Origem: Revista O Cristão – O Valor das Provações
Lições Aprendidas sob a Vara da Aflição
Se a alma anda com Deus, não está endurecida, mas é submissa, e não há espírito mais brando, nem mais suscetível de todo sentimento do que um espírito de submissão, pois a submissão tira a vontade das afeições sem as destruir, e isso é muito precioso. Assim foi com Cristo – Ele sentiu tudo. Sua ternura era perfeita e, no entanto, quão perfeita era Sua submissão!
Como Deus exercita o coração com essas coisas! Não é simplesmente que o coração é provado pela própria tristeza, na qual podemos contar com a mais terna compaixão de Cristo, mas quando o coração é assim levado à presença de um Deus que está tratando conosco, todos os nossos caminhos – todo o interior de nosso coração – todos os Seus caminhos conosco e Seus apelos para nós frequentemente nesses casos se elevam dentro de nós. Se a vontade não está quebrantada e se não há clareza no conhecimento da graça, segue-se uma provação perplexa e ansiosa. Se não isso, muitas vezes segue um humilde julgamento do “eu”, pois o conhecimento da graça nos torna humildes, quando ele é real.
É surpreendente o quanto muitas vezes permanece como um sedimento no fundo do coração, em um homem muito gracioso em sua vida, cujo sedimento a vara de Deus levanta quando Ele a insere, muitas vezes trazendo a tona todo o conteúdo do coração, mas sempre para ser levado pelo fluxo vivo das águas da Sua graça. No coração não estão apenas faltas, mas uma massa de materiais não julgados da vida cotidiana, um viver sob a influência do que é visto ou de afeições não julgadas de todo tipo.
Tudo aquilo que não está à altura de nossa posição espiritual é então julgado em seu verdadeiro caráter, diante de Deus, como estando conectado à carne. Mas nem sempre é assim, nem completamente assim, mas é sempre que haja uma necessidade. Deus pode nos visitar para extrair o cheiro suave de Sua graça, não sem necessidade, como a própria alma confessará, pois nesse caso sentirá a necessidade de realizar toda a comunhão, que em seu caráter mais íntimo foi impedida por aquilo com o qual Deus está tratando conosco. Mas quando a graça é plenamente conhecida e há submissão, o resultado prático é, de fato, um cheiro suave de reverência voluntária diante de Deus e dos outros, e traz até mesmo gratidão no meio da tristeza. Quando isso é real, é muito doce.
Ele também está muito presente, e é assim que fazemos progressos reais em tais exercícios. É surpreendente o progresso que uma alma às vezes faz em um tempo de tristeza. Ela tem ficado muito mais com Deus, pois, de fato, só isso nos faz progredir.
Há muito mais confiança, quietude, ausência do mover da vontade, muito mais andar n’Ele e dependência d’Ele, mais intimidade com Ele e independência das circunstâncias, muito menos coisas entre nós e Ele, e então toda a bem-aventurança que está n’Ele, vem atuar sobre a alma e se reflete nela, e oh, quão doce é isso! Que diferença isso faz no Cristão, que anteriormente, talvez, fosse irrepreensível em sua caminhada em geral.
Se o trabalho necessário puder ser feito sem a tristeza, Ele não enviará a tristeza. Podemos até temer se for necessário. Seu amor é muito melhor do que a nossa vontade. Confie n’Ele, pois n’Ele podemos confiar. Ele deu o Seu Filho por nós e provou o Seu amor. Apresente seus pedidos para Ele. Ele quer que façamos isso e depois nos apoiemos totalmente em Seu amor e sabedoria. Se Ele ferir, esteja certo de que Ele dará mais do que Ele tira.
De uma carta para um irmão cuja esposa estava muito doente
