Origem: Revista O Cristão – Vales
O Vale da Sombra da Morte
Muitas vezes, questiona-se se “o vale da sombra da morte” (Sl 23:4) é a morte ou se é o mundo à sombra dela. Acreditamos que seja o último pois se significasse a própria morte, “o vale da morte” teria sido a expressão usada. Mas “a sombra da morte” nos apresenta a ideia de perigo da morte, ou do que leva a ela, e traz a antecipação ou pavor disso sobre a alma. Uma comparação de outros lugares onde o termo é usado nos Salmos torna isso claro. No Salmo 44:19, o remanescente de Israel fala de si, sob o governo de Deus, como amargamente quebrantados “num lugar de dragões” e cobertos “com a sombra da morte”. Assim, novamente no Salmo 107:10, 14, quando redimidos da mão do inimigo, eles lembram a misericórdia que alcançou aqueles cujas almas estavam “nas trevas e sombra da morte, presa em aflição e em ferro”, e que quando clamaram a Jeová, “tirou-os das trevas e sombra da morte”.
A partir dessas Escrituras, parece que “o vale da sombra da morte” era, para o salmista, o caminho onde a escuridão e o perigo da morte estavam especialmente em questão, mas onde a proteção e o apoio de Jeová eram seu conforto, para que ele não temesse o mal, como alguém que seria preservado da própria morte. O que se segue no salmo apoia esse pensamento.
Para o crente agora, o mundo, ou melhor, o seu caminho através dele, é “o vale da sombra da morte”. Quão verdadeiro isso foi para o bendito Senhor! A tenebrosa sombra da morte sempre repousou no caminho que Ele trilhou, especialmente no Getsêmani, onde diz: “A minha alma está cheia de tristeza até à morte”. Mas Ele provou a própria morte em toda a sua amargura, desprotegido e sem apoio, na cruz. A sombra da morte, onde Sua vara e cajado nos consolam, é tudo o que podemos conhecer; para o descanso eterno, aguardamos a Sua vinda, e não a própria morte.
Christian Truth, vol. 8 (adaptado)