Origem: Revista O Cristão – A Vinda do Senhor

A Bem-Aventurada Esperança do Cristão

“Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo, o Qual Se deu a Si mesmo por nós, para nos remir de toda iniquidade e purificar para Si um povo Seu especial, zeloso de boas obras” (Tt 2:13-14).

Oh, que palavra é essa: bem-aventurada. Será plenitude de gozo e prazer para todo o sempre. Você então nunca mais derramará outra lágrima. Você nunca mais terá outra tristeza. Você será tão ricamente e tão plenamente abençoado que nunca conhecerá o fim de suas bênçãos. Você nunca será capaz de calcular aquele peso eterno de glória, aquele gozo indizível, aquele descanso perfeito ou aquele incessante e ininterrupto deleite que você terá quando pela primeira vez contemplar a face de seu precioso Jesus e começar a entoar o hino eterno, “Digno é o Cordeiro que foi morto” (Ap 5:12).

Uma esperança que mexe com a alma 

É também uma esperança que mexe com a alma. É uma verdade para as afeições. Considere a realidade do noivo e da noiva. Há algo capaz de mexer mais profundamente com as emoções de um coração verdadeiro? Pergunto: Que noiva fiel, amorosa e casta não ficaria encantada com a promessa de seu amado: “Logo virei para você”? O que moveria as afeições, o que despertaria os sentimentos mais profundos do coração, como o testemunho d’Ele mesmo de que “em breve virei para vós”? Novamente, em referência à pregação do evangelho, podemos conceber algo mais comovente? Há algo capaz de instar mais poderosamente o fiel Cristão a testemunhar da graça de Deus para pobres pecadores do que o conhecimento do fato de que o Mestre logo vem para os santos e que então os ímpios serão deixados para trás para julgamento? Também não consigo imaginar nada que nos constranja à real fidelidade ao Senhor e ao cuidado com Seus santos, Sua verdade e Sua glória como a voz do Mestre: “Eis que venho sem demora” (Ap 22:7 – ARA)!

Será que sabemos que essa esperança é tão comovente para a alma? Estamos vivendo e andando de tal modo a sermos por Ele achados em paz, sem mácula e sem culpa? Será que o Mestre, se viesse hoje, diria a você e a mim: “Muito bem, servo bom e fiel” (Mt 25:23 – ARA)?

Uma esperança que consola 

Essa esperança é apresentada a nós na Escritura como uma esperança consoladora: “Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (1 Ts 4:18). Quantos filhos de Deus tiveram um pai querido, um filho querido, uma esposa querida ou um marido muito e afetuosamente amado que morreram no Senhor? O coração foi levado a sentir muita tristeza com a separação, mas o testemunho da Escritura é que o próprio Senhor descerá do céu, e então os mortos em Cristo ressuscitarão, e nós que permanecermos vivos seremos transformados, e então todos subiremos juntos nos ares para encontrá-Lo, e assim estaremos para sempre com o Senhor. “Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras”.

E certamente aqueles que se foram antes estão esperando com paciência a vinda do Senhor. Não tenhamos pensamentos errados com relação àqueles que morreram no Senhor, pois, embora estejam ausentes do corpo e presentes com o Senhor, ainda assim seus corpos estão na sepultura. Que eles estão com o Senhor e desfrutam de plena felicidade e alegria tanto quanto são capazes, não resta dúvida, mas eles estão esperando a vinda do Senhor, quando conhecerão também a redenção de seu corpo e então serão capazes de receber e desfrutar a medida completa de suas bênçãos prometidas. Cristo está esperando para vir, e aqueles que dormiram n’Ele estão esperando o Senhor vir para que o corpo e o espírito deles possam ser unidos, e então todos nós nos encontraremos e para sempre seremos como o Senhor e estaremos com o Senhor.

