Origem: Revista O Cristão – O Valor das Provações
O Santuário e o Mar: os Dois Caminhos de Deus
Salmo 77:13, 19
Seu caminho está “no santuário” e Seu caminho é “no mar”. Há grande diferença entre os dois casos. Primeiro de tudo, o caminho de Deus está no santuário onde tudo é luz, tudo é claro. Não há nenhum erro ali. Não há nada no menor grau que seja perturbador ao espírito. Pelo contrário, é quando o pobre aflito entra no santuário e vê as coisas ali à luz de Deus que ele vê o fim de todo o resto – tudo o que está emaranhado, o fim do qual ele não consegue encontrar na Terra.
Nós temos a mesma coisa no Salmo 73. “Quando pensava em compreender isto, fiquei sobremodo perturbado; até que entrei no santuário de Deus; então, entendi eu o fim deles”. Isto é, no santuário de Deus tudo é entendido, por mais difícil, provador e doloroso que seja em relação a nós mesmos ou aos outros. Quando uma vez entramos lá, estamos no lugar da luz de Deus e do amor de Deus, e então, qualquer que seja a dificuldade, entendemos tudo sobre isso.
Mas não é só o caminho de Deus no santuário (e quando estamos lá, tudo é descanso e paz), mas o caminho de Deus está no mar. Ele anda onde nem sempre podemos rastrear Seus passos.
No mar
Deus Se move misteriosamente às vezes, como todos sabemos. Existem maneiras de Deus que são propositalmente para nos provar. Não preciso dizer que não é de modo algum como se Deus tivesse prazer em nossas perplexidades. Nem é como se não tivéssemos nenhum santuário para nos aproximar, onde pudéssemos nos erguer acima delas. Mas ainda há muito nos caminhos de Deus que devem ser deixados inteiramente em Suas próprias mãos. O caminho de Deus é, portanto, não apenas no santuário, mas também no mar. E, no entanto, o que encontramos, mesmo em conexão com os Seus passos no mar, é: “Guiaste o Teu povo, como a um rebanho, pela mão de Moisés e de Arão”. Isso foi através do mar; depois, foi através do deserto. Mas foi pelo mar. O começo dos caminhos de Deus com o Seu povo estava lá, porque do princípio ao fim Deus deve ser a confiança do santo. Pode ser uma lição inicial de sua alma, mas nunca deixa de ser a coisa a se aprender.
No santuário
Quão feliz em saber que, enquanto o santuário está aberto para nós, e o próprio Deus está lá, Ele está ainda mais perto de nós. Como se diz, “Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o Justo pelos injustos, para levar-nos a Deus” (1 Pe 3:18). Esta é a coisa mais preciosa, porque lá estamos no santuário de uma vez por todas e levados ao próprio Deus. E atrevo-me a dizer que o próprio céu seria apenas uma pequena coisa, se não fôssemos levados a Deus. Isto é melhor do que qualquer libertação da prova, melhor que qualquer bênção, estar na presença d’Aquele a Quem pertencemos, que é Ele mesmo a fonte de toda bênção e gozo. Que somos levados a Ele agora é infinitamente precioso. Ali estamos no santuário, trazidos a Deus.
Mas ainda existem outros caminhos de Deus fora do santuário – no mar. E muitas vezes nos encontramos perdidos. Se estamos ocupados com o próprio mar ou tentando discernir os passos de Deus, então eles não serão conhecidos. Mas a confiança no próprio Deus é sempre a força da fé. Que o Senhor nos conceda crescente simplicidade e quietude no meio de tudo aquilo pelo qual passamos, por amor do seu nome.
