Origem: Revista O Cristão – As Sete Festas
As Sete Festas de Jeová
Os três grupos de festas
Quando Jeová libertou Israel da escravidão do Egito, Ele os colocou em um relacionamento Consigo mesmo de uma maneira que lhes ensinaria o custo da redenção e a importância da santidade. Ele lhes deu sete festas solenes para manter essas coisas em lembrança. Elas são divididas em três grupos de festas, correspondendo a três celebrações anuais, quando todos os varões deveriam ir a Jerusalém. Essas três celebrações revelam o plano dispensacional de bênção do Senhor para o passado, presente e futuro. As duas primeiras festas foram celebradas durante a jornada deles no deserto, porém as demais festas foram celebradas somente depois que chegaram à terra de Canaã. Estas últimas festas coincidiam com as colheitas da cevada e do trigo na primavera e com as colheitas das azeitonas e das uvas no outono. Naquele tempo eles se regozijavam juntamente com Jeová pela colheita de seus campos. Embora Israel não conhecesse, naquele tempo, o plano completo de Deus, ainda assim eles se regozijavam com Ele acerca de coisas semelhantes. Deus podia celebrar com aqueles que tinham fé e obediência em guardar Suas festas. Ele, com Sua presciência, podia vê-las como uma prévia de Cristo e de Sua obra. Agora, depois de a plena revelação dos propósitos de Deus em Cristo ter sido manifestada, vemos como as duas primeiras obras falam de Cristo e Sua obra passada. Também podemos ver o que está sendo cumprido neste tempo presente, como revelado nas duas festas seguintes, e aquilo que será cumprido no futuro, conforme retratado nas três últimas festas. Que nosso coração se regozije com Ele em maior medida ao olharmos para Seu plano de bênção revelado.
A base da bênção
A primeira festa em cada um dos três grupos é a base da bênção para o que se segue. A oferta do cordeiro pascal é o começo de toda bênção para Israel. Por meio dessa páscoa, eles foram redimidos do Egito e levados ao relacionamento com Jeová. As outras festas dependem disso. A festa dos pães asmos era celebrada juntamente com a páscoa. Comer os pães asmos por sete dias em conexão com a páscoa mostra os desejos de Deus de ter Seu povo habitando com Ele em santidade.
A primeira festa do segundo grupo é a das primícias. Ela prefigura a ressurreição do Senhor Jesus dentre os mortos. A festa das semanas se seguia cinquenta dias depois, quando o grão havia sido colhido. A ressurreição do Senhor Jesus abre um novo canal de bênçãos não conectado com a Terra. O Homem ressuscitado entrou no céu e está reunindo um povo para estar com Ele em Sua segunda vinda. Os dois pães movidos representavam isso. Os santos são essa “nova oferta de manjares” que era movida diante do Senhor Jeová. Eles são um povo celestial.
O último grupo de três festas era comemorado no sétimo mês em conexão com a colheita do outono. Essas festas são figurativas da bênção terrenal que o Senhor estabelecerá em Seu reino de justiça, paz e gozo. O fim deste reino dará início ao descanso eterno de Deus, conforme ilustrado no sábado do oitavo dia.
A distinção entre essas duas esferas de bênção, celestial e terrenal, é importante para a adequada apreciação do plano de Deus. Vamos agora considerar com mais detalhes como cada festa se encaixa em todo o plano.
A páscoa e os pães asmos
As duas primeiras festas aconteceram quando eles deixaram o Egito e começaram a jornada no deserto. Posteriormente, Jeová as instituiu, dando a eles um novo calendário (Êx 12:12) enquanto fazia isso, como uma celebração de sua libertação do Egito e de como, em sua pressa para sair do Egito, não levaram fermento com eles na jornada. As festas também aguardavam a redenção futura que o Senhor Jesus, o Cordeiro de Deus, realizaria, levando-os à comunhão Consigo mesmo em santidade.
A festa dos pães asmos está conectada com a páscoa. O fermento na Escritura é sempre uma figura do mal agindo. Os filhos de Israel deveriam estar fisicamente separados das coisas impuras do mal. A santidade de Deus exige a separação do mal para que possamos ter plena comunhão com Ele. Os sete dias comendo pães asmos era um período perfeito de separação para Jeová, que os havia chamado do Egito. Deus deseja ter um povo em comunhão Consigo mesmo de acordo com a Sua santidade. O sacrifício do Cordeiro Pascal tornou isso possível e deveria gerar separação a Ele. Essa é a base da comunhão com Deus.
