Origem: Revista O Cristão – Guerra Cristã
A Tática de Guerra
Josué 6:6-21
No final de Josué 5, encontramos o Senhor assumindo o Seu lugar como Capitão do Seu exército. No capítulo 6, a ação de Israel como o exército de Deus começa imediatamente após o comando ser dado por seu Capitão. Até esse ponto, Deus havia introduzido o Seu povo em Canaã e dado a eles do alimento da terra para prepará-los para a guerra. Assim, o Cristão deve estar estabelecido na graça antes de ser um efetivo soldado de Cristo. Um filho de Deus que duvide de sua filiação ou esteja envolvido em lutas espirituais consigo mesmo não é um efetivo soldado de Cristo.
Além disso, se a liberdade Cristã é conhecida como uma questão de fé, é preciso uma vida santa para sustentar o conflito espiritual. Sujeição a Deus e obediência às Escrituras são necessárias para a verdadeira guerra Cristã. Devemos andar com Deus se formos guerrear para Deus. Ser um soldado Cristão exige que haja fé no que Deus fez por nós, bem como submissão à Sua obra em nós.
Entrada nos lugares celestiais
Tanto a bênção do crente em Cristo quanto o estado saudável da alma do Cristão, conforme vemos nos tipos e figuras do livro de Josué, são preliminares à batalha propriamente dita. A passagem do Jordão nos mostra, em figura, a entrada do crente nos lugares celestiais. Gilgal mostra o verdadeiro lugar de liberdade do crente, enquanto a participação das festas da Páscoa, dos pães asmos e do trigo da terra do ano antecedente proclamavam verdadeiro alimento em Cristo. Com base nessas grandes realidades vieram a visão da espada desembainhada e os comandos relativos à derrubada de Jericó. Parece que Josué deu suas ordens a Israel imediatamente após recebê-las do Capitão do exército do Senhor. A fé é igualmente equilibrada em sua energia e paciência, pois a fé é simplesmente executar a mente de Deus. Aos sacerdotes a palavra de ordem foi: “Levai a arca”; aos homens armados: “Passai e rodeai a cidade, e quem estiver armado passe adiante da arca do Senhor”.
Ele já nos prometeu a vitória assim como prometeu a Israel. Eles creram n’Ele, e “pela fé, caíram os muros de Jericó”. Que o soldado de Cristo, a mando de seu Senhor, saia para lutar por Ele, e que ele esteja tão certo da vitória quanto Israel estava. Soldados de Cristo, despertem a alma para a coragem! A coragem Cristã afeta os adversários como nenhuma outra coisa é capaz. Igualmente, vamos despertar nossa alma para a dificuldade. Guerreiros não lutam deitados em colchões de penas, nem espreguiçados à vontade em poltronas; o soldado Cristão deve esperar dificuldades. Além disso, ele não deve se embaraçar com os negócios desta vida, mas agradar Aquele que o chamou para ser um soldado. Os deveres da vida devem ser honradamente cumpridos, mas somos proibidos de nos embaraçar com eles. Existem muitos “indispensáveis”, como podemos chamá-los, que são realmente embaraços e que um Cristão, zeloso por Cristo, aprende a descartar. Assim como o atleta, ele se desfaz de todo peso. Qualquer coisa que mantenha a mente ocupada, com exclusão dos interesses de Cristo, deve ser considerada suspeita.
Um bom soldado
Um bom soldado ama sua profissão, e um verdadeiro soldado Cristão ama a guerra Cristã. Ele tem prazer nas dificuldades e no cansaço. Avante, sempre avante, é o seu brado. Não é um fardo para ele; ao contrário, é seu alegre serviço esgotar e ficar esgotado para o seu Senhor. Ociosidade e comodidade são uma aflição para aquele que tem ardor pelas perspectivas eternas, energizado pelo Espírito Santo e constrangido pelo amor de Cristo. “Eternidade”, ele sussurra para si mesmo, quando seu corpo cansado quase se ressente de cumprir as ordens de sua alma. Tal espírito marca os homens da linha de frente. Que o jovem Cristão que leia isto tenha ardor pelas perspectivas da eternidade e seja cheio de santo zelo em toda sua vida!
