Origem: Revista O Cristão – Vencendo

Vencendo em um dia de desordem

Fala-se muito da bênção para o vencedor. Qual é o significado de um vencedor? Ele não é uma pessoa que está em pé quando tudo está em ordem. Tome Adão no jardim; ele tinha que vencer alguma coisa? Não. Então, quando se torna necessário vencer, qual é a causa? As coisas caíram em desordem; a massa se desviou. Agora, quando as coisas estão assim, o vencedor tem que permanecer firme por Cristo, e ele é o mesmo a quem o coração de Cristo se estende de uma maneira que não poderia ter sido quando todo o corpo estava indo bem.

Foi no dia sombrio da ruína de Israel que Elias e Eliseu foram sustentados; não havia tais homens nos prósperos dias de Salomão. A fé que guiou Elias através de tais dias de ruína a favor de Deus foi respondida por ele ser levado para o céu em uma carruagem de fogo!

O vencedor era aquele que, quando descobriu que o povo de Deus estava se afastando de um estado adequado a Ele, estava se opondo a correnteza. Se você alguma vez nadou contra a maré, sabe o que aconteceria se deixasse de dar apenas uma braçada e pra onde a correnteza iria te levar. Uma coisa, amados amigos, é ter obtido uma base firme e outra é mantê-la – uma coisa é ter o conhecimento do lugar divino e outra completamente diferente é mantê-lo em poder.

As sete igrejas 

Nas mensagens às sete Igrejas, você não recebe instruções individuais sobre o que fazer. Você recebe recompensas prometidas ao vencedor, mas não é dito como vencer. Muitos dizem: Olhe para todo o mal que está nas sete Igrejas e coisas semelhantes, e o Senhor não diz ao Seu povo que eles devem sair delas! A razão é que você tem nelas apenas uma única direção quanto ao que você deve fazer. Ou seja: “Ouça o que o Espírito diz”. Então você encontrará a bênção prometida “ao que vencer”.

O chamado 

Em Efésios 4, encontro um chamado para o que temos que fazer. “Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz: há um só corpo e um só Espírito” (vs. 1-4). Há uma diferença entre o chamado (vocação) aqui indicado e aquele de Hebreus (cap. 3: 1). Em Hebreus é individual, aqui em Efésios está conectado com o chamado corporativo da Igreja – “um corpo” – uma “morada de Deus no Espírito”. Ele os exorta a andar de modo digno disso. Ainda assim, preciso conhecer meu chamado antes de poder realizá-lo. Aqui está bem claro. Eu poderia muito bem dizer que minha salvação não tem importância, como dizem que o caminho de meu chamado não tem consequências como membro de Cristo. Ambos permanecem simples e imutáveis na Palavra de Deus. Se eu aceito um, sou obrigado a aceitar o outro. Não me atrevo a dizer, os Cristãos falharam em seguir o que foi dado, e isso me exonera. Tal raciocínio não ficaria de pé diante do Senhor nem por um momento. Se eu disser que as coisas estão num estado de confusão sem esperança, embora seja verdade, colocar a culpa nos outros não me exonera.

O Espírito Santo deixou a Igreja? O fato divino de que “há um só corpo e um só Espírito” mudou? Não. Ele está aqui e mantém a unidade do corpo de Cristo na Terra, tão verdadeiramente como sempre. A pergunta simples é: Ele falhou? Alguns podem dizer: “Mas todos estão espalhados; como posso corrigir as coisas?” Embora isso seja verdade, devo começar comigo mesmo e me corrigir. Esta é a primeira coisa. Assim como Jeremias fez em seu dia: A Palavra de Deus digerida em sua alma o isolou, mas não por muito tempo, pois ele deveria ser a boca de Deus para separar o precioso do vil.

Nós descobrimos, então, em Efésios 4, que o Espírito Santo manteve intacta essa unidade, não importa como os homens tenham externamente dividido a Igreja de Deus. Assim, encontramos algo definido para nos guiar, podemos nos reunir ao nome do Senhor, quando individualmente tivermos nos purificado do mal e da falsidade. Mesmo os mais fracos podem descobrir que o “um só corpo e um só Espírito” permanecem.

