Origem: Revista O Cristão – Água
Restauração a Comunhão
A bezerra ruiva
Em Números 19, aprendemos o excessivo zelo do Senhor contra o pecado, não no sentido de culpa, mas de contaminação. Isto Ele mede pelo Seu santuário. Temos parte com isso e nada impuro pode ser permitido. Uma vez que somos verdadeiramente salvos, “o todo está limpo” (Jo 13:10), mas a lavagem dos pés é necessária. Nós pertencemos ao santuário e ainda estamos no mundo, embora não sejamos do mundo (Jo 15:19; 17:14); precisamos ter uma correta estimativa de ambos. Mesmo se apenas tocarmos um pouco no mal, um remédio é necessário. Ainda assim, o remédio não é para a questão de justificação, mas da comunhão. O pecado impede a comunhão – impede minha entrada ousada no Santo dos Santos. Como é que isso é possível? O sangue da novilha imaculada, representando a Cristo que não conhecia pecado e Aquele não podia ser subjugado por ele, foi aspergido diante do tabernáculo sete vezes; isto é, diante do lugar da comunhão, não da expiação. A oferta pelo pecado foi queimada fora do arraial, mas o sangue da bezerra ruiva foi aspergido sete vezes onde nos encontramos com Deus em comunhão. Isso marca a plena eficácia do sangue de Cristo quando eu me encontro com Deus. O corpo foi reduzido a cinzas, como Cristo foi julgado e condenado pelo que fui capaz de ser descuidado; mas Deus não é descuidado, e me faria sensível ao pecado. Cristo teve que sofrer por isso, e isso se foi; mas a visão do Seu sofrimento me mostra o horror dele.
Contaminação
Quando alguém se contaminou, lemos: “Para um imundo, pois, tomarão do pó da queima da expiação e sobre ele porão água viva num vaso. E um homem limpo tomará hissopo, e o molhará naquela água, e a espargirá sobre… as almas” (Nm 19:17-18). A água aqui fala da Palavra de Deus, aplicada pelo Espírito, não para dar nova vida, mas para restaurar a comunhão. Nos termos do Novo Testamento, é “a lavagem da água, pela Palavra” (Ef 5:26).
Deus tem um olhar que discerne os pensamentos e intenções do coração, e Ele quer que possamos discernir também, e sem isso não pode haver comunhão. Mas não voltamos à comunhão tão depressa quanto saímos dela. Sete dias decorreram na figura antes que houvesse restauração completa. O Espírito toma e aplica as cinzas na água da purificação (isto é, a lembrança da agonia de Cristo e o que a ocasionou), e nos faz sentir o horror do pecado de maneira prática.
Quando olho para o meu pecado com horror, mesmo no sentido da graça que o encontrou, é um sentimento correto, mas isso não é comunhão, é um julgamento santo do pecado na presença da graça. Assim, houve uma segunda aspersão, não no terceiro dia, mas no sétimo, e após isso há comunhão com Deus. Nós vemos que a perfeita graça por si só mantém o senso de perfeita santidade. O resultado, no final, é que aumentamos no conhecimento de Deus, tanto quanto à santidade e o amor. Provavelmente estivemos fora da comunhão antes de pecarmos, ou não teríamos cedido. Como eu vim a cair? Por causa do descuido que me deixou fora da presença de Deus, e me expôs ao mal de fora e de dentro.
