Origem: Revista O Cristão – Vasos
Um Vaso de Honra ou de Desonra
No primeiro versículo de Atos 18, duas cidades da Grécia são mencionadas pelo nome – Atenas e Corinto. Elas eram muito diferentes em caráter, embora localizadas a uma distância de 160 km uma do outra. Atenas era o grande centro de aprendizado e filosofia, superando muito qualquer outra cidade do mundo. Corinto era um lugar pervertido e contrário aos bons costumes – tanto que se um grego se transformasse em um leviano, seria dito a ele que deveria ir para Corinto. Seus habitantes, embora buscassem a sabedoria e se glorificassem na erudição, geralmente queriam facilidade e condescendência carnal.
O apóstolo Paulo visitou e pregou o evangelho nas duas cidades. Em Atenas, ele teve que descer ao ponto mais baixo e falar do poder do Criador e das evidências de Sua obra, pois, mesmo com todo o seu empenho em buscar o conhecimento (At 17:21), eles não conheciam o Deus vivo (Quantas vezes isso tem sido verdade entre os sábios deste mundo). Apesar dos sinceros esforços do maior pregador da cruz de Cristo, houve pouco fruto de seus labores. Dionísio e Damaris, com alguns outros, creram no Senhor Jesus, mas nunca lemos sobre Paulo voltando para lá, nem de uma assembleia sendo formada ali. Nenhuma carta apostólica dirigida aos santos em Atenas foi deixada para nós.
Para Corinto, Paulo foi uma vez e depois retornou. No início, a oposição foi forte, mas ele foi encorajado pelo Senhor com estas palavras: “E disse o Senhor, em visão, a Paulo: Não temas, mas fala e não te cales; porque Eu sou contigo, e ninguém lançará mão de ti para te fazer mal, pois tenho muito povo nesta cidade” (At 18:9-10). O que? Muita gente na rica e devassa Corinto, e não em Atenas? Sim, Deus tem salvação para os pecadores perdidos e arruinados, mas os orgulhosos e filosóficos raciocinadores que estão contra Deus não reconheciam essa necessidade. Os areopagitas podiam especular sobre as “novidades” que o “paroleiro [tagarela – ARA]” dizia, mas não se importavam com aquilo que fazia pouco caso do homem ou de sua sabedoria orgulhosa. Isso era tolice para eles.
Em Corinto, uma assembleia florescente foi formada, e Paulo dirigiu duas longas epístolas para eles. Vários outros irmãos os visitaram, e os santos de lá não tinham falta de nenhum dom, de modo que eles estavam inclinados a se gloriarem nos homens e nos dons que possuíam. Eles eram carnais, não obstante, andavam como homens e precisavam ser repreendidos por causa disso (1 Co 3:3), pois o espírito partidário e as contendas eram a evidência da carnalidade.
Antes de serem salvos, alguns deles haviam sido “devassos… idólatras… ladrões… bêbados… roubadores”, etc., mas haviam sido salvos, lavados e justificados (1 Co 6:9-11). Que mudança maravilhosa o evangelho traz para as vidas das pessoas! O “rearmamento moral” e as reformas sociais podem afetar certas mudanças na conduta das pessoas, mas não podem lavar e justificar os pecadores e transformá-los por dentro.
Amor à verdade perdido
Havia, no entanto, o perigo de que, quando o amor da verdade tivesse perdido seu poder sobre suas almas, houvesse algum deslize e ocasionalmente cairiam em velhos hábitos e costumes. Isso aconteceu em Corinto, e deu ocasião ao apóstolo para escrever a eles para expor um homem culpado de fornicação. A assembleia era responsável por julgar aqueles que estavam dentro de suas fileiras, pois estava sem fermento, o mal não tinha lugar ali. Para enfrentar esse perigo sempre presente, o apóstolo lembrou-lhes que haviam sido comprados por um preço alto e, portanto, não eram mais deles mesmos, eles pertenciam a Outro a Quem deviam agradar. Eles agora deviam glorificar a Deus em seus corpos e não viver como os descuidados pagãos ao redor deles, o corpo era para o Senhor, não para o ego e indulgência das concupiscências carnais (1 Co 6:18-20).
Estas advertências na Palavra de Deus são particularmente salutares nos dias em que vivemos. A moralidade está mais baixa do que em todos os tempos nos países chamados Cristãos. As pessoas estão se entregando à indulgência das concupiscências da carne e da mente. Estamos vivendo nos últimos dias, quando a Cristandade, em geral, está amando mais aos prazeres do que a Deus (veja 2 Tm 3:1-5 – JND). Nossos queridos jovens (até mesmo crianças nas escolas de ensino fundamental) estão sendo criados em um ambiente cada vez mais corrupto do mundo e precisam ser instruídos, como os coríntios, de que nós, que estamos unidos ao Senhor, somos um só espírito com Ele. Portanto, tudo o que fazemos e permitimos deve ter a impressão de pertencermos a Ele. “Purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus” (2 Co 7:1).
Vasos com mentes puras
O apóstolo Pedro dirigiu-se aos Cristãos, referindo-se às suas “mentes puras” (2 Pe 3:1 – JND). Precisamos guardar nossa mente para que ela não se torne contaminada pela vida dissoluta dos ímpios, como a do pobre Ló estava depois que foi a Sodoma (2 Pe 2:7, 8; 3:1). “Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso” (2 Co 6:17-18).
Como possuir o seu vaso
Tessalônica não estava longe de Corinto, e as mesmas condições morais gerais prevaleciam naquela vizinhança. Na verdade, foi difundido nos dias do antigo Império Romano, então o apóstolo os exortou: “Finalmente, irmãos, vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus que, assim como recebestes de nós, de que maneira convém andar e agradar a Deus, assim andai, para que continueis a progredir cada vez mais… Porque esta é a vontade de Deus… que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra” (1 Ts 4:1-4). Nosso corpo aqui é o que Paulo se refere como “seu vaso”, e em outros lugares nós lemos que nosso corpo é “o templo do Espírito Santo” (1 Co 6:19). Quão importante que o corpo seja guardado de tudo o que desonra ao Senhor e ao Seu Espírito Santo que habita ali!
O que todos nós precisamos cada vez mais é apego de coração ao Senhor Jesus, afeição ardente na alma, com a Palavra de Deus tendo poder sobre nossa consciência. Assim, seremos capazes de “andar e agradar a Deus”. Enoque “andou com Deus” e “agradou a Deus” (Gn 5:22; Hb 11:5), embora ele tenha vivido em meio da corrupção que estava ao seu redor e da depravação moral. O mundo estava caminhando então para o dilúvio, como agora está acontecendo com os perigos e a destruição da grande tribulação e o subsequente julgamento do “grande e terrível dia do Senhor”. Enoque andou “trezentos anos”, mas isso foi feito apenas um dia de cada vez. Precisamos da graça para cada dia que vem – “Basta a cada dia o seu mal”. Ele “dá maior graça”, e não precisamos antecipar as dificuldades ou provações do amanhã. Temos apenas que “andar e agradar a Deus” hoje com a graça e a força supridas por Ele mesmo que está disponível para todos os que esperam n’Ele.
