Origem: Revista O Cristão – Vida Eterna

Vida Eterna – Diferentes Aspectos

A vida eterna é mencionada muitas vezes na Palavra de Deus, com a maioria esmagadora delas sendo encontrada no Novo Testamento. Dependendo do contexto e da verdade transmitida pelo Espírito Santo na passagem específica, eu sugeriria que existem pelo menos quatro maneiras diferentes pelas quais o assunto da vida eterna é apresentado na Escritura. É importante entendermos isso, pois podemos ficar confusos se não enxergarmos claramente o que Deus está nos dizendo.

O Filho em Sua encarnação 

Primeiro de tudo, temos Jesus Cristo, Filho de Deus, em Sua encarnação, apresentado a nós como a vida eterna que desceu à Terra. O evangelho de João apresenta isso muito claramente, e assim lemos: “N’Ele, estava a vida e a vida era a luz dos homens” (Jo 1:4). De modo geral, podemos dizer que o Evangelho de João é a vida eterna vindo à Terra na Pessoa do Filho, enquanto as epístolas de João (especialmente sua primeira epístola) abordam, em vez disso, a comunicação dessa vida aos crentes e as abençoadas consequências dela. Assim, João pode dizer do Senhor Jesus, a respeito de Seu caminho aqui na Terra: “porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada” (1 Jo 1:2).

Antes da vinda de nosso Senhor a este mundo, Deus não havia sido totalmente revelado, mas agora, como lemos em Hebreus 1:1-2, “Deus a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho”. Deus foi revelado como um Deus Salvador, mas mais do que isso, Ele nos mostrou a vida eterna que estava no Filho e no Pai desde uma eternidade passada, mas que agora foi manifestada neste mundo no Homem – Seu Filho Jesus Cristo. Quando os homens contemplaram o Senhor Jesus aqui na Terra, eles viram a vida eterna.

Vida comunicada aos crentes 

Segundo, como mencionamos em conexão com a primeira epístola de João, Deus Se deleita em comunicar essa vida aos crentes. Isso é algo que não era conhecido no Velho Testamento. É verdade que, desde o início da história pecaminosa do homem, nova vida era comunicada pelo Espírito de Deus usando a Palavra de Deus (oral ou escrita). “Aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3:5). Esta é uma verdade que se aplica universalmente, a todas as dispensações. Mas a vida eterna é a vida em Cristo Jesus, e foi somente com a vinda do Filho a este mundo que a vida eterna foi prometida. Assim, ao crente é prometido não apenas que ele irá “nascer de novo”, mas que terá “vida eterna”. “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna” (Jo 3:36). “Estas coisas vos escrevo, a vós que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna” (1 Jo 5:13 – AIBB). “Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância” (Jo 10:10). A vida eterna é a presente possessão do crente, pois pela fé ele agora tem a mesma vida que Cristo Jesus tem, embora, é claro, uma vida derivada e, portanto, dependente, não independente. Não é meramente uma nova vida, mas uma vida que agora o associa intimamente à Fonte dela e o coloca em um relacionamento com Deus como seu Pai. É uma vida para ser desfrutada e vivida na energia do Espírito de Deus e com toda a proximidade de tal posição.

Vivendo a vida agora 

Terceiro, Deus espera que essa vida não seja meramente quieta e oculta, mas que seja desfrutada na alma e vivida neste mundo como Seus filhos para a Sua glória e o benefício de outros. Se Jesus Cristo era a vida eterna que desceu à Terra, “a vida era a luz dos homens” (Jo 1:4). A luz brilhou em um mundo de trevas, mesmo que o homem não a quisesse – “as trevas não a compreenderam” (Jo 1:5). Agora que a luz se foi, pois nosso Senhor agora está no céu, Deus chama Seus filhos, como participantes da natureza divina, a exibirem essa luz.

Mais do que isso, há inimigos neste mundo e há conflito no caminho Cristão. Assim, Paulo podia dizer a Timóteo: “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna” (1 Tm 6:12). Temos a vida como uma possessão presente, mas existe o aspecto prático de se apossar dela e buscar, com a ajuda do Senhor, viver no presente gozo daquela vida em que seremos perfeitamente semelhantes a Ele quando O virmos como Ele agora é em glória. Paulo diz aos gálatas que “o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna” (Gl 6:8 – ARA), mostrando-nos que, mesmo na Terra, o gozo dessa vida depende de obediência.

Além disso, se a vida eterna nos foi comunicada, nossas afeições irão para Cristo, “para conhecermos O que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em Seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1 Jo 5:20). Ao tomarmos posse da vida eterna, conheceremos cada vez mais a Fonte dessa vida e perceberemos o lugar de bênção para o qual Deus nos trouxe.

Vida no fim da jornada 

Finalmente, temos a vida eterna apresentada como aquilo que obtemos no fim da jornada, quando a plena exibição dela será realizada. Essa visão da vida eterna é muito proeminente no ministério de Paulo. Em Romanos 6:22, Paulo diz: “agora tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna”. Da mesma forma, em Tito 1:2, Paulo fala da “esperança da vida eterna”. Embora seja verdade que o crente tem a vida eterna como uma possessão presente neste mundo e que ele deve vivê-la em comunhão com o Senhor, ainda assim, quão mal fazemos isso, com tudo o que é contra nós! A carne – o velho pecaminoso “eu” – se afirma continuamente. O mundo, sob Satanás, seu deus e príncipe, é contrário ao crente em todos os sentidos, pois expulsou Aquele que era a vida eterna e pediu um homicida em seu lugar. Além disso, fazemos parte de uma criação que geme, e nosso corpo está sujeito a doenças e morte. Todas essas coisas se combinam para tornar turva e fraca a exibição da vida eterna.

Mas, em um dia vindouro, seremos perfeitamente semelhantes a Cristo. Nosso corpo será transformado em um corpo de glória, moldado “conforme o Seu corpo glorioso”. Não mais teremos a natureza pecaminosa, desejando pecar. Seremos tirados deste mundo, com todas as suas influências adversas, e transportados para uma esfera aonde o pecado nunca poderá chegar. É lá que a vida eterna florescerá como nunca pôde aqui embaixo, pois ela então estará no lugar onde foi projetada para se exibir.

Todas estas considerações deveriam, ao mesmo tempo, nos encorajar e nos exercitar, primeiro para nos darmos conta e desfrutarmos da vida que nos foi dada, e então procurarmos vivê-la em um mundo que rejeitou nosso Salvador.

W. J. Prost

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