Origem: Revista O Cristão – Vida Eterna
O Que as Escrituras Dizem sobre a Vida Eterna
Não sabemos nada sobre a vida eterna além do que Deus graciosamente nos revelou pelo Seu Espírito na Palavra escrita. Que possamos nos voltar para ela com reverência e temor de Deus e receber seus ensinamentos com um coração adorador, lembrando que o Espírito perscruta “as profundezas de Deus” e nos faz “conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus”.
A Escritura nos ensina que a “vida eterna” foi prometida antes do início do mundo. Também lemos sobre “a promessa da vida que está em Cristo Jesus” e que “o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por [ou melhor, em – ARA] Cristo Jesus, nosso Senhor” (Tt 1:1-2; 2 Tm 1:1; Rm 6:23). Aprendemos também que a “vida eterna” estava “com o Pai” (1 Jo 1:2). Com o Pai, a vida eterna estava na Pessoa do Filho eterno antes de Ele Se tornar carne. Mas a vida eterna foi “manifestada”. Preciosa verdade! “A Palavra da vida” foi vista e ouvida, contemplada e tocada. “E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1:14). “A vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada” (1 Jo 1:2). Em toda a Sua vida, modos, palavras e ser, a vida eterna foi manifestada a tal ponto que foi vista, ouvida e declarada. A vida foi manifestada na perfeição de Sua Pessoa, em perfeito amor, obediência e justiça, em comunhão ininterrupta com o Pai e em cuidado para com os outros; sim, as próprias “palavras” de nosso Salvador encarnado eram “espírito” e “vida”. Ele era “a vida” e “a verdade”, vistas e ouvidas. Um grande mistério, de fato, que não pode ser explicado por linguagem humana. O profundo pecado da mente humana é tentar desvendar e explicar o que o Espírito diz: “Grande é o mistério da piedade: Deus Se manifestou em carne”, e novamente: “ninguém conhece o Filho, senão o Pai” (1 Tm 3:16 – ACF; Mt 11:27). Um mistério insondável de fato!
Vida e amor manifestados
Quando o crente recorda Seu humilde e solitário caminho por este mundo pecaminoso e discerne no “Homem de dores” “o verdadeiro Deus e a vida eterna”, seu coração se enche de gozo e alegria. Ele reverentemente adora e encontra verdadeiro deleite em confessá-Lo e servi-Lo. No evangelho de João, vemos a vida eterna manifestada no Filho; a primeira epístola de João trata do caráter da vida eterna como algo comunicado aos crentes. Mas, embora a vida eterna tenha sido prometida, estivesse com o Pai e no devido tempo nos tenha sido manifestada, como ela poderia se apossar de nós, que éramos tais pecadores? A resposta é: o amor também se manifestou e atingiu seu imensurável clímax na morte de Cristo, o Filho de Deus, na cruz, pois dessa forma o dom divino da vida eterna poderia ser comunicado a nós. “Nisto se manifestou a caridade [o amor – ARA] de Deus para conosco: que Deus enviou Seu Filho unigênito ao mundo, para que por Ele vivamos” (1 Jo 4:9).
Assim, aprendemos que, com a morte de nosso Senhor Jesus Cristo, duas bênçãos maravilhosas nos foram garantidas: primeiro, a remoção de nossos pecados judicialmente e para sempre, pela oferta única de Si mesmo, e, segundo, para que pudéssemos viver por Ele. Aqui, novamente, nossa alma é tocada com o amor de Deus para conosco, e somos cheios de ações de graças e louvor. A graça divina operou para “que por Ele vivamos”, pois nosso Senhor disse: “se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto” (Jo 12:24). Sim, os homens devem ser judicialmente limpos de seus pecados pelo sacrifício de Cristo, a fim de estarem em verdadeiro relacionamento com Deus. Que amor indizível que “Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”.
Vida ressurreta
Na ressurreição – a ressurreição do Filho dentre os mortos, pela qual Ele foi declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santidade –, nós O contemplamos vivo novamente, e isso para todo o sempre. Pelo poder divino e pela justiça divina, Deus interveio e O ressuscitou dentre os mortos, e O glorificou como Homem à Sua própria destra. Agora, lemos que “Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em Seu Filho” – não apenas “por Ele” que por nós suportou o juízo, mas “n’Ele” glorificado. Ela é o dom de Deus, e está no Filho. Ele disse: “Eu sou… a vida”. Ela é, então, para nós uma vida nova e eterna, tanto por meio do Filho quanto no Filho, e o dom de Deus. Que sabedoria, amor e poder divinos são assim trazidos à vista! O dom de Deus, então, é a vida eterna – nada menos que a vida eterna. Lemos, portanto, a respeito do apóstolo inspirado escrevendo aos crentes e dizendo: “Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em Seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida. Estas coisas vos escrevo, a vós que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna” (1 Jo 5:11-13 – AIBB). Uma vida inteiramente nova nos foi comunicada e devemos saber que a temos. Nos é dito que “passamos da morte para a vida”. Os efeitos de ter essa vida são amor aos irmãos, obediência, justiça, comunhão e oração, aos quais o Espírito certamente conduz; em resumo, andar como Ele andou, pois todos esses caminhos eram perfeitos n’Ele que é a nossa vida.
