Origem: Revista O Cristão – Jonas

Serviço Efetivo

Cristãos são sempre, em maior ou menor medida, afetados pelo espírito que predomina no mundo que os cerca. Nos primeiros dias do Cristianismo isto foi ilustrado pelos Coríntios, que vivendo em uma cidade conhecida pela luxúria e libertinagem, logo tiveram esses males aparecendo em seu meio. Uma das características mais marcantes dos nossos dias é essa superficialidade geral e a falta daquele firme propósito que a profunda convicção produz, e em nenhum lugar isso é mais dolorosamente proclamado do que na Igreja de Deus.

Nossa falha na vereda de nosso testemunho sobre a Terra normalmente não é por causa da falta de conhecimento, mas por que não estamos completamente possuídos por Ele, e consequentemente ficamos pouco sensíveis. Somos como um lago largo, porém raso, ao invés de um poço pequeno em circunferência, porém profundo. O homem mais efetivo no serviço do Senhor é aquele de maior profundidade e sensibilidade.

O exemplo de Esdras 

Tomemos Esdras como exemplo de um homem que poderosamente influenciou seus companheiros. Falhas e transgressões começaram a aparecer no quebrantado remanescente de Israel que retornou da Babilônia e o velho pecado de misturar-se com o povo da terra ameaçou arruiná-los novamente. Era de fato uma emergência. Esdras não chamou nenhum comitê; não trouxe nenhum elaborado plano de reforma para este abuso; ele simplesmente sentiu essas coisas diante de Deus e como elas afetavam a Deus. Ele as sentiu de tal forma que rasgou suas roupas, raspou sua cabeça, e sentou-se perplexo, até que, percebendo a total extensão das coisas, caiu de joelhos e começou uma oração de confissão memorável, dizendo: “meu Deus! Estou confuso e envergonhado, para levantar a Ti a minha face, meu Deus” (Ed 9:3-6).

Então, assim como Esdras se comoveu, outros se comoveram com ele (Ed 9:4). De fato, à medida que a obra de Deus, em arrependimento e confissão, se aprofundou nele, também o poder de Deus irradiou a outros por meio dele até que “ajuntou-se a ele de Israel uma mui grande congregação de homens e mulheres e de crianças, porque o povo chorava com grande choro” (Ed 10:1). O resultado foi uma purificação nacional das suas falsas associações e assim a calamidade parou. Que contraste entre o barulhento e ineficaz mecanismo feito pelos homens e o movimento suave e pacífico vindo dos céus. Porém este movimento foi produzido por um homem que sente as coisas como Deus.

O testemunho de Jonas 

Jonas ilustra outra fase da mesma coisa. Ele era um dos pregadores mais efetivos da antiguidade. Mesmo que direcionando a pregação a um povo de grande impiedade e carregando uma mensagem de julgamento – sempre impopular – ainda assim suas simples palavras produziram resultados surpreendentes. Toda a cidade de Nínive procurou a face de Deus e se converteu de seus caminhos maus (Jn 3:5-9).

Por que havia tão extraordinário poder em sua mensagem? Não seria porque o homem que proclamou, “ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida”, se tornou um exemplo prático de sua missão, por ele mesmo ter sido há pouco tempo subvertido? Jonas aprendeu na prática o que significa ser subvertido por Deus. Quando, na barriga do peixe, todas as ondas e as vagas de Deus passaram sobre ele, a agonia disso deve ter queimado em sua alma de uma maneira que jamais seria apagada. Quando então este homem prega uma subversão, existe um poder, uma aflição, uma urgência celestial em suas palavras que seriam desconhecidos se ocorresse de outra forma.

É melhor para nós conhecer bem uma lição da escola de Deus do que amontoar para nós uma multidão de conhecimentos de uma maneira superficial.

F. B. Hole (Adaptado)

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