Origem: Revista O Cristão – O Lar, Um Santuário
Resistindo Firme e Amparando a Verdade
“E agora, senhora, rogo-te, não como escrevendo-te um novo mandamento, mas aquele mesmo que desde o princípio tivemos: que nos amemos uns aos outros… Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras” (2 Jo 5, 10-11).
Uma carta inspirada a uma senhora e aos seus filhos! Esta breve carta é a única a esse respeito no Novo Testamento.
Um dos últimos dos escritos inspirados enfatiza que na fraqueza Deus manifesta Seu poder. Quando os homens em tempos passados abandonaram a verdade e falharam com o Senhor, as mulheres permaneceram firmes e mantiveram os fundamentos para Deus. Isso vemos quando Maria de Betânia derramou seu precioso unguento sobre Ele, enquanto Seus discípulos discutiam sobre quem deveria ser o maior. Também vemos isso quando Maria Madalena permaneceu sozinha em Seu túmulo vazio, enquanto o resto buscava o conforto de suas próprias casas. Esses são exemplos de devoção que nunca serão esquecidos, juntamente com a fidelidade desta senhora cujo nome não sabemos que manteve a si mesma e sua casa para o Senhor.
Ela pode ter vivido em uma grande cidade pagã onde pode ter havido uma assembleia Cristã; não sabemos ao certo. Mas qualquer que fosse a condição das coisas onde ela morava, essa senhora e seus filhos permaneceram fiéis ao Senhor. Assim, não é uma exibição de fraqueza que nos é dada nesta epístola, mas “de poder, de amor e de moderação” (2 Tm 1:7 – ARA). É uma coisa abençoada quando um grupo de Cristãos continua firmemente em seu caminhar na mesma senda, mas, neste caso, era uma família que andava na verdade, e isso muito alegrou o coração do apóstolo.
A doutrina de Cristo
A instrução dada aqui deve ser atendida por todos os santos que desejam ser fiéis ao Senhor, seja individual ou coletivamente, pois a exclusão rígida da doutrina do mal aqui mencionada é de suma importância. Mas a carta não foi escrita para uma assembleia de santos, mas para uma senhora – possivelmente uma viúva – e seus filhos. Isso deve ser um grande encorajamento para nós, pois mostra o que a graça e o poder de Deus podem fazer por aqueles que d’Ele dependem.
As tentativas do diabo para quebrar a fidelidade desta senhora a Cristo tinham falhado; ele não tinha sido capaz de capturar a casa dela. Aquele lar tinha permanecido firme na presença dos ataques do diabo, então ele mudou suas táticas e tentou, sutilmente, realizar o que ele não tinha conseguido fazer pela força. O apóstolo sabia disso, e escreveu a ela para avisá-la de que, se alguém fosse àquela casa sob o disfarce de um ministro Cristão, mas não trazendo a doutrina de Cristo, suas portas deveriam ser fechadas contra ele.
A atmosfera do amor
Mas havia outro perigo que ameaçava de dentro, e eles precisavam ser lembrados do mandamento do Senhor. João tinha, muitas vezes, insistido com eles, e agora ele escreve a mesma coisa para eles: “Que vos ameis uns aos outros”. O amor é também a atmosfera em que os filhos de Deus vivem e prosperam; é o poder que inspira toda a verdadeira atividade. Sem isso, um homem não é nada, mesmo que ele possa defender rigidamente a pureza da doutrina. Que prazer o Senhor poderia encontrar em um homem que, embora recusasse toda cumplicidade com um herege, não amasse seus irmãos?
Onde o mandamento do Senhor é guardado, seja na assembleia ou na casa, ali Ele é supremo. Mas aqui não é apenas o mandamento do Senhor, mas o mandamento do Pai. Como é maravilhoso que a graça tenha colocado os santos no caminho da obediência à vontade do Pai – um caminho trilhado perfeitamente pelo Senhor quando esteve aqui, e no qual devemos ser Seus seguidores! Em Sua humilde obediência ao mandamento de Seu Pai, Ele foi mantido pela mão do Pai e permaneceu no amor de Seu Pai. E nós também, se o nosso coração está pronto para esse caminho, encontraremos ajuda da mesma fonte, a mais abençoada de todas as bênçãos! Contemplemos isso na presença de Deus, nosso Pai, e não temamos mais o poder ou a sutileza do diabo, pois disso aprendemos que a assembleia, o lar ou o indivíduo que está determinado a andar na verdade é o objeto do cuidado especial do Pai.
Andando na verdade
“Andar na verdade” não significa que simplesmente mantemos intactas as doutrinas do Cristianismo. Envolve isso, certamente, mas é mais; é obediência ao Pai e amor uns aos outros. Além disso, como a carta revela, significa resistir a todas as tentativas de se introduzir ensinamentos subversivos contrários ao que aprendemos desde o início.
A obediência ao mandamento do Pai resultará em amor uns aos outros e nos tornará valentes pela verdade. O verdadeiro amor não fecha os olhos ao mal. Ele não é aquele amor falso e fraco que prega uma fraternidade universal e está de acordo com qualquer homem que seja convincente e popular, não importando qual seja a doutrina dele. Tal fraternidade como essa é do diabo, produzida pela frouxidão moderna em assuntos espirituais. Que coisa surpreendente é que toda doutrina que desonra a Deus e nega a Cristo, que sempre foi propagada sob o Sol, encontre na Cristandade um lar! E, no entanto, é o cumprimento da parábola da grande árvore de mostarda onde as aves imundas do ar encontram pousada (Mt 13:31-32). Não devemos ser pegos de surpresa quando encontrarmos tal situação.
Mal exterior – Verdade interior
O verdadeiro amor tem zelo pela verdade. Ele não saudará o herege e se afastará dele, evitando as associações onde ele é tolerado. Aquele que nega a verdade de Cristo é um enganador e um anticristo, e se relacionar com ele é agir como um traidor do Senhor. O verdadeiro amor fechará a porta contra o mau mestre, pois sabe que se Cristo deve ser mantido dentro, o enganador e o anticristo devem ser mantidos fora. Também sabe que, se a má doutrina for admitida, as próprias fontes da vida serão envenenadas e que toda verdadeira piedade murchará e morrerá, pois aquele que “não permanece na doutrina de Cristo não tem Deus” (JND). Se Deus for tirado de nós, que vida teremos? Assim, como uma mãe se recusaria a permitir que alimentos poluídos ou envenenados entrassem na casa e na mesa onde seus filhos se alimentam, o verdadeiro amor manterá muito distante tudo o que não é a verdade. E se isso não pode ser feito na Igreja em geral, então deve ser feito no lar Cristão; é privilégio e responsabilidade da cabeça, bem como de cada membro dela, ser valente e diligente a esse respeito. Que a graça e a misericórdia de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai, mantenham muitos na verdade até que vejamos o Salvador face a face, quando nosso gozo será pleno.