Presente possessão
Nada pode estar mais claramente estabelecido na Escritura do que a presente possessão da vida eterna. “Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em Seu Filho”. Embora comunicada a nós, ela está no Filho como sua fonte e manancial, e é desfrutada por nós ao nos alimentarmos d’Ele. Estávamos mortos, mortos em pecados, até que pela graça ouvimos a voz do Filho de Deus e vivemos: “Os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão” (Jo 5:25). Até termos fé na obra expiatória do Filho do Homem, não tínhamos nenhuma vida em nós; agora temos vida eterna, e Jesus acrescentou: “Eu o ressuscitarei no último Dia” (Jo 6:54). Que certeza divina essas palavras nos dão de estar em glória com o Salvador!
O Espírito Santo
Mas, além de termos a vida eterna, o Espírito Santo nos foi dado como o selo, o penhor de nossa herança e a unção. Assim, temos o poder para a comunhão com o Pai e o Filho e para servir e honrar nosso Senhor Jesus Cristo com alegria (Gl 4:6; Rm 8:15; 15:13; Ef 1:13-14). Tendo recebido a vida no Filho, devemos manifestá-la em nosso corpo mortal. Considerando a carne como morta, devemos andar “trazendo sempre por toda parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos” (2 Co 4:10). Enquanto no mundo, com a carne ainda em nós, devemos nos considerar como mortos com Cristo e, como vivos para Deus, devemos manifestar a vida de Jesus em nossa carne mortal. Isso é Cristianismo prático.
Resultados eternos
Também descobrimos que a Timóteo foi dito: “toma posse da vida eterna” (1 Tm 6:12). Não tinha ele recebido o dom da vida eterna? Certamente que sim. Mas “toma[r] posse da vida eterna” é agarrá-la pela fé em todos os seus resultados gloriosos e eternos, quando reinaremos “em vida” (Rm 5:17). Nós, assim, tomamos posse de tudo o que a vida eterna envolve, e assim a tornamos nossa pela fé e esperança, para que sua bem-aventurança seja desfrutada agora. Com essa gloriosa perspectiva diante de nós e o Espírito revelando-a a nós, seremos conduzidos adiante. Cristo será reproduzido em nossa vida e andar, e estaremos separados do que não é adequado a Ele.
É claro que, quando o Senhor reinar, os salvos das tribos de Israel, bem como os gentios, entrarão na vida eterna em uma ordem, sem dúvida, adequada a pessoas abençoadas na Terra (Dn 12:2; Mt 25:46).
Manifestados com Ele
Mas Cristo será manifestado novamente. Quando o Encarnado esteve na Terra, como vimos, a vida eterna se manifestou. Naquele tempo, Ele estava sozinho. Mas quando Ele Se manifestar em glória, “os filhos de Deus” serão manifestados com Ele. “Quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos” (1 Jo 3:2). Também lemos que “quando Cristo, que é a nossa vida, Se manifestar, então, vós também sereis manifestados com Ele, em glória” (Cl 3:4). Estando já vivos espiritualmente, aguardamos o Salvador para transformar nosso corpo de humilhação e moldá-lo “conforme o Seu corpo glorioso”. Nós já temos a vida eterna, mas, quando o Salvador vier, a “esperança da vida eterna” será realizada “num momento, num abrir e fechar de olhos”. “Então, cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória”.
Posse e esperança da vida eterna
Enquanto o Cristianismo começa com a posse da vida eterna, “o fim” também é a vida eterna, mas tudo é “o dom de Deus”. Nós temos a vida eterna enquanto estamos vivendo na “esperança da vida eterna”. Vemos que a redenção também nos é apresentada na Escritura da mesma maneira. A respeito do crente é dito: “Em Quem [Cristo] temos a redenção pelo Seu sangue”, e, no entanto, estamos esperando “a redenção do nosso corpo” (Ef 1:7; Rm 8:23). O mesmo pode ser observado quanto à salvação – somos salvos e, no entanto, aguardamos pela salvação. O mesmo autor inspirado que diz: “Deus, que nos salvou”, também diz: “esperamos o Salvador… que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o Seu corpo glorioso”. Essa transformação e translação, em outro lugar nos é dito que ocorrerão quando o próprio Senhor descer do céu com alarido. Então, tendo a vida eterna em todas as suas gloriosas emanações, compartilhamos com Cristo a presença do Pai na casa do Pai, em toda a indizível bem-aventurança da glória eterna.
