Origem: Revista O Cristão – As Semelhanças do Reino, Parte 2

O Tesouro

“O Reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem e compra aquele campo” (Mt 13:44).

A maioria das pessoas colocou o coração em algum tipo de tesouro. “onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração” (Lc 12:34). Na Escritura diante de nós, Mateus 13:44, a Pessoa é o Filho do Homem, e o tesouro é a Igreja, que está escondida num campo. Não poderia ser Israel, pois eles não estavam escondidos. Um homem, tendo encontrado o tesouro, escondeu-o, como lemos em Colossenses 3:3 – “A vossa vida está escondida com Cristo em Deus”. Seus olhos avistaram algo que encheu Seu coração, e Ele vendeu tudo o que tinha e comprou o campo (o mundo) em que o tesouro (a Igreja) foi encontrado. O Pai está preparando cada alma para ser o meio de manifestação de glória e para a companhia eterna de Jesus.

“Então, aqueles que temem ao SENHOR falam cada um com o seu companheiro E eles serão Meus, diz o SENHOR dos Exércitos, naquele dia que farei [prepararei – ARA], serão para Mim particular tesouro [joias – ARF]; poupá-los-Ei como um homem poupa a seu filho que o serve” (Ml 3:16-17). Malaquias fala do tempo em que o Senhor preparará Suas joias. A preparação é feita agora em vista daquele dia.

Santa Jerusalém 

“E levou-me em espírito a um grande e alto monte e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu. E tinha a glória de Deus. A sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente. E tinha um grande e alto muro com doze portas … E a fábrica [estrutura – ARA] do seu muro era de jaspe, e a cidade, de ouro puro, semelhante a vidro puro. E os fundamentos do muro da cidade estavam adornados de toda pedra preciosa. O primeiro fundamento era jaspe; o segundo, safira; o terceiro, calcedônia; o quarto, esmeralda; o quinto, sardônica; o sexto, sárdio; o sétimo, crisólito; o oitavo, berilo; o nono, topázio; o décimo, crisópraso; o undécimo, jacinto; o duodécimo, ametista” (Ap 21:10-12, 18-20).

As pedras exemplificam beleza, raridade, durabilidade e cor fixa e são nomeadas por causa da cor, não de sua fonte. Cada uma das doze pedras do Apocalipse tem uma cor ou matiz diferente, e todas falam da glória de Deus, pois a cor tipifica a glória brilhando através de uma variedade de prismas. Cada pedra preciosa exibirá através de um prisma, em vários tons como um espectro de cores, a glória de Deus para toda a inteligência criada.

A multiforme sabedoria de Deus 

Efésios 3:10 fala da “multiforme sabedoria de Deus”. Isso poderia ser traduzido como “a multicolorida sabedoria de Deus”. “A Esse glória na Igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” (Ef 3:21). Este versículo parece nos levar mais longe na eternidade do que qualquer outro. Que efeito isso deve ter sobre nós agora, para nos levar a andar com cuidado para que possamos adornar a doutrina de Deus, nosso Salvador. Ficamos maravilhados quando os conselhos de Deus são abertos a nós, revelando coisas futuras e a preparação que está sendo feita agora em cada crente durante o período de vida designado, uma obra duradoura que somente o Pai dos espíritos pode produzir em nosso espírito.

Toda a história dos santos é uma exposição dos desígnios eternos ocultos no seio divino a serem revelados posteriormente. A arte de educar o espírito do homem para o mais refinado temperamento cabe apenas ao Pai dos espíritos.

Quem senão Deus pode ler os motivos do coração? Quem senão Deus pode preparar o homem – o coração do homem, para um ambiente que é totalmente de Deus? Estaremos em casa lá como nativos em nosso próprio país. O tesouro pode ser composto de muitas peças, geralmente ouro, prata ou pedras preciosas, cada uma com sua própria história. Houve momentos em que reis ou nobres, quando se visitavam, traziam seus tesouros para demonstração. Dias podem ter sido gastos contando a história de cada gema. Algumas foram ganhas em batalha, algumas compradas, outras encontradas nas partes mais baixas da Terra em minas. Quando as joias são exibidas, elas já foram preparadas. A cor é a consideração mais importante, especialmente em pedras preciosas, embora a modelagem e o cinzelamento também sejam necessários. Algumas, como o sárdio, destacam-se pela profundidade da cor. Para chegar à cor adequada em cada pedra, é necessária uma habilidade infinita, realizada pelo próprio Deus, por meio de aflições sob Seu governo. Alguns se encolhem quando o termo “governo de Deus” é usado, mas todo crente está sob o governo de Deus, assim como uma criança está sob alguém que a governa. Perder isso é perder o próprio centro de todos os caminhos de Deus conosco.

