Origem: Revista O Cristão – Prioridades
Uma Só Coisa Necessária
Na tocante cena de Betânia, em Lucas 10, encontramos duas mulheres devotas, das quais uma carecia da “uma só coisa” (ARA) necessária, enquanto a outra escolheu “a boa parte”.
Marta, como o jovem rico de Marcos 10, era caracterizada por muitas coisas excelentes. A casa em Betânia, ao que parece, pertencia a ela, e ela de boa vontade abriu sua casa para receber o Senhor da glória. Além disso, ela não era apenas hospitaleira, mas também era uma serva ocupada no serviço do Senhor. Há “muitas coisas” a serem feitas para o Senhor neste mundo, e Marta estava ocupada com essas “muitas coisas”. No entanto, com todas essas excelências, ela havia negligenciado a “uma só coisa” e precisa aprender que a “uma só coisa” que ela havia negligenciado é a “uma só coisa” necessária. Como resultado, ela estava sobrecarregada com o serviço, irritada com a irmã e reclamando diante do Senhor. Quão verdadeiramente Marta representa aquela grande classe de Cristãos que, inconscientemente, fazem de seu serviço particular seu grande objeto, em vez do próprio Senhor. Tais pessoas querem envolver todas as outras como ajudantes em seu serviço especial e se irritam se forem deixadas para “servir só”. Na falta da “uma só coisa”, elas ficam ansiosas e afadigadas com “muitas coisas”.
Quão correto e feliz é colocar nosso lar e recursos à disposição do Senhor e nos ocuparmos em Seu bendito serviço; no entanto, esta cena nos adverte de que é possível que essas atividades ocupem o primeiro lugar em nossos pensamentos e afeições, em vez do próprio Senhor. Se assim for, nos falta a “uma só coisa” necessária – a devoção de coração indiviso que coloca Cristo antes de todo serviço.
A “boa parte”
Sobre Maria, lemos que ela escolheu a “boa parte”, e essa “boa parte” era parte com Cristo. Para ela, Cristo era o Objeto supremo acima de todo o resto, fossem posses, serviço ou sua irmã. Tendo Cristo como seu único Objeto, ela escapou da inquietação, dos cuidados e dos problemas que caracterizavam sua zelosa irmã. Enquanto Marta estava “ocupada em muitos serviços” (ARA), Maria estava calmamente assentada aos pés de Jesus. Quando Marta veio ao Senhor com sua palavra de queixa, Maria, “assentando-se… aos pés de Jesus, ouvia a Sua palavra”.
Não fica a cargo de nós formar nosso julgamento espiritual quanto às diferenças entre essas duas irmãs, pois nos é dito claramente que o Senhor repreendeu Marta e elogiou Maria.
Ao fazer do Senhor seu Objeto, Maria havia escolhido a “boa parte” que não lhe será tirada. Muito em breve deixaremos todos os bens terrenais; em pouco tempo, o serviço e o trabalho árduo terão passado, mas para todo o sempre Cristo será a Porção e o Objeto de nossa alma. Maria escolheu a porção eterna no tempo; ela fez d’Ele seu único grande Objeto e escolheu, acima de tudo, assentar-se em Sua companhia. Outras coisas podem ser tiradas, mas esta não será tirada. Assim como ela escolheu estar com Ele no tempo, assim ela estará com Ele por toda a eternidade.
Acaso essa melhor escolha, então, – essa “uma só coisa” necessária – significa que Maria negligenciou o serviço ao Senhor? A Escritura não apenas repreende tal pensamento, mas mostra claramente que ela não apenas serviu ao Senhor, mas seu serviço foi marcado pela aprovação do Senhor de uma forma única, acima de todos os outros serviços anteriores ou posteriores. Aqui, o Senhor diz: “Maria escolheu a boa parte”. Na bela cena de Mateus 26, o Senhor diz: Ela “praticou uma boa ação para Comigo”. Aquela que escolheu a “boa parte” no devido tempo realiza a “boa ação”.
Tão elevada é a aprovação do Senhor por essa boa ação que Ele diz: “Onde quer que este evangelho for pregado em todo o mundo, também será referido o que ela fez, para memória sua” (Mt 26:10-13).
Lembremo-nos, então, de que a “boa parte” deve preceder a “boa ação”. Somente quando Cristo for o nosso único Objeto, o serviço e todo o resto se ajustarão em seu devido lugar.
