Origem: Revista O Cristão – Ressurreição
Ressurreição Dentre os Mortos
Em Filipenses 3:11 lemos: “para ver se, de alguma maneira, eu possa chegar à ressurreição dos [dentre os – ARA] mortos”. A glória da ressurreição é o ponto para o qual os anseios do verdadeiro Cristão sempre tendem. Não importa de que maneira ele deve chegar a esse ponto. Ele anseia alcançar a glória “de alguma maneira”.
Pode ser que encontremos dificuldade na palavra “se”, como se implicasse uma dúvida na mente do apóstolo quanto à segurança do fim a ser alcançado por ele. Não acreditamos que ele tivesse tal pensamento. A ideia é simplesmente esta: ele tinha o objetivo diante de si, e estava ansiosamente prosseguindo para isso. Sua visão estava cheia dela, seu coração estava voltado para ela, e ele era bastante indiferente quanto à “maneira” pela qual ele deveria alcançá-la.
Pode ser interessante observar que a palavra que é traduzida como “ressurreição” (“exanastasis” em grego) ocorre, tanto quanto sabemos, apenas nesta passagem, e significa propriamente “ressurreição dentre”. A palavra “anistemi”, ou ressurreição, ocorre cerca de quarenta e duas vezes no Novo Testamento, e é aplicada ao amplo fato da ressurreição. Mas a palavra usada aqui no versículo onze está moralmente ligada à expressão em Marcos 9:10 (ARA) – “perguntando uns aos outros que seria o ressuscitar dentre os mortos”. Os discípulos não teriam encontrado nenhuma dificuldade no pensamento da ressurreição como tal, visto que todo judeu ortodoxo acreditava nela. Mas uma “ressurreição dentre os mortos” era algo estranho para eles.
A esperança adequada do Cristão
Assim, a esperança adequada do Cristão não é meramente “ressurreição dos mortos”, mas “ressurreição dentre os mortos”. Isso faz uma diferença muito significativa. Ela deixa completamente de lado a ideia de uma simultânea ressurreição geral. Falar de uma ressurreição dentre os mortos obviamente implica que nem todos ressuscitarão juntos. Apocalipse 20:5 nos ensina que haverá 1.000 anos entre as duas ressurreições, mas é importante ver que a própria palavra “dentre”, usada pelo apóstolo para expressar aquela ressurreição que ele estava esperando, é bem diferente daquela geralmente empregada para estabelecer o pensamento geral da ressurreição. Por que isso acontece? Simplesmente porque ele quis dizer uma coisa especial e, portanto, usou uma palavra especial – uma palavra que, como dissemos, ocorre apenas neste lugar.
É profundamente solene lembrar que o povo do Senhor se levantará dos sepulcros e deixará para trás as cinzas dos ímpios mortos decompondo-se por mais 1.000 anos. Esse pensamento pode parecer loucura para o homem natural, mas a Escritura ensina isso, o que é suficiente para o Cristão. A ressurreição da Igreja será baseada no mesmo princípio e terá o mesmo caráter que a ressurreição de Cristo; será “uma ressurreição dentre os mortos”. Que o nosso coração esteja voltado para essa meta gloriosa!