Origem: Revista O Cristão – O Valor das Provações
A Prova da Sua Fé
Está claro na Palavra de Deus que o benefício para nós, que vem das provações em nossa vida, depende de como as aceitamos. Nós podemos “desprezar… a correção do Senhor” ou “desmaiar quando, por Ele” formos “repreendidos” (Hb 12:5) e ambas são reações erradas. Se formos “exercitados por ela”, descobriremos que essas provações produzem o “fruto pacífico de justiça” (Hb 12:11).
Em 1 Pedro 1, encontramos outro aspecto das provações que é mais útil para a nossa alma e um equilíbrio dado que é necessário ter em mente. Depois de encorajar os santos dizendo a eles que têm “uma herança incorruptível, incontaminável e que se não pode murchar, guardada nos céus” (v. 4), e que os próprios santos “mediante a fé” estavam “guardados na virtude de Deus” (v. 5) para essa herança, Pedro lembra-lhes que eles ainda estão neste mundo e, portanto, sujeitos a “várias tentações”.
“Sendo necessário” as provações
Em conexão com essas várias tentações (ou provações), Pedro usa as palavras “sendo necessário” (1 Pe 1:6). Estas duas palavras revelam um aspecto das provações por meio das quais Deus nos coloca, em que Ele vê em nós aquilo que precisa de ajuste ou correção. Pode ser pecado, pois todos nós conhecemos em nosso próprio coração o “pecado que tão de perto nos rodeia” (Hb 12:1). Em Seu governo e porque nós pertencemos a Ele, Deus pode permitir algo em nossa vida porque estamos seguindo um caminho obstinado. Contudo, pode ser que estejamos agradando ao Senhor, mas o Senhor deseja mais frutos e, assim, “Toda vara em Mim… limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto” (Jo 15:2). Pode ser também que Ele deseje chamar nossa atenção, para que possamos aprender mais sobre Ele. Seja qual for a razão, somente Ele sabe a “necessidade” de cada provação em nossa vida e permite aquilo que cumpre o Seu propósito, se aceitarmos a provação como vinda d’Ele.
Provas da fé
No entanto, o versículo seguinte menciona “a provação da nossa fé” (1 Pe 1:7). Aqui está algo diferente, pois a “necessidade” não está envolvida. Antes, é Deus testando nossa fé para provar a realidade do que Ele nos deu e da nova vida que temos em Cristo. Se o crente sempre teve uma vida fácil e tudo correu bem para ele, pode muito bem provocar no mundo a mesma reação que Satanás deu ao Senhor em relação à Jó. Quando Deus chamou a atenção de Satanás para a vida exemplar de Jó, Satanás respondeu: “Porventura, teme Jó a Deus debalde? Porventura, não o cercaste Tu de bens a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e o seu gado está aumentado na terra” (Jó 1:9-10). A provação que Deus posteriormente permitiu na vida de Jó provou, entre outras coisas, a realidade da fé de Jó.
Então, hoje, Deus pode permitir provações na vida dos Seus, mesmo quando eles estão caminhando bem diante d’Ele. Quando eles aceitam a provação como vinda d’Ele e O honram apesar das dificuldades, isso prova que os olhos deles estão no Senhor, e não nas suas circunstâncias. Também notamos que a fé deles é “muito mais preciosa do que o ouro que perece” (1 Pe 1:7). Deus valoriza essa fé, e é precioso aos Seus olhos ver a total confiança deles n’Ele, não importa o que Ele permita em sua vida. Desta forma, Ele é glorificado e um testemunho real é prestado ao mundo (e a outros crentes) quanto ao que Deus pode trabalhar em um crente. A Escritura nos diz que “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por Seu decreto” (Rm 8:28), e quando um crente age de acordo com essa promessa e confia implicitamente em Deus, é honrado diante do mundo. Este tipo de provação será encontrado “em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo” (1 Pe 1:7), pois quando o tribunal de Cristo acontece e as recompensas são dadas, sem dúvida algumas das mais altas recompensas será dada a santos que pacientemente viveram para a glória de Deus enquanto suportavam as mais severas provações.
Os dois tipos de provações no presente
Nestas duas coisas – a “necessidade” e a “prova da sua fé” – encontramos, então, diferentes aspectos da provação na vida dos crentes. Muitas vezes somos tentados a olhar para as nossas provações em apenas um desses dois aspectos. Podemos olhar para cada provação como “sendo necessária” e sentir que o Senhor está procurando trazer algo diante de nós. Ou, podemos considerar qualquer coisa adversa em nossa vida simplesmente como um teste de fé, e talvez até como um ataque de Satanás, que supostamente está procurando estragar nosso trabalho para o Senhor.
Eu sugeriria que, na maioria, e talvez em cada tentação em nossa vida, ambos os aspectos são refletidos. Por um lado, geralmente há alguma “necessidade” presente, e precisamos entrar na presença do Senhor para descobrir isso. Por outro lado, há também a “prova da nossa fé”, quando Deus está provando a realidade do que está dentro. Nós vemos ambos os aspectos da provação no caso de Jó. No que diz respeito a Satanás, a provação só demonstrou a ele que Jó não reagiria de maneira errada, mesmo que todas as suas possessões materiais fossem tiradas, seus filhos mortos e sua própria saúde arruinada. Mas então Deus assumiu e usou a provação para ensinar algo a Jó sobre o qual Satanás nada sabia.
Então, hoje, outros que veem, podem ver as provações em nossa vida como sendo uma provação de nossa fé, e sem dúvida isso é verdade. No entanto, nós mesmos, ao chegar diante de Deus sobre isso, podemos aprender a “necessidade” que somente Deus pode ver. Na maioria das nossas provações, há uma mistura das duas.
O espectador
Para nós que estamos olhando, sejamos vagarosos em julgar o significado de uma provação em outro. Somente o indivíduo envolvido, ao pesar o assunto na presença do Senhor, pode ver onde um aspecto deixa de existir e o outro assume o controle. É tentador julgar alguém por nossos próprios padrões e observações, assim como fizeram os três amigos de Jó. Como todos sabemos, os comentários deles, embora bem intencionados, foram além da medida e não ajudaram em nada. Eliú, que finalmente conseguiu trazer luz ao assunto, sabiamente não tentou interpretar o que Deus estava fazendo. Em vez disso, ele apontou Jó de volta ao Senhor, dizendo-lhe em primeiro lugar para justificar a Deus em toda a questão, e depois para dizer a ele: “O que não vejo, ensina-mo Tu” (Jó 34:32). Ao fazer isso, Jó foi capaz de ver a provação pelos olhos de Deus e, finalmente, obteve a bênção que Deus pretendia. Que estejamos prontos para fazer o mesmo!
