Origem: Revista O Cristão – Vencendo

O Cristão Como um Vencedor

A Palavra de Deus sempre supõe que o Cristão desejará ser um vencedor e nos mostrará que é inteiramente possível para ele vencer. Nisto o próprio Senhor Jesus é o Exemplo supremo, pois Ele diz: “Ao vencedor, fá-lo-ei sentar-se Comigo no Meu trono, assim como Eu venci e sentei-Me com Meu Pai no Seu trono” (Ap 3:21 – TB). No entanto, a Palavra de Deus também fala de um Cristão sendo vencido e nos alerta das consequências disso. Em 2 Pedro 2:19 nos é dito que “de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo”. Em Cristo, “não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor” (Rm 8:15), mas somos trazidos para a liberdade dos filhos de Deus e como tal, devemos caminhar por este mundo na liberdade e poder dessa posição.

A instrução para o crente neste mundo é resumida para nós em Romanos 12:21, onde lemos: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem”. Aqui encontramos os aspectos negativos e positivos do nosso testemunho Cristão reunidos, e ambos são necessários se vamos mostrar a Cristo em nossas vidas. Primeiro de tudo, como é que podemos “não sermos vencidos do mal”?

Vencendo o mal 

Em sua caminhada por este mundo, o crente é constantemente cercado pelo mal. Esse mal pode tentá-lo de diferentes maneiras, mas há três frentes no ataque – o mundo, a carne e o diabo. O mundo é o sistema de coisas iniciado por Caim e seus descendentes, que usaram suas energias para tornar esta Terra tão confortável quanto possível na presença do pecado, mas sem Deus. Este conceito nunca mudou em seu princípio, e o mundo de hoje é essencialmente o mesmo em sua visão como era nos dias de Caim. Quão facilmente isso pode nos vencer como Cristãos, pois todos nós temos em nós aquilo que responde às atrações do mundo. Desde a época em que este mundo rejeitou o Senhor Jesus, Satanás é chamado de seu deus e seu príncipe, e é Satanás que manipula o mundo (dentro dos limites de Deus) para alcançar seus próprios fins. Infelizmente, isso inclui procurar nos ocupar com o mundo e tudo o que nele existe.

O mundo 

Em 1 João 2:15 nos é dito: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele”. Contudo, o Cristão deve viver e se mover pelo mundo, pois estamos no mundo, embora não sejamos do mundo. Não existe apenas “a sedução [fascinação – ARA] das riquezas”, mas também “os cuidados deste mundo”, e ambos podem ser uma armadilha para o crente. De fato, os cuidados com este mundo é talvez mais sutil e perigoso, pois uma certa quantia é necessária em conexão com ganhar o suficiente para a vida e cuidar de nossos negócios de uma maneira ordenada. É preciso verdadeira dependência do Senhor e uma caminhada em comunhão com Ele para que os crentes usem “deste mundo”, mas não sejam encontrados “se dispondo dele como seu fosse seu” (1 Co 7:31 – JND). Quão encorajador é lembrar as palavras do Senhor Jesus: “Assim como Eu venci” (Ap 3:21).

A carne 

Além disso, devemos lembrar que todos nós, como crentes, temos o velho eu pecaminoso – a carne em nosso interior. Embora estejamos posicionalmente mortos e ressuscitados com Cristo e mortos para o pecado, ainda temos em nós uma velha natureza que cobiça o mal. A carne também ama suas facilidades, e o pensamento de que eu devo estar constantemente em guarda neste mundo é desagradável para a carne. Existe a tendência de os Cristãos adormecerem em vez de vigiarem, e é quando estamos dormindo que estamos prontos para sermos vencidos. Tudo isso é uma luta constante, pois quanto mais queremos viver para o Senhor, mais a carne se afirma.

O diabo 

Então existe o trabalho direto do diabo a partir de sua posição como deus e príncipe. Ele está constantemente buscando afastar os homens do evangelho e roubar os crentes de seu gozo em Cristo. Verdadeiramente ele “é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8:44). Sabemos que ele tentou fazer com que o Senhor Jesus deixasse o caminho da dependência e da obediência quando O tentou no deserto. O Senhor lhe respondeu a partir da Escritura e o colocou em silêncio, mas muitas vezes em nós mesmos existe aquilo que ele pode usar para nos vencer. Seu tempo está se esgotando, e seus ataques nestes últimos dias são tão frequentes e tão difíceis que alguns crentes simplesmente desistem e acompanham o fluxo do mal neste mundo.

Concessões interiores 

Finalmente, devemos estar atentos para aquilo que vem, não tanto de fora da profissão do Cristianismo, mas de dentro. Desde os dias dos apóstolos tem havido um forte declínio na Igreja e um abandono de muitas verdades. O Senhor concedeu graciosamente avivamentos e uma restauração daquilo que Ele deu no princípio, mas isso requer energia espiritual para andar nestas verdades. A tendência na grande casa da Cristandade é de fazer concessões, e isso também pode ser uma forte influência para fazer com que o crente seja “vencido do mal”.

