Origem: Revista O Cristão – Gideão

O Vaso de Barro

Em 2 Coríntios 4:7, temos três coisas maravilhosas diante de nós. Temos “esse tesouro”, em “vasos de barro”, e o que é chamado de “a excelência do poder”, ou talvez mais precisamente, “a superação do poder” (JND).

Os tesouros 

O que é esse tesouro? Eu não acho que o tesouro é tanto a estimativa que meu coração tem de Cristo, quanto o valor que Deus encontrou n’Ele. Certamente o Senhor Jesus Cristo é para ser um tesouro para o Seu povo, pois lemos: “Porque onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração” (Lc 12:34). Aqui, no entanto, o tesouro (que é, certamente, Cristo), é apresentado mais como é visto da perspectiva de Deus. Cristo é Seu tesouro.

Como esse tesouro foi colocado no vaso? “Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é Quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo” (2 Co 4:6). É uma coisa maravilhosa pensar nessa graça soberana em suas ações, bem como em seus propósitos. Como a luz entrou neste mundo escuro? Deus disse: “Haja luz! E houve luz” (Gn 1:3-4). E assim foi espiritualmente em nosso coração: Deus brilhou em nosso coração. É o próprio Deus brilhando, para que possamos ver a glória de Deus na face de Seu amado Filho.

Saulo de Tarso, a caminho de Damasco, viu “uma luz do céu, que excedia o esplendor do Sol”, e o Salvador em glória foi revelado em sua alma. Ele é, portanto, o exemplo vivo da maneira como esse tesouro abençoado é depositado na alma de um homem. Toda a glória de Deus é assim expressa. Nós não podemos entender uma única coisa sobre a glória de Deus, exceto como é vista na face de Jesus Cristo, e é na presença daquela glória que minha consciência é tratada. Se realmente vemos toda a glória de Deus resplandecente na face de Jesus Cristo, não podemos deixar de ser desafiados nas profundezas de nossa consciência, e essa é a bem-aventurança dela. No momento em que temos a ver com Deus e com Cristo, somos convencidos, e a expressão inicial de nosso coração na presença daquela glória deve ser: “Eu me abomino”.

O vaso de barro 

Em seguida, observamos onde esse tesouro é colocado: “Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro”. Quando o homem tem alguma coisa valiosa, ele geralmente o envolve em algo que também é valioso. Não é assim com Deus. Ele toma o Seu tesouro, o mais caro, o mais valioso e precioso para Ele, e o coloca no mais desprezível vaso que você poderia conceber – um pobre e frágil vaso de barro. Isto é o que é chamado de vaso de barro; um pobre, perecível e frágil vaso de barro.

Mas ele tem um propósito nisso, pois dá a Ele a oportunidade de fazer duas coisas. Em primeiro lugar, o prazer d’Ele é fazer com que o tesouro seja tudo, e em segundo lugar, Ele revela a supremacia do poder. Não existe apenas a glória suprema do tesouro, mas o poder supremo com o qual Ele opera no vaso. De fato, o vaso não vale nada, mas por trás desse pobre vaso há um poder supremo. Todo o poder de Deus vai junto com o pobre vaso, no qual Ele coloca este tesouro.

A luz brilhando 

A imagem aludida aqui é, sem dúvida, o exército de Gideão. Eles colocaram a luz no cântaro, mas a luz não brilhou até que o cântaro foi quebrado. Eles tiveram que quebrar os cântaros, e então a luz brilhou. E sem dúvida o Espírito de Deus alude a esse fato aqui. Você tem o brilho da glória, e você tem o poder supremo agindo para que possa brilhar. Essas duas coisas andam juntas, a saber, a glória de Deus na face de Jesus Cristo brilhando em nossos pobres vasos de barro, ou cântaros, e o poder supremo de Deus que opera por estes vasos para a exibição do resplendor de Cristo.

Nosso coração deseja isso? Esse é o nosso propósito e objeto? Deus nos ajudará se tivermos esse propósito de coração. Podemos dizer-Lhe: “eu tenho apenas um desejo, que eu pudesse ser sobre a Terra um vaso em quem a exibição da glória do Teu Filho, o Senhor Jesus Cristo, pudesse ser encontrada em todas as circunstâncias aqui?” É a mais maravilhosa graça de Sua parte nos levar a tal lugar que possamos ter uma mente semelhante a Ele, e capacitar-nos com tal poder supremo.

Poder supremo 

Eu posso ver alguém virando as costas para tudo neste mundo, que não tem interesses aqui. Que poder supremo é exibido nesse homem! Eu posso ver uma pobre criatura deitada em uma cama por causa de uma doença, o pobre corpo pressionado pela doença, mas em vez de reclamar, vejo a bendita manifestação de Cristo em mansidão e perseverança. Que poder supremo existe ali!

Isso é o que este ministério é capaz de fazer, e esse é o pensamento de Deus sobre nós em relação a ele. E mais do que isso, é nessas mesmas circunstâncias que Cristo Se torna mais querido a nós, pois somente Ele é nossa suficiência para tudo.

Este é o testemunho que realmente falta neste momento. Podemos falar de doutrinas, e devemos ser claros sobre elas, mas as pessoas ficam espantadas ao ver tão pouco da prática dessas doutrinas, porque elas não conseguem ver nada em nós. Por essa razão, lemos: “e assim nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade” (2 Co 4:2). Se os crentes o fizessem, os homens seriam forçados a dizer: Embora eu não goste dessas pessoas, ainda assim, ao mesmo tempo, minha consciência deve dar este testemunho, que eles procuram agradar a Deus. Quão bom seria, se disséssemos continuamente, que “Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte” (Fp 1:20).

W. T. Turpin (adaptado)

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