Origem: Revista O Cristão – Nuvens

Vestido com Uma Nuvem

Em Apocalipse 10 a 11:1-14, temos uma escritura entre parênteses, na qual há dois assuntos tratados: primeiro, a ação do “anjo forte” em Apocalipse 10, e segundo, o estado do templo e de Jerusalém, junto com o testemunho das duas testemunhas, conforme Apocalipse 11:1-14.

João diz quanto ao primeiro: “E vi outro anjo forte, que descia do céu, vestido de uma nuvem; e por cima da sua cabeça estava o arco celeste, e o rosto era como o sol, e os pés, como colunas de fogo” (v. 1). Essa é a descrição pessoal deste poderoso anjo, uma descrição que certamente nos aponta para o próprio Senhor Jesus Cristo. Ele está vestido com uma nuvem, e uma nuvem está frequentemente conectada com a presença divina e, portanto, com nosso Senhor. Isso pode ser visto no Novo Testamento, bem como constantemente no Velho. No monte da transfiguração, uma nuvem encobriu tanto Ele quanto Seus discípulos (Mt 17; Lc 9). Quando Ele ascendeu ao céu, uma nuvem o recebeu fora da vista dos Seus (At 1). Quando Ele retornar à Terra, Ele virá nas nuvens do céu (Mt 24:30; Ap 1:7). Em Apocalipse 4, o arco está ao redor do trono divino; aqui está sobre a cabeça do anjo, e o arco é o símbolo da aliança eterna de Deus com a Terra (Gn 9:12-13). Ninguém, portanto, a não ser uma Pessoa divina poderia usar o arco em Sua cabeça. As duas últimas características – “Seu rosto como se fosse o sol e Seus pés como colunas de fogo” – são quase idênticas às apresentadas em Apocalipse 1:15-16. Não pode haver dúvida, portanto, quanto à identificação deste poderoso anjo com Cristo.

A abertura do livrinho 

Em sua mão havia um livrinho aberto. Não um livro selado como no capítulo 5, cujo conteúdo não poderia ser conhecido até que os selos fossem rompidos, mas um livro aberto, cujo conteúdo já era conhecido. Isso, sem dúvida, se refere ao fato de que a ação de Cristo ao tomar posse da Terra e do mar, já havia sido divulgada por meio dos escritos proféticos. (Veja, por exemplo, Salmos 72; Isaías 11; 25; 60; Zacarias 14 e outras Escrituras.)

Tendo posto um pé no mar e o outro na Terra Ele “clamou com grande voz, como quando brama o leão; e, havendo clamado, os sete trovões fizeram soar as suas vozes” (v. 3). O assunto desse clamor está oculto, pois quando João estava prestes a escrever o que os sete trovões haviam pronunciado, ele recebeu a ordem de selar as coisas que tinha ouvido e não as escrever (vs. 3-4). Todavia, a partir das figuras empregadas, não é difícil discernir que o clamor de Cristo e as vozes dos sete trovões expressam Sua ira, indignação e julgamento justo.

Os próximos três versículos explicam o significado da ação descrita no versículo 2: “E o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra ergueu a mão para o céu, E jurou por Aquele que vive para todo o sempre, que criou o céu e as coisas que nele há, e a Terra, e as coisas que nela há, e o mar, e as coisas que estão nele, para que não haja mais tempo: Mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele começar a soar, o mistério de Deus deverá ser concluído, como ele declarou a seus servos, os profetas” (vs. 5-7 – KJV).

O direito soberano de Cristo 

Na ação do poderoso anjo (o próprio Senhor) ao colocar um pé no mar e o outro na Terra, quer se trate do mar e da Terra propriamente ditos, ou se eles são figuras das “massas fluentes do povo” e dos governos ordenados da Terra, o significado é o mesmo. Fala de Cristo que desceu, após Seu longo período de paciência à destra de Deus, para tomar posse de Sua legítima herança (veja Mt 28:18; 1 Co15:24-28; Hb 2). Deve-se observar também que Ele toma posse, não apenas em função do Seu direito adquirido por meio de Sua obra de redenção, mas também em virtude dos direitos soberanos do Criador. É por isso que, levantando a mão ao céu, jura pelo Deus eterno, o Criador universal. Foi o Senhor da criação quem Lhe outorgou o direito e agora Ele vem para torná-lo verdadeiro. Ele, portanto, declara que não haverá mais demora, mas que todos os julgamentos, “o mistério de Deus” (ARA), que diz respeito ao Seu trato com o mundo entre a primeira ressurreição e o aparecimento de Cristo em glória, devem agora ser concluídos, no dia da voz do sétimo anjo. Isso é a preparação para Sua vinda nas nuvens do céu, quando cada olho o verá, para estabelecer Sua soberania sobre toda a Terra.

Christian Friend, Vol. 17 (adaptado)

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