Em todas essas coisas, devemos lembrar que a obediência ao Senhor e a afeição por Ele nos capacitarão a sermos vencedores. Ele já venceu e podemos segui-Lo nesse caminho. Como Ele era superior a todas as Suas circunstâncias, podemos viver acima de nossas circunstâncias, em vez de sermos controlados por elas.

Vencendo o mal com o bem 

No entanto, o testemunho Cristão deve acrescentar algo, e isso é muito importante! Não basta apenas resistir ao mal e não ser vencido por ele. Não nos contentemos em fazer isso e simplesmente vivermos uma boa vida, moralmente corretas, tendo em vista irmos para o céu no final. Deus quer que sejamos testemunhas vivas no mundo. Ele quer que vivamos de tal maneira que não apenas evitemos ser vencidos, mas sim que vençamos o mal com o bem. Isso requer energia espiritual acima e além daquela que é necessária para simplesmente resistir.

Quando nosso Senhor estava na Terra, Ele encontrou todo o mal que havia acumulado por milhares de anos desde a queda do homem. Ele viu e experimentou exteriormente todos os terríveis efeitos do pecado neste mundo, tanto nos outros como dirigidos contra Ele mesmo. No entanto, em tudo isto, Ele não Se deixou ser vencido pelo mal somente, mas venceu o mal com o bem. Quando Ele viu homens famintos, Ele os alimentou. Quando Ele viu a doença e a morte, Ele os curou e os deu vida. Quando Ele viu homens como ovelhas sem pastor, Ele os ensinou. No entanto, a suprema vitória sobre o mal com o bem foi na cruz, onde todo o mal se juntou. Todo o horror do pecado, todo o poder de Satanás, toda a inimizade do homem contra Ele, toda a ira de um Deus santo contra o pecado – estava lá ao máximo. Ele triunfou sobre tudo e emergiu vitorioso sobre o pecado, sobre a morte e sobre Satanás.

Visto que Cristo obteve a vitória para nós, nós também podemos vencer o mal com o bem. É verdade que Deus não dá normalmente dons de sinais hoje, como o dom de cura, mas o Seu poder é o mesmo. Pode haver mal no mundo e até mesmo na grande casa da profissão Cristã, mas tudo isso não afeta a bondade de Deus e Sua graça. O crente é chamado para caminhar por este mundo, não apenas evitando ser vencido pelo mal, mas distribuindo o bem e a bênção. Isso requer mais energia espiritual do que simplesmente não ser vencido pelo mal. Mas Deus nos deu tudo o que precisamos para nos capacitar a vencer o mal com o bem. O mundo pode estar contra nós, mas, ao desistirmos do mundo, desfrutamos do amor do Pai (1 Jo 2:15). Se a carne ainda está lá para nos tentar, temos o Espírito de Deus dentro de nós, para que não façamos as coisas que a carne quer (Gl 5:17). Se Satanás está ativo em todos os momentos, sabemos que “para isso o Filho de Deus Se manifestou: para desfazer as obras do diabo” (1 Jo 3:8). O Pai, o Filho e o Espírito Santo são todos por nós! No entanto, precisamos de pelo menos três coisas em nossas vidas Cristãs para nos apropriarmos desse poder e sermos vencedores.

Três requisitos para vencer 

Primeiro de tudo, precisamos de obediência implícita. Todo o fracasso em nossas vidas como Cristãos (ou mesmo antes de sermos salvos), em última instância, brota da nossa incredulidade na bondade que está no coração de Deus. Como pecadores, pensamos que seremos mais felizes se vivermos em nossos pecados. Como crentes, não seguimos a Cristo plenamente porque pensamos que Ele não pode satisfazer completamente o nosso coração. Não é o conhecimento que mais precisamos, mas a obediência àquilo que sabemos. Então, se formos obedientes, descobriremos que “a qualquer que tiver lhe será dado” (Lc 8:18).

Segundo, precisamos de comunhão verdadeira com o Senhor e de ter nossas afeições atraídas a Cristo. O motivo mais forte para um crente vencer o mal com o bem é uma percepção do amor do Senhor em seu coração. Só então nossa vida não será tão influenciada pelo que encontramos, mas ela será antes caracterizada pelo que nós trazemos. Não iremos desmaiar nas dificuldades do caminho, pois estaremos “olhando para Jesus” e “considerai, pois, Aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra Si mesmo” (Hb 12:2-3).

Finalmente, precisamos nos vestir de toda a armadura de Deus (Ef 6:11). Nenhuma parte deve estar faltando, pois o inimigo sabe bem como se concentrar em nossos pontos fracos. Se formos capazes de “resistir no dia mau” e “havendo feito tudo, ficar firmes” (Ef 6:13), devemos estar dispostos a usar a armadura que Deus proveu para resistir aos muitos ataques que vem contra nós. “Resistir no dia mau” não é vencer o mal, mas é tendo “feito tudo, ficar firmes” é vencer o mal com o bem. Paulo traz isso diante de nós neste capítulo (Ef 6), pois depois de detalhar as várias partes da armadura que nos permitem “resistir”, ele pede oração “para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho” (Ef 6:19). Verdadeiramente um vencedor! Que esta seja nossa oração hoje.

W. J. Prost

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