Origem: Revista O Cristão – Os Olhos

Um Uso Correto e Incorreto dos Olhos

O primeiro grande ponto a se estabelecer para verificar o erro de qualquer coisa é obter um perfeito conhecimento do que é verdadeiro e certo. Aquilo que é certo deve ser singular, enquanto as falsificações podem ser infinitas em número e variedade. Um banqueiro disse uma vez, ao ser perguntado como ele conhecia uma nota falsa: “Eu nunca considero se uma nota é falsa; eu verifico se ela é verdadeira”. Se eu sei o que é certo, é muito fácil e simples para mim rejeitar o que não condiz com o certo. Muitos se desgastam em vão examinando algo suspeito para poderem ver se os motivos da suspeita existem, enquanto que se eles tivessem simplesmente se mantido naquilo que sabiam que era certo, poderiam ter discernido e rejeitado a falsificação imediatamente, mesmo que não conseguissem dizer os motivos exatos pelos quais eles a rejeitaram. Posso acrescentar que, depois de eu ter rejeitado qualquer pretensão como falsa, posso, então, com o intuito de convencer outros, examinar as imperfeições que provam que ela não é genuína. No entanto, a primeira ocupação dos meus olhos, seja na escolha ou no discernimento, não deve ser com a imperfeição ou o mal.

A ocupação correta para os meus olhos 

De que maneira, então, os olhos devem se ocupar? Se consigo decidir a ocupação correta para os meus olhos, consigo facilmente perceber o que não é a ocupação correta.

Aqui reside a causa de tanta indecisão e inconsistência. As pessoas não têm definido para si mesmas o que é correto e, consequentemente, fazem um julgamento de cada proposta com base nos próprios méritos dela, em vez de se basearem nos méritos de um padrão comprovado. Então, a ocupação correta dos olhos deve ser determinada considerando o poder que tem direito de controlá-los. Se o Senhor tem esse direito, então a ocupação deles deve estar de acordo com Sua mente. O envolvimento ou ocupação de qualquer órgão é caracterizado pelo poder que o controla. Se o Senhor controla os meus olhos, eles estão ocupados e envolvidos com o que interessa a Ele. Se meus olhos são controlados por minha própria vontade, eles serão caracterizados por minhas preferências e gostos carnais, e eles são agentes muito ativos em fornecer à mente natural provisão para sua inimizade contra Deus. Eva viu que o fruto proibido era agradável aos olhos, e isso promoveu em seu coração uma inclinação para agir em independência de Deus. É impressionante como o veredito dos olhos nos afeta em tudo e o quanto esse julgamento é fruto do nosso próprio estado de alma.

A concupiscência dos olhos 

Duas pessoas podem ver a mesma coisa com impressões totalmente diferentes, mas a impressão transmitida a cada uma tem relação com o estado e a condição específica da pessoa antes de seus olhos agirem de tal maneira. Uma admira, enquanto a outra se afasta, por lhe ser doído ver a mesma cena. O corpo é do Senhor, e os olhos são do Senhor. Ou o Espírito de Deus está usando os meus olhos para abraçar e examinar tudo o que é importante que eu veja em meu caminho, ou a mente natural os está usando para fornecer materiais para o seu próprio sustento, e, portanto, a “concupiscência dos olhos” é classificada com a “concupiscência da carne”, embora ninguém nunca pense que elas poderiam ser colocadas juntas como moralmente iguais. Ambas nos ligam ao mundo, que não é do Pai. A “concupiscência dos olhos” é ainda a mais perigosa das duas, porque é menos temida, mesmo a Escritura estando repleta de advertências sobre os perigos para os olhos. Lembre-se de que os olhos enviam para a alma uma mensagem correspondente ao poder que os usou. Se é o Senhor quem os usa, então uma impressão fornecendo material para a vontade d’Ele é transmitida à alma; se é minha própria mente que os usou, a impressão, ao contrário, fornecerá material para promovê-la. Para um Cristão, essa é uma perda dupla, pois não só o priva do que poderia ter ganhado para o Senhor como também adquire para ele aquilo que impede e bloqueia sua percepção do amor do Pai. Quão pouco nossa alma pondera essas coisas e as levam à sério!

Christian Truth, Vol. 27

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