Origem: Revista O Cristão – Ezequias

“Um Pedaço de Bronze”

Há outra ocasião de verdadeira fidelidade na vida de Ezequias, da qual ainda não falamos. Mais de 700 anos antes e no final do seu tempo no deserto, Israel murmurou contra o Senhor e contra Moisés, queixando-se do seu maná e da falta de água. Em consequência, o Senhor enviou “serpentes ardentes” entre eles, e está registrado que “morreu muito povo de Israel” (Nm 21:6). Quando Moisés orou ao Senhor, Ele orientou que ele deveria fazer uma serpente de bronze e colocá-la sobre uma haste. Um olhar em direção a serpente de bronze era suficiente para curar aqueles que haviam sido mordidos. Isto era uma figura de Cristo sendo feito pecado por nós na cruz, e o próprio Senhor Jesus disse: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado” (Jo 3:14). Da mesma forma que os israelitas daquela época foram curados das mordidas de serpentes, os pecadores hoje podem ser curados de seus pecados pela simples fé no Senhor Jesus.

Idolatria 

Parece, no entanto, que esta serpente de bronze foi levada pelo resto da jornada no deserto, trazida para a terra de Canaã e cuidadosamente preservada por toda a história de Israel até os dias de Ezequias. Tendo se voltado para a idolatria, o povo de Deus na verdade adorava aquela serpente de bronze, e eles até “queimavam incenso” a ela (2 Rs 18:4).

Uma ocasião similar ocorreu na vida de Gideão. Ele fielmente havia destruído um ídolo bem na propriedade de seu pai e derrubado o altar de Baal. Mas, mais tarde em sua vida, ele também tinha um tipo de altar diferente e talvez mais sutil. Está registrado que ele tomou todos os brincos de ouro dos midianitas mortos e deles fez um éfode de ouro. Aqui novamente algo foi ordenado por Deus, como uma vestimenta para os sacerdotes quando eles se aproximaram de Deus, no entanto, a Escritura nos diz que “todo o Israel se prostituiu ali após ele” (Jz 8:27). O éfode não tinha valor sem o sacerdote que o usava, mas se tornou um objeto de veneração.

Formas de idolatria de hoje 

Enquanto nós, à luz do Cristianismo, podemos deplorar esta idolatria de objetos materiais, ainda assim, devemos reconhecer que, em alguns ramos da Cristandade, tais coisas ainda continuam. Belos edifícios, supostas relíquias, imagens dos chamados “santos”, música instrumental e muitas outras coisas tomam o lugar da adoração ao próprio Cristo. Mais do que isso, até mesmo Cristãos verdadeiros fizeram ídolos de coisas como batismo, ministério, oração, a igreja e outras preciosas verdades que Deus deu para a bênção de Seu povo e para Sua glória. Mas separados de Cristo, eles se tornam ídolos e uma suposta aproximação a Deus que não tem valor.

Muitas vezes, esse tipo de ídolo é acrescentado às tradições dos homens – tradições que, em alguns casos, foram originalmente baseadas na verdade. No entanto, quando o gozo da verdade é perdido, muitas vezes as tradições são mantidas e se tornam um ídolo sem valor, sem a necessária comunhão com o Senhor e a busca de Sua honra. Como os fariseus da antiguidade, os crentes podem se apegar a tradições que os fazem parecer muito espirituais, obscurecendo seu andar e caminhos distantes do Senhor. Em certo sentido, o pecado para os verdadeiros Cristãos nesta dispensação é maior, em face de uma luz muito maior do que eles tinham no Velho Testamento.

A destruição dos ídolos 

Ezequias, em seus dias, enfrentou esta séria idolatria da serpente de bronze e, ao destruir os ídolos pagãos que seu pai havia trazido para Judá, também “fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera” (2 Rs 18:4). Deve ter sido necessário coragem para fazer isso, pois a relíquia já existia há muitos séculos. Embora tal observação não esteja registrada na Escritura, ainda é bem possível que alguns o acusassem de sacrilégio e de destruir uma importante memória do passado de Israel. Mas a fidelidade ao Senhor exigia isso, e o povo não tinham mais diante deles algo que lhes tirasse o coração de Deus.

Todos nós precisamos levar esta lição a sério. Podemos ser implacáveis em nos guardar dos ídolos do mundo, mas a tentação para o crente é muito mais sutil, e assim muito mais séria, quando algo dado pelo Senhor se torna um ídolo. Cristo deseja que nossos corações estejam apegados a Ele, e o que Ele nos deu para nossa bênção tem valor apenas porque atrai nossos corações para Ele.

W. J. Prost

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