Origem: Revista O Cristão – O Sangue de Cristo

O Precioso Sangue de Cristo

“Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós” (1 Co 5:7). Essas palavras ligam a história de Sua bendita obra de salvação, pelo derramamento de sangue em Sua cruz, com o derramamento de sangue do cordeiro pascal no Egito. Vamos considerar por um momento o que este derramamento de sangue fez por nossa alma.

Quando Deus estava prestes a resgatar Seu povo de seu estado de cativeiro no Egito e a estabelecer o terreno para Ele levá-los àquela boa e larga terra, uma terra que mana leite e mel, Ele não precisava apenas ter um povo limpo de seus pecados e salvo do juízo que eles mereciam, mas também precisava ter uma resposta justa às reivindicações de Sua própria natureza. Isso Ele encontrou para eles, assim como para Si mesmo, no sangue do Cordeiro.

Você crê no valor que esse sacrifício tem diante de Deus? Acaso Ele não descansou sobre a Sua palavra que disse: “vendo Eu sangue, passarei por cima de vós”?

O sangue era apenas para os olhos d’Ele. Israel estava trancado em suas casas, descansando em Sua palavra; Deus estava, por assim dizer, excluído quando, com a mão erguida, Ele estava em julgamento, e Suas reivindicações foram respondidas pelo sangue, e somente por ele.

E assim é agora para qualquer pecador que se curvar ao seu estado e descansar com fé simples na palavra do Deus vivo e crer no que o precioso sangue de Cristo fez por ele diante de Deus. Quão completa é a resposta naquele sangue por todos os seus pecados! Alguém dirá: “Não é suficiente”? Alguém irá supor que Deus não o aceitou? Alguns podem hesitar e supor que, por não sentirem que tenham paz, a situação ainda é incerta. Eles baseiam seus pensamentos em suas próprias experiências. A fé baseia seus pensamentos no que Deus disse sobre isso e que Aquele que concebeu e planejou esse modo de tratar nossos pecados e Suas reivindicações, e que aceitou o que Ele próprio designou, está eternamente satisfeito. Isso não deixa margem para dúvidas. Tudo está estabelecido, eternamente estabelecido, para todos os que n’Ele creem e a satisfação de Deus no que Seu Filho fez.

Vamos nos voltar para o Novo Testamento e ver o que esse sangue fez por nós e quão plena está na Palavra de Deus a porção assegurada daqueles que assim acreditam.

“Pelo sangue de Cristo chegastes perto” (Ef 2:13) 

Aqui aprendemos a condição daqueles que se mantêm no seu precioso valor diante de Deus. Seu estado anterior é descrito no verso anterior: “Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo”. Essa foi a descrição deles, e essa pode ser a sua descrição. Mais ainda, ele pode ser descrito de forma ainda mais triste em outras partes da Palavra de Deus, pois ele pode não ser um gentio, mas um homem que se diz Cristão. É um gentio que é descrito aqui. Quando nos voltamos para 2 Timóteo 3, encontramos o que Deus nos diz de nós mesmos, se ainda formos incrédulos de coração: “Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te” (vs. 2-5). Assim e de tal maneira Deus descreve o que se professa Cristão, mas que não tem Cristo. Palavras solenes, e bem calculadas para despertar terror no coração sobre o qual caem, a descrição calma, serena e que examina a consciência, que Ele dá. Que o Senhor abra os ouvidos e alcance a consciência de tal pessoa, para que veja sua própria ruína solene e leia esta descrição como sua própria! “Mais amigos dos deleites do que amigos de Deus”.

Em Efésios 2, lemos estas palavras: ”Mas agora.” Quão abençoadamente a Palavra de Deus testifica por si mesma para tais pessoas! Não deixa ao pobre pecador dizer o que acha que o sangue fez por ele; o Espírito de Deus, depois de descrever um lado, acrescenta esta preciosa palavra: “Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto”. Uma vez que estávamos “longe”, “sem Deus”, “sem Cristo” e “sem esperança”, mas agora fomos aproximados pelo sangue de Cristo.

Lavados de nossos pecados (Ap 1:5) 

Uma pessoa assim aproximada precisa mais do que isso. Sua consciência apenas temeria na presença de Deus, a qual apenas revelava sua impureza à Sua vista, e, portanto, Ele coloca uma palavra no coração de tal pessoa: “Aquele que nos amou, e em Seu sangue nos lavou dos nossos pecados” (Ap 1:5).

