Origem: Revista O Cristão – Vida Eterna

Vida Ressurreta

“Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós. E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo” (Jo 20:21-22).

Há uma grande diferença entre essa passagem e Atos 2:14. Está claro por João 7:39 que o Espírito Santo não havia sido dado aos crentes nem veio habitar neles no sentido de Atos 2 antes de Jesus ser glorificado. Também é visto pelas palavras do próprio Senhor que Ele não considerou, em nenhum aspecto, a ação em João 20 como sendo uma antecipação da bênção especial do Pentecostes (veja Lucas 24:49; Atos 1:4-5).

Entender isso nos preparará para considerar o significado das palavras do Senhor em João 20, “Recebei o Espírito Santo”. Esse é o cumprimento de João 10:10: “Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância”. Antes da cruz, durante a Sua jornada terrenal, Seus discípulos que realmente criam n’Ele tinham vida, mas foi somente com Ele em ressurreição que eles puderam recebê-la “com abundância”. Mas o fato de eles a terem recebido envolve o novo lugar ocupado pelo Senhor como ressuscitado dentre os mortos. Ele era o Segundo Homem em encarnação, mas Ele não tomou Seu lugar como tal e não estava na condição do Segundo Homem antes da ressurreição. É esse fato que confere à cena em João 20 seu significado.

Jesus já havia revelado aos discípulos, por meio de Maria, que Seu Pai era agora o Pai deles e Seu Deus, o Deus deles. Ele os havia, assim, associado a Si mesmo em Seus próprios relacionamentos, e a partir de então Ele era o Cabeça de uma nova raça. Quando, portanto, Ele Se pôs no meio deles, onde estavam reunidos, depois de dizer-lhes “Paz seja convosco”, Ele mostrou-lhes as mãos e o lado e ordenou-lhes que seguissem adiante no poder da paz que Ele havia concedido. Ele comunicou a eles a vida mais abundante, capacitando-os a entrar em seu novo lugar e relacionamento. Essa vida em toda a sua extensão será a conformidade com Sua condição em glória.

Devemos também observar que a própria forma com que Ele comunicou o Espírito Santo, como o poder da vida, explica seu significado. Ele “assoprou sobre eles”. Voltando a Gênesis, lemos que “formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn 2:7). O primeiro homem foi vivificado por uma comunicação divina de sopro – foi então “feito alma vivente”; “O último Adão”, como Espírito vivificante, soprou sobre Seus discípulos Sua própria vida em ressurreição, e eles viveram no poder dela por meio do Espírito Santo.

O que os discípulos receberam em João 20 foi o Espírito Santo como o poder da vida, correspondendo ao que encontramos em Romanos 8:1-11. No dia de Pentecostes, eles receberam a habitação do Espírito como poder, como a unção, bem como o penhor, o selo e o Espírito de adoção. E, assim, só depois do Pentecostes é que eles foram trazidos à plena posição Cristã.

The Christian Friend, 15:49

E. Dennett

Compartilhar
Rolar para cima