prática, mas se tem o devido cuidado de mostrar pela palavra “renovado” que é algo inteiramente novo, primeiramente formado por Deus e em consequência renovado para sermos como Ele é, pelo julgamento prático do mal que há dentro de nós. A natureza de Deus toma seu lugar de forma mais plena por esse despojar do velho homem e suas obras, e por nosso aprofundamento no conhecimento d’Ele como sendo luz e amor.
Pleno Conhecimento Pessoal
A palavra “conhecimento” é muito impressionante aqui. Não é a mesma que é usada para “conhecimento” em outras partes das Escrituras. Ela significa um pleno conhecimento pessoal, pelo qual eu reconheço uma pessoa, como quando digo: “Eu conheço este homem”. É o conhecimento meditado e conhecido subjetivamente na alma. Veja Colossenses 1:9, onde a mesma palavra é usada para o conhecimento de Sua vontade, e no verso 10, onde é usada em: “frutificando em toda boa obra e crescendo no conhecimento de Deus” como deve ser lido na passagem.
Existe um bom exemplo do uso dessas duas palavras em 2 Pedro 1:5 e 8. Ele deseja (v. 5) que possamos acrescentar “à virtude, a ciência” e no verso 9, que assim não seremos estéreis no conhecimento, ou na plenitude do conhecimento do nosso Senhor Jesus Cristo. O primeiro foi o conhecimento recebido, como objetivamente apresentado à alma. O último era o mesmo conhecimento meditado e conhecido subjetivamente. Esse é um dos belos toques que Deus deu nas Escrituras, através da pena e do coração de um pescador galileu indouto!
Não pretendo fazer uma exposição crítica ao destacar essas palavras, mas apresentar o que me interessou nas características do uso delas nas Escrituras.