N’Ele “temos a redenção pelo Seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da Sua graça” (Ef 1:7) 

Aqui encontramos a bendita consciência daquilo que possuímos por sermos perdoados. ”Perdoado” por Deus é uma porção bendita e possuída por todos os que creem em Jesus. Muitos que confiam n’Ele não têm a consciência dessa porção. Muitos não trocariam sua confiança em Cristo por nada neste mundo, mas não são conscientemente possuidores do perdão. Deus os perdoou, mas eles não creem nisso. Eles olham para seu próprio coração pobre e descansam no que pensam e sentem sobre isso. Eles repousam sobre um fundamento arenoso e não repousam sobre a segurança viva, sólida e imperecível da Palavra de Deus. Que esses coloquem seu dedo nesse versículo em Efésios (cap. 1:7) e tentem, se puderem, tomarem para si as palavras que Deus providenciou para a fé e dizer: “Em Quem temos a redenção pelo Seu sangue, a remissão das ofensas”. O coração deles hesita ao olhar para dentro? Ou eles, com ousada fé que honra a Deus, dizem: “Sim, tenho perdão pelo sangue de Cristo”.

“Tendo sido justificados pelo Seu sangue” (Rm 5:9) 

“É Deus Quem os justifica. Quem os condenará?” (ARC) é o desafio do apóstolo. A alma possui e desfruta do perdão como sua porção, e que só pode ser conhecida por si mesma. O inimigo pode acusar, mas na bendita consciência do perdão, não o ouvimos. Quando o apóstolo dirige a alma para Deus como Justificador, não apenas que a alma é justificada diante d’Ele, mas que Ele mesmo a justificou, o inimigo pode acusar em vão. No versículo acima, encontramos a base bendita de Deus considerar o crente justo, ou, em outras palavras, uma pessoa justificada. O sangue foi apresentado a Deus, e ele atendeu às Suas reivindicações – respondeu à natureza justa d’Aquele que não pode contemplar a iniquidade – e por meio dela Deus é livre para agir de acordo com a Sua própria natureza justa ao justificar os ímpios. Quando Ele justifica, quem é que pode condenar? A alma que foi trazida para perto pelo sangue, que foi lavada em Seu sangue e que tem perdão por meio do sangue agora pode descansar em Sua presença, sendo justificada pelo sangue.

“Havendo por Ele feito a paz pelo sangue da Sua cruz” (Cl 1:20) 

Agora, essa alma pode não apenas descansar em Sua presença, estando justificada, mas pode olhar em volta e contemplar com um coração adorador, por fé, a plenitude da Divindade vista em Jesus e saber que, em Seus dias de fraqueza (por assim dizer), quando Seu sangue foi derramado em Sua cruz, a paz do trono de Deus foi eternamente feita. Digo “a paz do trono de Deus” porque, enquanto muitos se alegram, pela graça, em seu próprio futuro e na paz que possuem com Deus – sendo justificados “pela fé” e “pelo sangue” – ainda assim não veem plenamente que a presença brilhante da plenitude de Deus está cheia de paz. É como o lugar sagrado do tabernáculo com as nuvens de incenso, que fala da paz e satisfação do trono de Deus, na perfeição da obra pela qual todas as coisas no céu e na Terra serão reconciliadas e pelas quais temos sido reconciliados com a plenitude da glória da Divindade.

“Em Quem temos a redenção pelo Seu sangue” (Cl 1:14) 

Plena e perfeita é a palavra ”redenção”. Ela implica que não há retorno, nem mudança no que foi feito para aqueles que estão em Cristo. Como Ele é, eles também são neste mundo. Ele nunca desfará o que fez, nunca deixará o lugar bendito como Homem no qual Ele agora entrou por meio da obra da redenção. Assim, aqueles que possuem uma porção n’Ele acham isso tão imutável quanto Ele próprio; eles são redimidos e têm redenção n’Ele. Que descanso da alma! Nenhuma incerteza caracteriza seu destino abençoado! Enquanto tudo é incerto aqui embaixo, tudo é certo lá.

“E por isso também Jesus, para santificar o povo pelo Seu próprio sangue, padeceu fora da porta” (Hb 13:12) 

Tão certamente possuímos n’Ele a glória nas alturas, quanto certamente isso nos coloca no lugar da rejeição aqui. Santificados por sangue! Separados do homem e colocados no lugar que Jesus tinha aqui embaixo. Essa é a porção dos redimidos. Quantos deles se contaminam e partem deste lugar e abraçam o mundo novamente! No entanto, tão certo quanto o sangue de Cristo nos deu um lugar no resplendor da glória da presença de Deus, onde se manifestam as perfeições e o valor do precioso sangue de Cristo, assim certamente é o nosso lugar e porção enquanto na Terra para nos identificar com nosso Mestre e Senhor “fora da porta”. Foi aqui que Ele sofreu pelos nossos pecados e por Deus. Aqueles que sofrem por Ele “levando o Seu vitupério” não têm aqui nenhuma cidade permanente, mas buscam uma que ainda virá.

Que possamos saber pela porção de nossa própria alma que nós, pelo sangue, fomos “trazidos para perto”, “lavados”, “perdoados” e “justificados”, que a paz que possuímos é a paz do trono de Deus, que temos a redenção pelo sangue e que fomos santificados – separados para o lugar de seu Senhor aqui e, pelo sangue, santificados à obediência de Jesus Cristo (1 Pe 1:3).

Words of Truth

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