Hoje devemos estar moralmente separados do mal. Na celebração da Ceia do Senhor, que sobrepuja a páscoa, somos instruídos que “façamos festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os asmos da sinceridade e da verdade” (1 Co 5:8). Para Israel, em tempos passados, o pão asmo era chamado de “pão de aflição”, pois era contrário à natureza humana. Para os crentes do tempo presente, ele é chamado de “os asmos da sinceridade e da verdade”; ele é agradável à nova natureza, embora não seja à velha.
As festas das primícias e o pentecostes
O segundo grupo de festas estava ligado à colheita do trigo e não era contado de acordo com os meses lunares e dias solares. Começava no dia seguinte ao sábado, quando o primeiro grão estava pronto para comer. Ninguém era autorizado a comer do grão do campo até que um molho [feixe – ARA] dele fosse apresentado a Jeová como uma oferta movida pelo sacerdote. O sacerdote devia guardar um molho das primícias até o primeiro dia da semana (no dia seguinte ao sábado), quando o movia diante do Senhor, juntamente com o holocausto, a oferta de manjares e a bebida que o acompanhavam. Isso era, sem dúvida, uma lembrança para Israel de que uma ação de graças ao Senhor Jeová deveria ser a primeira coisa da nova colheita. Há muito mais nesta celebração para nós vermos. O molho de primícias representa a ressurreição do Senhor Jesus Cristo dentre os mortos. “Mas, agora, Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que dormem” (1 Co 15:20). Como Homem em vida de ressurreição, Ele subiu ao céu. “E Ele é a Cabeça do corpo da Igreja; é o Princípio e o Primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência” (Cl 1:18).
Depois que o molho das primícias era oferecido, eram contados cinquenta dias para culminar na festa das semanas [pentecostes]. Durante esse período, a colheita de grãos prosseguia. Quando os cinquenta dias estavam completos, todo macho deveria subir para adorar ao Senhor na celebração da colheita. Na festa das semanas, o sacerdote movia dois pães fermentados assados como uma oferta a Jeová da mesma forma que ele havia movido o molho das primícias. Estes pães eram uma oferta de ações de graças pela comida provida pela colheita.
Os dois pães movidos representam não somente a abundância da comida para eles, mas também a abundância da colheita para o céu em todos os crentes que têm vida abundante (Jo 10:10) pela fé n’Aquele que foi ressuscitado. O Senhor Jesus subiu ao céu; Ele reunirá um povo celestial para Si no final desta era. É isso que nós, Cristãos, aguardamos. Os dois pães movidos são uma representação desses crentes. Por esse motivo, eles eram assados com fermento, uma figura do pecado, mas a ação do fermento era interrompida, e uma oferta pelo pecado por eles foi incluída nas outras ofertas. No molho das primícias, nenhuma oferta pelo pecado era feita, pois Cristo era sem pecado.
A colheita celestial começou no dia de pentecostes, conforme registrado em Atos 2, sendo o Espírito Santo enviado para realizar isso, naquele mesmo dia da festa das semanas. Por meio da pregação do evangelho no tempo presente, as almas nascem de novo. Pela fé em Cristo, as almas recebem a vida de ressurreição de Cristo (Jo 11:25-26). Os corpos serão transformados na Sua vinda, no final da colheita, quando o Senhor voltar para levar Seus santos celestiais para casa. “Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na Sua vinda” (1 Co 15:22-23).
As colheitas deixadas no campo
“E, quando segardes a sega da vossa terra, não acabarás de segar [não segarás totalmente – AIBB] os cantos do teu campo, nem colherás as espigas caídas [os rabiscos – TB] da tua sega; para o pobre e para o estrangeiro as deixarás. Eu sou o SENHOR, vosso Deus” (Lv 23:22). As almas salvas durante o tempo presente, começando no dia de pentecostes até o Arrebatamento, quando o Senhor vier, não são os únicos santos que participam da bênção celestial com o Senhor. Há uma provisão especial tipificada no grão deixado no campo para que outros participem da bênção celestial. Os santos martirizados durante a tribulação, antes do reino terrenal do Senhor (Ap 20:4) participarão da esfera celestial. Uma vez concluída a colheita celestial, restará apenas a bênção terrenal para os que forem fiéis ao Senhor. Com eles, Ele estabelecerá Seu reino na Terra.
