Origem: Revista O Cristão – Sal
Sal
O sal é necessário para a vida, tanto para o homem como para o animal, e é um meio de purificar o corpo. O sal é um componente necessário do sangue humano e animal.
“O sal é certamente bom; caso, porém, se torne insípido[1], como restaurar-lhe o sabor?” (Lc 14:34 – ARA).
[1] N. do T.: Sem sabor. ↑
O sal não pode temperar a si mesmo. Como não beneficia a si mesmo, destina-se a ser usado por outros. O sal é uma figura do poder da santa graça no homem. Um verdadeiro crente é comparado ao sal que dá sabor ou que tempera, e conserva. Ele age como um sabor moral, e enquanto o crente estiver neste mundo, ele é um preservador.
O sal não é algo feito com base em uma mistura, mas é encontrado em seu estado natural.
“Também se lhes dê, dia após dia, sem falta, aquilo de que houverem mister: novilhos, carneiros e cordeiros, para holocausto ao Deus dos céus; trigo, sal, vinho e azeite, segundo a determinação dos sacerdotes que estão em Jerusalém” (Ed 6:9 – ARA). Que lição aqui — “dia após dia”!
O trigo é Cristo para nosso alimento, enquanto lemos e oramos e somos edificados em nossa fé santíssima. O sal é o poder separador da santidade, que nos mantém afastados do mundo e do mal, por dentro e por fora. O vinho fala da alegria constante de se alimentar de Cristo, o resultado do Espírito Santo no íntimo. O óleo, uma figura do Espírito Santo, nos lembra que estamos selados até o dia da redenção, o penhor que nos assegura o tempo em que teremos corpos glorificados, além de nos dar felicidade presente. A unção é a presença e energia do Espírito de Deus em inteligência e poder.
“… e sal à vontade” (Ed 7:22 – ARA).
O Espírito Santo dá discernimento espiritual quanto à graça e à devoção.
“A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um” (Cl 4:6). O Senhor Jesus pôde dizer: “[Eu Sou] exatamente o que venho dizendo que Sou” (Jo 8:25 – AIBB).
A separação aqui diz respeito ao que dizemos, que deve ser com graça para edificação de outros. Essa é uma finalidade do sal. O sal é o poder interior de energia e de santidade em graça, devoção a Deus e separação do mal. Não há vida sem sal e não há vida no sal. Até a comida não tem sabor sem ele.
“Pode-se comer sem sal o que é insípido?” (Jó 6:6).
Quão vívida é a imagem diante de nós ao vermos as propriedades do sal de uma maneira moral ou espiritual! O sal limpa ao rejeitar tudo o que está no íntimo que é contrário a Deus. Como o sal tempera e dá sabor, assim faz o crente de uma forma moral. Para alguém cuja vida é um sacrifício, o sal é um conservador. Ele liga a alma a Deus e interiormente preserva do mal por causa do poder da santa graça e da devoção.
O crente é comparado ao sal.
“Vós sois o sal da Terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor?” (Mt 5:13 – ARA).
Se ele perder o seu sabor ou o seu propósito aqui, ele não serve para nada. Aqueles que se oferecem a Deus, que foram separados para Ele, são o sal da Terra.
O sal para o discipulado[2] é a energia interior que liga e dedica o coração a Deus em um serviço de compromisso e desejo. Assim, o sal é o poder de separação da santidade. O que é bom deve ser temperado com sal.
[2] N. do T.: Esta palavra significa estritamente “aluno” ou “aprendiz”. O Senhor Jesus tinha Seus discípulos: os apóstolos que Ele escolheu para estar com Ele são chamados de Seus “doze discípulos” (Mt 11:1); mas em outros lugares o termo é aplicado a todos os que seguiram ao Senhor ↑
“Ele (Eliseu) disse: Trazei-me um vaso novo e ponde nele sal. E lho trouxeram. Então, saiu à fonte das águas, e deitou nela sal e disse: Assim diz Jeová: Curei estas águas; elas não serão mais a causa de morte nem de esterilidade” (2 Rs 2:20-21 – TB).
Aqui encontramos Jericó sob maldição, assim como está o mundo pelo qual passamos. Tudo aquilo que refresca (“águas”) está estragado. Deve haver um novo vaso, uma nova natureza, então deve haver sal nesse novo vaso. Nunca pode haver bênção ou refrigério, a menos que haja devoção pessoal a Cristo, e a menos que a fonte das águas (completa dependência de Deus) seja alcançada, onde a santa graça é exercida. O sal deve ser lançado na fonte das águas. Somente Deus, lançando sal na fonte das águas, pode curar da maldição as águas na cidade, e devemos ter a energia espiritual para fazê-lo. Esta é a energia da fé pessoal que depende inteiramente de Deus.
Tanto em adoração quanto em serviço, como numa oferta consagrada, não deve faltar o sal da santa graça e devoção. O Velho Testamento fala de ofertas e sacrifícios. Nem todos se aplicam à expiação. Muitos deles são figuras do crente em sua atividade normal. “Vós sois o sal da Terra” (Mt 5:13). Além disso, aprendemos como o crente deve oferecer sua vida e serviço a Deus aqui embaixo. Tudo isso foi escrito para o nosso ensino. Isso não quer dizer que o homem possa, em si mesmo, prover alguma coisa para Deus nem para si mesmo, mas pode haver devoção, uma resposta do coração, percebida por Deus e muitas vezes um testemunho na Terra para Sua glória.
“E, acabando tu de o purificar, oferecerás um bezerro sem mancha e um carneiro do rebanho sem mancha. E os oferecerás perante a face do SENHOR; e os sacerdotes deitarão sal sobre eles e os oferecerão em holocausto ao SENHOR” (Ez 43:23-24).
O bezerro fala da grandeza da apreciação do que Cristo, em Sua oferta, é para Deus. O discernimento disso se dá por meio do sal, da inteligência interior, bem como da santa graça e devoção. Quão frequentemente precisamos nos julgar quanto a isso! É justo dar a Deus o máximo em devoção, seja em adoração ou sacrifício, e o sal deve sempre acompanhá-los.
“E toda a oferta dos teus manjares salgarás com sal; e não deixarás faltar à tua oferta de manjares o sal do concerto do teu Deus; em toda a tua oferta oferecerás sal” (Lv 2:13).
“Porventura, não vos convém saber que o Senhor Deus de Israel deu para sempre a Davi a soberania sobre Israel, a ele e a seus filhos, por um pacto de sal?” (2 Cr 13:5 – AIBB).
O reino de Davi foi fundado sobre um pacto de sal, devoção perpétua de responsabilidade. Somente Cristo pode preencher este lugar de eterna devoção e graça quanto ao reino.
“Porque cada um será salgado com fogo” (Mc 9:49).
O fogo representa o próprio caráter de Deus e é o padrão que testa as pessoas quanto à realidade. Se há falha, Ele corrige; se irrealidade, Ele julga.
“E cada sacrifício será salgado com sal” (Mc 9:49).
Tudo o que é feito para Cristo é testado para ver se é feito em devoção e pela graça. Os esforços da carne não têm lugar em nenhum sacrifício, seja para adoração ou para serviço.
Que essas meditações refresquem nosso espírito para a verdadeira devoção e santa graça.