Josué deu ordens apenas para o dia: “Passai e rodeai a cidade; e quem estiver armado passe adiante da arca do SENHOR”. Todo trabalho da fé é um trabalho diário, um progresso passo a passo; essa é a única forma feliz e verdadeira de se viver para Deus. Com alegre satisfação de terem obedecido a Deus, o primeiro dia de Israel terminou – um conforto que acreditamos que pode ser nosso também.
A arca do Senhor
Na madrugada do segundo dia Josué se levantou, e os sacerdotes levaram a arca do Senhor. Um fato novo, de importância prática, é agora apresentado. Os sete sacerdotes “iam andando, tocando as trombetas” (AIBB). Nenhuma voz foi emitida por Israel; os únicos sons eram da contínua marcha de muitos pés e do sonido das trombetas. Tal tática de guerra parecia aos homens de Jericó, muito provavelmente, uma loucura consumada. Não havia trincheiras levantadas, construção de aríetes[1], escadas de escalada – nada além das trombetas de júbilo! Os homens de Jericó não sabiam o que significavam aqueles sonidos, nem o mundo hoje entende o alegre som do evangelho e da mensagem de que Cristo está vindo.
[1] N. do T.: Aríete é uma antiga máquina de guerra usada para arrombar as muralhas ou portas de uma cidade sitiada. ↑
Os sacerdotes – os homens cujo serviço nesta Terra era a adoração de Jeová – tocavam as trombetas. Assim, o som de gozo vem de almas que adoram – um verdadeiro testemunho. O gozo da Sua vinda surge somente quando o amor de Cristo é doce ao coração. A força da verdadeira coragem Cristã já foi mencionada, mas o verdadeiro gozo Cristão é quase tão grande quanto um testemunho da presença de Deus. A alma do crente, trazida ao conhecimento da perfeita salvação em Cristo, não pode senão expressar exuberante gozo, e as notas de gozo das trombetas de júbilo duraram todos os sete dias – todo o tempo em que Israel rodeou Jericó.
O som de gozo não era apenas um cântico de sua própria liberdade, mas o testemunho contínuo de que as forças do mal estavam prestes a serem derrubadas e que o reino de Deus viria. A obediência do silencioso exército e o contínuo som das trombetas proclamando o ano aceitável do Senhor oferecem uma contemplação muito sugestiva para os soldados Cristãos. Israel desferiu o golpe que venceu Jericó tocando as trombetas.
A sétupla energia da fé
O sétimo dia foi marcado por um zelo especial e uma energia sete vezes maior. “E sucedeu que, ao sétimo dia, madrugaram ao subir da alva e da mesma maneira rodearam a cidade sete vezes; naquele dia somente, rodearam a cidade sete vezes” (Js 6:15). Em vista disso, podemos muito bem estimular nossa alma a um zelo e paciência renovados. A paciência está estampada na tática da batalha de Israel – aquela paciência peculiar que continua até que o tempo da vitória de Deus chegue. “Persistência” é a palavra que todo Cristão precisa ter inscrita em sua bandeira. Há um sétuplo, um perfeito teste de fé para os soldados de Cristo no caminho da obediência, e, quanto mais próximo o dia da vitória final, maior a necessidade de fervoroso trabalho para o Senhor. Quanto mais próximo o fim, maior o apelo à diligência.
O poder de Satanás não pode ser vencido senão na força divinamente dada, e, seja qual for o zelo dos santos de Deus, a oração é sua necessidade constante. “Orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança” (Ef 6:18) é o que Deus ordena ao soldado de Cristo.
O brado da vitória em breve será ouvido! O Senhor dará a palavra, e então as defesas do mal cairão diante d’Ele. Chegará o tempo em que os homens dirão: “Paz e segurança”; e então repentina destruição virá sobre eles. Na perspectiva daquele dia, que cada um suba diretamente perante Ele em simples obediência ao Senhor. Que estejamos entre os poucos que ousam enfrentar o escárnio de ser diferente, fazendo cada um o seu próprio dever em obediência à Palavra do Senhor.