Os santos do Velho Testamento estão incluídos naqueles que participam da esfera celestial, embora isso não tenha sido revelado a eles. “Mas, agora, desejam uma melhor [pátria], isto é, a celestial. Pelo que também Deus não Se envergonha deles, de Se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade” (Hb 11:16). Embora os santos do Velho Testamento não tenham o mesmo relacionamento com Cristo, eles têm uma porção celestial, e as bênçãos celestiais são superiores às terrenais. O Senhor disse a Seus discípulos em João 14, quando Ele revelou, pela primeira vez, as coisas celestiais: “Na casa de Meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, Eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E, se Eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para Mim mesmo, para que, onde Eu estiver, estejais vós também” (Jo 14:2-3).
A colheita do trigo ocorre quatro meses antes da colheita do outono e é representativa daqueles que habitarão com Deus no céu. A Escritura consistentemente usa a semeadura e a colheita do trigo em referência à porção celestial, e é o que ocorre nas parábolas do reino. O Senhor lembrou aos discípulos disso quando disse: “Não dizeis vós que ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Eis que Eu vos digo: levantai os vossos olhos e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa” (Jo 4:35). O Senhor desejou a colheita para o céu antes da colheita terrenal. Assim como a colheita do trigo é celestial, assim a colheita das uvas (a videira) e das azeitonas é representativa do tempo terrenal de bênçãos. As últimas três festas de Jeová abordam esse assunto.
As últimas três festas
É algo significativo que as três últimas festas voltem a seguir o calendário lunar. Elas são proféticas dos “tempos e das estações” que dizem respeito a esta Terra. No primeiro dia do sétimo mês ‘Tishri’ deveria haver um dia memorial de sonido das trombetas. Neste primeiro dia de ‘Tishri’ era originalmente o princípio de um novo ano, antes que Jeová instituísse a páscoa como o princípio dos meses. O calendário civil Judaico começa o ano neste dia.
Estas últimas três festas são proféticas da preparação para o cumprimento das bênçãos na Terra. Antes que isso possa ocorrer, são necessárias duas coisas: O povo de Israel precisa retornar à sua terra e precisa se arrepender da rejeição e crucificação de seu Messias, o Senhor Jesus Cristo.
O toque de trombetas pelos sacerdotes é o chamado para Israel retornar à sua terra. Embora grandes números tenham retornado desde que se tornaram uma nação em 1948, isso não pode ser considerado um chamado vindo do Senhor, pois eles, como nação, não reconhecem Jesus como seu Messias. Eles são culpados de rejeitá-Lo. Durante esse tempo, desde a dispersão deles, as nações são dadas a Israel como cidade de refúgio, enquanto Cristo é Sumo Sacerdote no céu. Até que esse tempo termine, como prefigurado em Números 35:28, qualquer um que retorne está sujeito ao vingador do sangue, estando fora de seu lugar de refúgio.
O dia da expiação
Depois que Israel for verdadeiramente chamado a retornar à sua terra, eles perceberão sua culpa de rejeitar o Senhor Jesus e perceberão que Ele fez expiação por eles, como diz Isaías 53:4-5: “Verdadeiramente, Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre Si; e nós O reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas Ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e, pelas Suas pisaduras, fomos sarados”. Embora Ele tenha feito expiação há muito tempo, eles só a perceberão quando lamentarem por Ele em verdadeiro arrependimento. “E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para Mim, a Quem traspassaram; e O prantearão como quem pranteia por um unigênito; e chorarão amargamente por Ele, como se chora amargamente pelo primogênito” (Zc 12:10).
A festa dos tabernáculos
O tempo prefigurado nos sete dias da festa dos tabernáculos se seguirá depois do lamento e arrependimento. Israel habitará em vilas sem muros, todos os homens se assentarão debaixo de sua videira e de sua figueira, sendo protegidos de todos os inimigos pelo Senhor (Mq 4:4). Desde os ataques de 11 de setembro de 2001, e outros recentes atos agressivos de terrorismo no mundo, esse versículo tem aumentado em significância. O Senhor Jesus trará bênçãos terrenais, cumprindo todas as profecias dadas a Israel e às outras nações. No reino milenar de Cristo, Ele trará a Terra de volta à perfeita ordem (Nm 29:12-34). Quando isso estiver concluído, o oitavo dia de descanso será comemorado, quando o Senhor devolver tudo a Deus em perfeito estado, para que Deus seja tudo em todos (1 Co 15:28).
Quão maravilhoso é ver que o ensino dessas festas se encaixa perfeitamente nas porções da Escritura do Novo Testamento. Deus, em Sua dispensação ao homem, fará com que Seu Filho, o Senhor Jesus, realize isso, “para a administração da plenitude dos tempos; de encabeçar todas as coisas em o Cristo, as coisas nos céus e as coisas sobre a Terra” (Ef 1:10 – JND).
