Origem: Revista O Cristão – Vestes
As Vestes de Glória e Ornamento do Sumo Sacerdote
O povo de Israel possuía um ritual magnífico e como o ritual de Israel apontava para Cristo os menores detalhes nos são dados. Vejamos Êxodo 28, que descreve as vestes dos sacerdotes, como o capítulo seguinte descreve as cerimônias relacionadas com a consagração de Arão e seus filhos para o ofício sacerdotal. Arão e seus filhos são figuras de Cristo e dos Cristãos. O sacerdócio dos filhos de Arão dependia do sacerdócio de seu pai, assim como o nosso depende do sacerdócio do Senhor Jesus. Eles eram sacerdotes por chamamento divino (Hb 5:4). O chamado de Cristo é encontrado no Salmo 110:4, o nosso em 1 Pedro 2:5.
O éfode
O éfode é descrito primeiro como sendo a veste sacerdotal principal e representava tudo o que o sacerdócio representava. Cada detalhe fala da graça sacerdotal. “Farão o éfode de ouro, e de pano azul, e de púrpura, e de carmesim, e de linho fino torcido, de obra esmerada”. O ouro fala do divino em nosso Senhor e foi entrelaçado com o azul e outras cores, pois a união do humano e do divino em Sua Pessoa é um dos mais santos mistérios de nossa fé. Em todos os Seus caminhos e palavras esta maravilhosa união resplandece. Azul é a cor celestial. “O segundo Homem, o Senhor, é do céu” (1 Co 15:47). Aquele que assim Se condescendeu a Se tornar Humano havia subsistido desde a eternidade na glória não criada acima.
Púrpura é a cor real. O Filho de Deus tem direitos reais e herda os direitos de José como seu herdeiro legal (Mateus 1). Escarlate fala da glória terrenal (Ap 17:3; 2 Sm 1:24). Não é suficiente que Cristo seja glorificado no alto, Deus fará com que Ele também seja glorificado em seu próprio tempo aqui embaixo. O linho fino torcido atesta a Sua perfeição imaculada. Embora nascido de uma mãe humana, Ele não herdou qualquer mancha moral dela. Ele era enfaticamente “o Santo” (Lc 1:35). Ele somente dentre todos os que já andaram na Terra poderia dizer aos Seus críticos: “Quem dentre vós Me convence de pecado?” (Jo 8:46).
O cinto do éfode
O curioso cinto do éfode era feito dos mesmos materiais que o próprio éfode (v. 8) e é o emblema de serviço – compare Lucas 12:37; 17:8. O pensamento é avassalador de que nosso Senhor Jesus poderia Se constituir a Si mesmo o Servo de Seu povo, mas é verdade – tão maravilhosa é Sua graça. Como o servo hebreu de Êxodo 21, Ele pretendia ser Servo para sempre. Assim, Ele ministra em nosso favor no santuário celestial durante a nossa peregrinação terrenal, enquanto Lucas 12:37 nos diz que num dia vindouro Ele nos fará assentar à mesa e nos servirá.
As ombreiras
Temos em seguida as ombreiras (vs. 9-13), nas quais havia duas pedras de ônix, com os nomes das tribos de Israel gravadas nelas, seis em cada pedra. O ombro é o lugar do poder. Portanto, o bom Pastor deita Sua ovelha perdida em Seus ombros e a traz para casa regozijando-Se (Lc 15:5). Os nomes foram talhados nas pedras “Conforme a obra do lapidário, como o lavor de selos” (v. 11) e, em seguida, “engastadas ao redor em ouro”. A segurança eterna de todo crente é tipificada nisto, e “ninguém as arrebatará das Minhas mãos” (Jo 10:28).
O peitoral
Os nomes das tribos também estavam no peitoral, pois em Cristo o poder e amor se combinam para a bênção de Seu povo. Nós lemos em Êxodo 28:29: “Arão levará os nomes dos filhos de Israel no peitoral do juízo sobre o seu coração”. O amor imutável de Cristo é nosso consolo e gozo. João 13:1 é tão verdadeiro para nós como para os discípulos de outrora: “Como havia amado os Seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim”.
No peitoral, Deus também nos mostrou Seu terno interesse em cada crente. Nas ombreiras, seis nomes foram gravados em cada pedra, já no peitoral cada nome tinha uma pedra para si. Cada santo individualmente, por mais pobre e humilde que possa ser, tem seu próprio lugar nas afeições divinas.
