Origem: Revista O Cristão – Eva, Sara e Rebeca

Sara

Sara era uma mulher notável. Teremos proveito se considerarmos o crescimento de sua alma, conforme ensinado por Deus.

A primeira vez que ela age de maneira independente é registrada em Gênesis 16, quando, muito impaciente para aguardar o cumprimento da promessa de Deus a Abraão, de que teria um herdeiro, e evidentemente sem fé em relação a isso, ela sugere ao marido que leve a empregada egípcia para ser sua esposa. Nos é dito em Gálatas 4:24-25 que Hagar representa a aliança feita no Monte Sinai, e isso nos fala de servidão. Abraão cede à sugestão de Sara e a fé dá lugar à natureza. A natureza encontra seus recursos e até sua religião nas coisas aqui embaixo, bem distantes de Deus, em contraste com a fé que faz de Deus, que é a fonte de sua própria existência em uma alma, o centro de tudo.

Sara está sozinha nessa fase de descrença? Se sondarmos nossos próprios corações, quantas vezes devemos nos declarar culpados da tentação de buscar algum alívio da pressão ou de alguma dificuldade, recorrendo a este mundo e buscando seus meios para atender às nossas necessidades! Que desprezo para o Deus que nos deu tantas provas de Seu amor, fidelidade e sabedoria! Se o conhecemos de alguma forma, somos indesculpáveis. Sara não tinha a revelação completa que nos é dada, e não aparece no texto que ela estava presente quando a promessa foi feita a Abraão. Assim, ela perdeu a lição de objetos inspiradores da fé dos céus cheio de estrelas e o ensino profundo e solene da vigília noturna pelo sacrifício (veja Gênesis 15:4-18). Seu triste ato de descrença, no entanto, não pode deixar de trazer tristeza e discórdia, e isso logo se torna evidente.

O julgamento de Hagar 

Sara é desprezada por Hagar, e Sara responde com aspereza, de modo que Hagar foge. Mas ela não tem permissão para ficar longe. Sara tem lições a aprender através da presença de Hagar em sua casa, então Deus, que está tão interessado no crescimento espiritual de Sara quanto no de Abraão, a envia de volta. Deve ter sido um teste para Sara quando Ismael nasceu e um teste durante os 14 anos em que ele e sua mãe permaneceram em sua casa. Mas Sara ficou sem dúvida na escola de Deus o tempo todo, pois não lemos mais sobre brigas, embora ela tenha rido em escárnio por incredulidade quando os estrangeiros celestiais reiteraram a promessa de Deus, dando todos os detalhes relacionados a ela (veja Gênesis 18). Como somos relutantes em acreditar nas declarações divinas quando elas são contrárias à natureza, esquecendo que “para Deus todas as coisas são possíveis”. Quando a fé não está em exercício no crente, há algo nele que está atrapalhando, porque não há obstáculos diante de Deus. Com que habilidade Elifaz fez a pergunta a Jó: “Porventura, as consolações de Deus te são pequenas? Ou alguma coisa se oculta em ti?” (Jó 15:11). Acho que descobriremos que esse foi o caso de Sara. Em duas ocasiões, ela e o marido agiram de maneira enganosa, de modo que, embora sabendo mais de Deus e assumindo uma posição mais elevada do que aqueles ao seu redor, são repreendidos e reprovados por eles. Como Cristãos, devemos tomar cuidado para não dar ocasião aos que estão à nossa volta blasfemarem do nome de Cristo.

Arranjos secretos

A desculpa de Abraão por seu comportamento dada a Abimeleque em Gênesis 20:11-14, fala de um acordo secreto feito entre Sara e ele quando respondeu pela primeira vez ao chamado de Deus. Apesar de uma revelação mais completa de Deus para eles com o passar do tempo, eles mantiveram esse mal e recorreram a ele, e disso temos um duplo relato (ver capítulos 12 e 20). Quão mortal! Não é de admirar que a fé deles esteja falhando! Evitemos cuidadosamente ser enganosos, sempre buscando viver de forma transparente diante de Deus e dos homens, pois esse é o único caminho pelo qual Ele pode dar frutos e nos abençoar.

Fé e esperança 

Mas agora vamos passar para uma imagem mais clara. Em Hebreus 11:11, lemos: “Pela fé, também a mesma Sara recebeu a virtude de conceber e deu à luz já fora da idade; porquanto teve por fiel Aquele que lho tinha prometido”. Não nos é dito como Deus trabalhou em sua alma para realizar essa mudança maravilhosa, mas sua fé e esperança estão agora total e firmemente n’Ele, e ela confia n’Ele implicitamente. Ela finalmente chegou ao fim de si mesma e descobriu sua própria fraqueza total. Quando ela estava agindo por si mesma, tudo deu errado e só trouxe amarga decepção. Deus deve empreender tudo por ela para que Sua promessa seja cumprida nela, e ela “teve por fiel aquele que lho tinha prometido”.

Quando chegamos a esse ponto e deixamos o eu fora de questão, não há mais nenhum obstáculo ao nosso progresso nas coisas de Deus, porque a sabedoria daquele que tem nosso treinamento em mãos é infinita e “quem ensina como ele?” (Jó 36:22).

Risos 

A promessa de Deus é cumprida, e Isaque, o filho há tanto tempo esperado, nasce. Sara agora parece quase ofuscar Abraão. Ele nomeia a criança na direção de Deus (veja Gênesis 17:19), mas Sara mostra inteligência e a interpreta. Ela parece reconhecer que ela tem fontes de alegria e gozo em Isaque, pois diz: “Deus me tem feito riso; e todo aquele que o ouvir se rirá comigo” (Gn 21:6). Que contraste com sua risada de incredulidade atrás da porta da tenda! Esta é a risada pura da profunda alegria do desejo realizado e da fé em Deus, e presta seu testemunho. É um caso de “meu cálice transborda”.

Sabemos alguma coisa dessa alegria em um sentido espiritual? Todos sabemos que Isaque é uma figura muito distinta de Cristo. Será que o nosso apreço por Ele é tão grande que Ele se tornou fonte de uma profunda alegria que ninguém pode nos privar, e que, borbulhando de vez em quando, ministra refresco aos que estão à nossa volta e se torna a fonte da verdadeira comunhão? Sara diz: “todo aquele que o ouvir se rirá comigo”.

Sara vai um passo além. Ela agora tem fé em Deus, um coração despertado e inteligente que pode apreciar completamente Isaque, mas ele deve ser supremo. Ele não deve ter rivais. Agora é a hora da decisão, e Sara está pronta para isso. “Deita fora esta serva e o seu filho” é o conselho que ela dá a Abraão, e Ismael tem que ir. Não há lugar para a carne quando a fé está em atividade e Cristo é verdadeiramente apreciado. Deus colocou um selo maravilhoso nessa decisão de Sara e a honrou de uma maneira muito especial. Em Gálatas 4:30, lemos: “Mas que diz a Escritura? Lança Fora a Escrava”. As palavras reais de Sara são citadas, e Deus se digna de chamá-las de “Escrituras”, mostrando claramente que ela tinha a mente d’Ele em sua decisão e que sua ação encontrou sua aprovação.

Que cada um de nós imite a Sara e procure ter Cristo no lugar supremo em nosso coração.

Autor Desconhecido

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