Origem: Revista O Cristão – Castigo
Sofrer por Cristo e Castigo
Hebreus 12:1-13
Quando olhamos para Jesus como um Homem na glória, vemos alguém que chegou ao fim do percurso. Ele correu todo o percurso da fé, passou por todas as provações; Ele começou e terminou. Você nunca se encontrará em algum lugar de provação, onde um crente pode ser encontrado no caminho da obediência, em que Cristo não tenha estado. Ele pisou todo o caminho e está sentado à direita do trono de Deus. É para lá que a estrada leva, então não desista da cruz. Jesus a carregou e assentou-se lá – é algo pelo que vale a pena correr. Ele veio em divino amor, mas andou no caminho em que nós devemos andar com todos os motivos que nos sustentam e animam. Ele tinha diante de Si a alegria de estar diante de Deus naquele bendito lugar. Que consolo no caminho da dificuldade e provação ver que Ele já tudo pisou e em tudo foi sustentado da mesma maneira que nós somos!
Sofrimento e castigo
Ao longo de todo o caminho, conforme passamos em direção ao descanso na glória, Deus está exercitando nosso coração para nos tornar participantes de Sua santidade. Esses exercícios têm um caráter duplo: “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado” (Hb 12:4). Aqui temos dois princípios que somente o Espírito de Deus poderia conectar: o primeiro, resistir até ao sangue, no qual seria sofrer até a morte por Cristo; o segundo, ao mesmo tempo sofrer em conflito contra o pecado, pelo qual ele é, na prática, julgado em nós. Deus conecta nossa luta contra o pecado com sofrer por Cristo; resistir até o sangue é morrer por Cristo, mas, como isso está no conflito com o pecado, não pode ser verdadeiramente levado adiante quando o princípio do pecado e nossa própria vontade estão ativos em nós. Consequentemente, esse mesmo sofrimento serve como disciplina, e assim no próximo versículo é acrescentado, “Filho meu, não desprezes o castigo do Senhor” (KJV). Quem iria pensar em Deus nos castigando justamente quando estamos sofrendo por Cristo? Mas é assim, pois o eu é muito sutil; ele se confunde até mesmo com o sofrimento por Cristo e atrapalha nosso serviço, e podemos temer até mesmo desonrá-Lo ao invés de servi-Lo. Somos propensos a ficar desanimados quando temos que nos julgar em meio ao conflito, e até podemos ser tentados a sentar e não fazer absolutamente nada. O julgamento de si mesmo é correto, mas não o desânimo. Suponha que eu esteja servindo a Cristo e fique desanimado na batalha. Por que isso acontece? Confiança no meu próprio mau uso de poder – falta de fé em Deus fazendo Sua obra. Agora, o que Deus está fazendo? Deus está usando o desânimo para me exercitar a julgar a mim mesmo. Não há uma etapa de nossa vida que não faça parte do processo no qual Deus está tratando conosco. É um processo para quebrar a carne para me fazer depender da salvação de Deus. Após essa libertação, é um processo de experiências para me exercitar a andar com Deus. A questão da libertação nunca precisa ser levantada novamente, mas há uma série de coisas a serem julgadas para que eu possa desfrutar da comunhão com Deus.
Moisés
Em Moisés, temos um exemplo dessas duas coisas; ele estava sofrendo por Cristo e também por causa de sua carne, ao mesmo tempo. O Espírito de Deus nos fala do brilhante caminho de fé em que ele estava andando quando se juntou aos filhos de Israel (Hb 11:24-26), mas a carne o acompanha, e, com uma mistura de energia humana, alimentada pela posição em que havia estado, ele mata o egípcio. Deus certamente permitiu isso para que a ruptura fosse completa, mas Moisés depois temeu a ira do rei. Em suas ações, ele olha para um lado e para outro, e quando o negócio é descoberto, ele foge. Ele estava, principalmente, sofrendo por Cristo – levando o vitupério de Cristo da maneira mais abençoada, mas havia muito para ser purificado e subjugado nele; e, se ele teve que fugir por ter-se identificado com o povo de Deus, ele teve que passar por aquela disciplina de 40 anos para se desgarrar de toda confiança na força humana. Quando isso se vai, vemos quão pouca coragem a carne consegue ter diante da dificuldade. Agora, embora a carne tenha de fato mostrado sua fraqueza, Moisés pode ser um deus (juiz) para o Faraó.
Paulo
Em Paulo, também, vemos a mesma coisa. Um espinho na carne é dado a ele, para que não fosse exaltado acima da medida. Vemos nele a ação da devoção na vida divina e a ação da carne sendo contida por aquilo que o tornaria passível de desprezo em sua pregação (veja Gálatas 4:13-14). Quando o apóstolo, portanto, sentia o espinho, ele estava realmente sofrendo por Cristo, contudo aquilo era necessário para conter a carne. Esse é o efeito dessa graça maravilhosa que usa aqueles que ainda precisam aprender para si mesmos como vasos da glória e verdade divinas para ensinar a outros. O vaso deve ser tratado, tanto quanto usado. Deus, num certo sentido, tendo dado ocasião ao perigo de exaltação própria de Paulo pela abundância da revelação concedida a ele, o protegeu do perigo.
Como é precioso esse constante cuidado de Deus! Ele está sempre cuidando de nós. Os hebreus estavam tornando-se mundanos, e a perseguição vem. É sofrer por Cristo, e ainda assim pelo pecado. E a mão de Deus está lá para dar, através de tudo isso, sentidos exercitados para discernir o bem e o mal. A obra está acontecendo, mesmo que eu não saiba tudo o que está acontecendo, e só saiba depois. Quando a obra termina, eu me torno mais espiritual e sou, então, capaz de ver o que Deus estava fazendo o tempo todo. A Sua obra Ele continua para a Sua glória. O castigo nem sempre é por causa de transgressão, mas, se não for, é por causa do princípio que produz a transgressão ou que poderia produzi-la.
Girdle of Truth, Vol. 3 (adaptado)