Que quadro encantador é indicado pelo sumo sacerdote de Israel levando os nomes do povo de Deus sobre seu ombro e coração continuamente na presença divina! No entanto, quão rapidamente tudo falhou nas mãos do homem! As vestes de glória e ornamento parecem nunca ter sido usadas na presença de Deus após as circunstâncias desastrosas do dia da consagração (Lv 10). A partir desse ponto o Santo dos Santos foi fechado ao sacerdócio, com exceção do Dia Anual da Expiação, e naquele dia Arão se aproximaria com roupas de linho branco (Lv 16:1-4). Que imenso conforto é para nosso coração saber que não pode haver tal fracasso com nosso Senhor Jesus Cristo!
O Urim e o Tumim
No peitoral, entre os nomes dos filhos de Israel, foi colocado o Urim e o Tumim. As palavras significam “as luzes e as perfeições”. O que eram exatamente, a Escritura não diz. São mencionados juntos sete vezes na Escritura e em duas das passagens, apenas o Urim é nomeado, já em uma (Dt 33: 8) a ordem é invertida e dada como “Teu Tumim e Teu Urim”. Estes evidentemente davam a resposta de Jeová a respeito de assuntos que eram apresentados a Ele pelo sacerdote. É porque o peitoral continha este instrumento pelo qual as decisões divinas eram dadas, que é chamado de “o peitoral do juízo”.
É o deleite de Deus Se tornar conhecido a Si mesmo e a Sua vontade para aqueles que desejam este conhecimento bendito. O Urim e o Tumim no peitoral do sumo sacerdote eram a promessa de que Israel nunca precisaria estar nas trevas sobre qualquer assunto. Hoje, com o Espírito Santo habitando dentro de nós, a completa Palavra de Deus em nossas mãos e Cristo glorificado se interessando por nós, não deve haver obscuridade em nossa mente a respeito dos mínimos detalhes de nosso caminho. Onde o olho é simples e o coração é verdadeiro, o caminho se torna claro.
O manto do éfode
“O manto do éfode” era todo de azul (Êx 28:31), enfatizando que o nosso Sacerdote é celestial. “Porque nos convinha tal Sumo Sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus” (Hb 7:26). Somos os irmãos de Cristo e participantes do chamado celestial, o povo celestial precisa de um sacerdote celestial. Um sacerdote da ordem de Arão não tem utilidade para nós, pois seu sacerdócio foi exercido em um santuário terrenal a favor de um povo terrenal. O Cristão mais fraco está em um terreno mais alto do que Israel já conheceu.
Nas bordas do manto azul havia campainhas e romãs dourados, que falam de testemunho e fruto. Quando Jesus ascendeu a Deus, o Espírito Santo veio e colocou as campainhas douradas do testemunho do evangelho tocando neste mundo sombrio. As campainhas também soaram quando Arão saiu da presença divina, pois da mesma forma um novo som será ouvido quando o Senhor Jesus vier novamente. Um novo testemunho será iniciado na Terra, e a abundância de frutos será colhida por meio dele. Israel, não a Igreja, será a testemunha de Deus naquele dia, pois “de Sião sairá a lei, e de Jerusalém, a Palavra do SENHOR” (Is 2:3).
A coroa de santidade
Chegamos agora a lâmina de ouro puro, com a inscrição “Santidade ao SENHOR” (Êx 28:36). Esta foi presa à frente da mitra de Arão por um cordão azul, e é duas vezes chamada de “a coroa de santidade” (Êx 39:30; Lv 8:9). Aquele em cuja cabeça foi colocada a coroa de espinhos é agora “coroado de glória e honra” (Hb 2:9). A lâmina de ouro foi colocada sobre a testa, “para que Arão leve a iniquidade das coisas santas, que os filhos de Israel santificarem em todas as ofertas de suas coisas santas; e estará continuamente na sua testa, para que tenham aceitação perante o SENHOR” (v. 38). Tal é a nossa enfermidade que, mesmo com o mais puro dos motivos, somos totalmente incapazes de oferecer sacrifícios espirituais a Deus em perfeição. Nosso conforto está no fato de que todas as nossas ofertas vêm diante de Deus pelas mãos do perfeitamente Santo em Sua presença.
As vestes do filho de Arão
As vestes dos filhos de Arão, embora de linho, são ditas “para glória e ornamento” (Êx 28:40-43; 39:27-29). Os filhos de Arão são figuras dos Cristãos, vistos, não como membros do corpo de Cristo, mas como pertencentes à família sacerdotal da qual Cristo é a Cabeça. Todos os detalhes das vestes dos filhos, bem como das vestes de seu pai, falam de Cristo. O que temos então nesta figura além de todo Cristão completamente coberto com as perfeições de Cristo, a ponto que o olho santo de Deus vê sobre nós nada além de Cristo quando nos aproximamos com fé diante d’Ele!