Aflições e provações 

“Ó Senhor por estas coisas vivem os homens, e inteiramente nelas está a vida do meu espírito; portanto restabelece-me, e faze-me viver” (Is 38:16). Em Isaías 54:11, vemos o governo de Deus em operação para nossa bênção: “Ó oprimida, arrojada com a tormenta e desconsolada! Eis que eu porei as tuas pedras com todo o ornamento e te fundarei sobre safiras”. É por meio do sofrimento que cada cor se forma e transmitirá a luz da glória de Deus. A cor é produzida sob uma combinação de pressão e calor nas partes mais baixas da Terra. Sentimos o sofrimento – a pressão – o calor, mas Deus nos diz como tudo acontece e fornece a resposta para a pergunta: “Por quê?”

Ao passarmos por provações profundas, às vezes sem consolo, lembremo-nos, como crentes no Senhor Jesus, d’Aquele que experimentou muito mais vezes o sofrimento que temos e também foi abandonado por Deus, ao fazer expiação por nós. Como nosso espírito se alegra ao saber que cada dor que sentimos Ele sentiu e Se compadece de nós. Mal percebemos, à medida que as horas de sofrimento passam lentamente, que habilmente, com a mão do Mestre, a pedra está sendo moldada em seu tom adequado, exatamente para seu propósito eterno. Nenhuma lágrima jamais cairá, nenhum gemido será proferido, mas o que é necessário para que a cor no prisma seja perfeita.

“Quando o meu espírito estava angustiado em mim, então, conheceste a minha vereda”, disse Davi no Salmo 142:3.

A futura criação de Deus 

Tudo na futura criação de Deus se harmonizará perfeitamente. Os gemidos aqui, entretanto, são pelo penhor do Espírito Santo que habita em nós. Como o conhecimento de tudo isso dá luz à nossa alma e força no leito de definhamento para que possamos sofrer alegremente só mais um pouco para que a verdadeira cor se forme plenamente. Se houver alguma mancha na pedra, óxido de ferro ou qualquer outra coisa, o lapidário coloca a pedra no fogo, aquecida na temperatura adequada para apagar a mancha de óxido de ferro e deixar a cor clara. Isso é castigo. “Por estas coisas vivem os homens” (Is 38:16). Como o pensamento de correção é muito melhor entendido quando percebemos que é uma parte necessária do propósito eterno!

No entanto, uma pedra não pode ser colocada no fogo sem uma cobertura. Quebraria em pedaços. Cristo é a nossa cobertura, pois Sua obra cobre toda a nossa história. Foi Cristo Quem suportou a ira de um Deus que odeia o pecado e, como resultado, nos trouxe a Deus em toda a perfeição de Sua obra consumada. O lapidário faz uma solução de pó de ácido bórico e água, envolvendo completamente a pedra que vai passar pelo fogo. É o mesmo fogo pelo qual Jesus passou sem cobertura. Quando seca, a pedra, com cobertura, é colocada no fogo e ao atingir a temperatura exata a pedra sairá livre de toda impureza e com sua cor adequada, não sendo ela mesma afetada pelo fogo. Tal é a operação de Deus, preparando cada crente e removendo moralmente tudo o que estragaria a cor e a pedra.

Mas é dito: “Eu lançarei os teus alicerces com safiras” (Is 54:11 – TB). As pedras safiras e também os rubis vêm de uma base de corindo, ou óxido de alumínio. Este material não tem cor e é praticamente sem valor no que diz respeito às gemas, mas os processos de calor e pressão nas profundezas da Terra preparam os pedaços de corindo, que por si só não valem nada, em graciosas gemas. Estes farão parte dos fundamentos da cidade celestial. Quando contemplamos o espectro com suas matizes variadas, nosso espírito fica maravilhado com a excelência da manifestação. Assim será para a Terra e para toda a criação quando a glória de Deus finalmente for vista na Igreja por Cristo Jesus.

C. E. Lunden (adaptado)

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