Origem: Revista O Cristão – Elias
Trasladação de Elias
A jornada de Elias antes de sua transladação para a glória é algo muito interessante, a partir de Gilgal. Parece que este Gilgal, do qual Eliseu foi com Elias, não era o Gilgal nas margens baixas do Jordão, perto de Jericó. A partir daquele Gilgal, não era possível que eles tivessem ido para Betel. Mas se olharmos para o Gilgal colocado no mapa a cerca de 16 quilômetros de Samaria, perto de Siquém, contra o Mar Ocidental ou Mediterrâneo, então este Gilgal estaria bem no caminho de Betel. Isso concorda com a referência de Moisés a “Gilgal, junto aos carvalhais de Moré” (Dt 11:30), e também a referência de Josué ao “rei de Goiim em Gilgal” (Js 12:23). Este Gilgal era evidentemente uma cidade real nos altos das montanhas de Canaã, e é quase uma linha reta desde o Gilgal dos altos de Canaã até Betel, Jericó e Jordânia. Assim, a descida de Elias foi dos altos de Canaã até as profundezas do Jordão. Então não vemos aqui uma figura do caminho do Senhor Jesus? Os altos do Gilgal real nos lembram aquelas alturas de glória que Ele tinha com o Pai antes que o mundo existisse. Em figura, Elias também deve passar pelo próprio Jordão da morte.
A descida para o Jordão
O primeiro passo na descida de Elias foi de Gilgal a Betel. Como Filho encarnado, o Senhor Jesus foi enviado a Betel, a casa de Deus, às ovelhas perdidas da casa de Israel. E assim como Eliseu, aquele que foi chamado, se apegou a Elias, enquanto os filhos dos profetas de Betel tinham apenas conhecimento e palavras, assim, no meio a um Israel rejeitador, Jesus poderia dizer: “Todo o que o Pai Me dá virá a Mim; e o que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora” (Jo 6:37). Muito bonitas foram as palavras de Eliseu: “Vive o SENHOR, e vive a tua alma, que não te deixarei” (2 Rs 2:2).
Isso nos leva a uma descida adicional de Elias. “E Elias lhe disse: Eliseu, fica-te aqui, porque o SENHOR me enviou a Jericó” (2 Rs 2:4). Se Betel era a casa de Deus, Jericó era o lugar da maldição. Jesus não apenas desceu a Israel como seu Messias, mas também desceu ao homem em seu estado perdido e culpado. Oh, que maravilha, Deus ter amado tanto um mundo sob a terrível maldição do pecado. Que Jericó!
Mas o Santo deve descer ainda mais baixo. Assim, temos em uma figura: “E Elias disse: Fica-te aqui, porque o SENHOR me enviou ao Jordão” (2 Rs 2:6). Assim, Elias (cujo nome significa “Meu Deus é o Senhor”) desce de Gilgal nas alturas de Canaã, a Betel, a Jericó, ao Jordão. Em figura, ele deve passar pela morte, antes de ser o homem que subiu ao céu. Quão surpreendentemente isso ilustra o caminho de descida do Filho de Deus! Não somente Ele Se tornou o Homem encarnado, e, como tal, Se apresentou a Israel e ao homem sob a maldição, mas Ele deve descer às profundezas da morte antes que pudesse subir à glória e ser o Cabeça de uma nova raça.
A morte de Jesus
Elias foi enviado sozinho, embora Eliseu fosse com ele. Existem também dois aspectos distintos da morte de Jesus. No primeiro, como Substituto expiatório de Deus, Ele estava absolutamente sozinho. Em outro aspecto, como Cabeça da nova criação, nós somos considerados como havendo morrido com Ele. Este também é o significado do batismo Cristão, como todo crente o entendeu no início. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte?” (Rm 6:3). Há instruções importantes nesse aspecto da morte de Cristo, no contraste entre os cinquenta filhos dos profetas que se levantaram para ver de longe e Eliseu que desceu e passou com Elias. Uma coisa é crer que Jesus morreu por nossos pecados, de acordo com a Escritura, e outra coisa é aceitar esse lugar da morte com Ele. Quantos foram batizados, que nunca entenderam seu significado! Quantos estão distantes para ver, como os cinquenta filhos dos profetas! Quão poucos aceitam o lugar de morte com Cristo!
Associação com Sua morte
Assim como Elias tomou o seu manto e feriu as águas, e elas se dividiram para um lado e para o outro, de modo que ambos passaram em seco, assim também o Senhor Jesus, o Justo, pôde passar pela morte. Ele, na justiça divina, poderia suportar o justo julgamento de Deus por nós. Assim, em justiça, passamos n’Ele da velha criação para a nova. “Sucedeu que, havendo eles passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que te faça, antes que seja tomado de ti. E disse Eliseu: Peço-te que haja porção dobrada de teu espírito sobre mim” (2 Rs 2:9). Elias não falou assim aos filhos dos profetas que estavam de longe, mas àquele que desceu ao Jordão e passou com ele. Se tivermos passado pela morte com Jesus, nenhum pedido que fizermos será grande demais. Eliseu pediu uma coisa difícil, mas nos lembra as palavras de Jesus: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em Mim também fará as obras que Eu faço, e as fará maiores do que estas, porque Eu vou para Meu Pai” (Jo 14:12). Essa foi uma promessa maravilhosa.
Vendo o homem que foi elevado
Elias percebeu que o pedido de Eliseu era algo difícil e imediatamente estabeleceu uma condição importante. Ele diz: “Se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará, porém, se não, não se fará” (2 Rs 2:10). Ele não diz: Se você me viu na minha vida passada, ou se me viu descer das alturas de Canaã até Betel, depois a Jericó, até as profundezas do Jordão. Tudo isso Eliseu viu. E, certamente, é da maior importância vermos o caminho do Senhor Jesus desde o mais alto trono de glória até as mais baixas profundezas da morte no Jordão. No entanto, se for só isso, a fé é vã: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (1 Co 15:17). Para Eliseu, a resposta ao pedido da fé dependia dessa única coisa: ver o homem ascendido que havia passado antes pelo Jordão. Eliseu realmente o viu subir com um carro de fogo e obteve a porção dupla.