A unidade do Espírito 

Essa “unidade do Espírito” abrange todos os membros de Cristo que não estão sob disciplina, e até mesmo o próprio Cristo como Cabeça dela. É uma base que abraça e contempla toda a Igreja de Deus e, ainda assim, em seu caráter é adequada a Cristo. Não é apenas a unidade dos Cristãos, pois isto é relativamente fácil de ter. É fácil dizer: vamos deixar de lado as diferenças e ficar juntos, e depois vincular o nome de Cristo ao grupo e chamar isto de unidade. A moda da vez é fazer uma união e vincular Cristo a ela nominalmente. O Espírito de Deus, pelo contrário, vincula a unidade a Cristo.

As pessoas raciocinam: Não são todos os crentes membros do corpo de Cristo, não importa como andem? Sim, eles são membros do “um só corpo” e o Espírito de Deus mantém sua unidade. Mas quando chego à prática, não posso reconhecer que todos estão se esforçando “diligentemente para guardar a unidade do Espírito” (TB). Falo da prática, procurando diligentemente realizar, pelo poder do Espírito, aquela unidade na qual fomos formados.

O que Deus nos recomenda é aquela unidade que abrange todos os membros de Cristo e, no entanto, não permite nada que não seja adequado ao Chefe desta unidade, que é o próprio Cristo! Há uma diferença marcante entre estar no “um só corpo” e a observância disso na prática.

A casa de Deus 

Vamos examinar o que Paulo diz em 2 Timóteo 2. Ele vê a casa de Deus em ruínas quando escreve esta carta ao seu amado filho na fé. Em sua primeira epístola, encontramos as ordenações das coisas quando as coisas estavam em ordem, no segundo, o caminho do santo quando as coisas estavam em desordem.

Em 2 Timóteo 2:19, ele diz: “Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus, e qualquer que profere o nome de Cristo [do Senhor – JND] aparte-se da iniquidade”.

Não podemos dizer que tudo está em ruínas, fomos entregues a essa corrupção. Não, a verdade fundamental não mudou e, embora a ruína não possa ser remediada, somos responsáveis por nossa ação nela. O Senhor vê uma grande massa da profissão e diz: Eu conheço os que são Meus nela. Então temos a responsabilidade daqueles que confessam o Seu nome: É dito a eles “aparte-se da iniquidade”. Isso é muito claro. Eu não preciso dizer outra palavra sobre isso. Então ele toma a analogia de uma grande casa, com vasos para honra e para desonra. O homem de Deus tem que se purificar destes vasos de desonra para que ele possa ser um vaso para honra, santificado, como Jeremias, e útil para o uso de seu Mestre. Ele não pode continuar com o que é falso, nem pode consertar as coisas, mas ele pode ser um “vencedor”. Este deve ser o seu caminho na cena ao redor.

Ficando firmes no dia mau 

Vencer não é ficar firme quando as coisas estão em ordem, mas é voltar aos princípios divinos quando as coisas estão em desordem.

Deus faz todo o nosso caminho tão claro para nós, que não precisamos ter dificuldades em um dia mau. É um dia mau, mas o próprio mal torna o caminho mais claro para aquele tem que o olhar simples [ou bom].

O Senhor nos permitiu saber, em plena medida, o que é vencer. Todos nós e cada um de nós temos algo para fazer, e o melhor para cada um é fazer aquilo para o qual fomos deixados aqui por Cristo. Temos que buscar Sua mente e não discutir a conveniência e o que nós achamos que é certo.

Deus Se deleita em ver e guiar aquele que olha para Ele com um olhar simples. Quando nosso olhar é bom, todo o corpo está cheio de luz, não tendo partes escuras, e o coração caminha pacificamente com Deus. É devido a Cristo que assim deveria ser. Eu O amo? Então deixe-me guardar Seus mandamentos. Precisamos de devoção pessoal a Ele, e é algo humilhante o fato de que encontramos tão pouca devoção nos dias em que Ele transmitiu tal luz para nossa alma. Precisamos de um propósito de coração que se curva à Sua vontade na coisa mais triviais, e isso traz seu próprio gozo d’Aquele que nos disse: “Se Me amardes, guardareis os Meus mandamentos”.

Adaptado de The Church of God

F. G. Patterson

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