Uma esperança que purifica 

Ela é claramente apresentada a nós na Escritura como uma esperança purificadora. O apóstolo João diz que “qualquer que n’Ele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro” (1 Jo 3:3). É impossível que possamos realmente estar esperando o Senhor retornar do céu e estar andando de maneira descuidada. Nosso grande adversário muitas vezes nos engana, ou enganamos a nós mesmos, colocando o conhecimento no lugar da fé e da esperança. Muitas pessoas têm um grande conhecimento da letra, mas isso é muito diferente do poder da verdade no coração. Portanto, é dito: “qualquer que n’Ele tem esta esperança purifica-se a si mesmo”.

Se estamos esperando por Cristo, não podemos nos associar com o que sabemos que Ele desaprovará. Não podemos apoiar agora algo do qual nós sabemos que nos envergonharíamos então. Aqueles que ainda não pensaram na vinda do Senhor como uma grande verdade prática fariam bem em considerar essa Escritura. Ela é encontrada no terceiro capítulo da primeira epístola de João: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos. E qualquer que n’Ele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro”.

Tal crente vive nessa esperança como um homem separado para Deus. Não sabemos quando Ele vai vir, mas devemos aguardar e ter esperança por Ele. É possível que o Senhor Jesus Cristo venha hoje. Não digo que Ele virá; dizer isso não estaria de acordo com a Escritura. Mas eu digo que Ele pode vir, e, se estamos esperando por Ele, não podemos estar ocupados com o que sabemos que seria detestável aos Seus olhos. Podemos ser muito ignorantes, mas não podemos andar em desobediência e ao mesmo tempo dizer: “Vem, Senhor Jesus, vem depressa”. Por isso é que aquele que n’Ele tem essa esperança se purifica, assim como Ele é puro.

Uma esperança que alegra 

Novamente, é uma esperança que alegra. O que pode dar a um Cristão tamanho gozo quanto a esperança de ver e estar com o próprio Cristo? Mas você diz: “Eu sustento a doutrina da vinda do Senhor, e não desfruto desse gozo”. É o que tenho dito. Conhecer o que a Escritura diz sobre a vinda do Senhor é uma coisa, mas crer que é a verdade de Deus para você como a esperança presente de sua alma é outra. Se você crê que é a verdade revelada de Deus que você foi liberto da ira vindoura, que seus pecados foram apagados, que seu velho homem foi morto na cruz, que você recebeu vida em um Cristo ressuscitado e que Ele depressa está vindo do céu para você – se ela for para você uma bem-aventurada esperança –, certamente ela é calculada de forma a encher o coração com o mais profundo e puro gozo. Se isso não traz regozijo ao coração, nada mais trará. Eu admito que o fundamento de todo gozo é a redenção consumada de Cristo, mas o supremo gozo é a esperança de vê-Lo. Nós iremos, por maravilhosa misericórdia, ter uma coroa e uma veste, mas o que são as vestes e a coroa comparadas com Ele? Elas não são Cristo, e é uma realidade preciosa que

“Muito maior do que tudo ao redor,
Ele, Ele Mesmo, é teu.”

Quando Paulo pensou em seu serviço no evangelho, seu gozo era que o Senhor estava vindo. É dito em 1 Tessalonicenses 2: “Porque qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória? Porventura, não o sois vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em Sua vinda?” Assim, Paulo, que foi perseguido, quase apedrejado até a morte, rejeitado, em pobreza e prisão, diz: Estou aguardando com regozijo a vinda do Senhor, pois então conhecerei e terei o gozo dos resultados de meus trabalhos no evangelho. Novamente, se por um momento considerarmos que mesmo agora, conhecendo-O pela fé, a Quem nunca vimos, nós O amamos e nos regozijamos n’Ele a tal ponto de nos regozijarmos com gozo indizível e cheio de glória, o que deve ser vê-Lo? O que deve ser ter Seu sorriso continuamente diante de nossos olhos? O que deve ser estar sempre na atmosfera de Seu imutável, pessoal e perfeito amor? O que deve ser ter o deleite de nosso coração sempre diante de nós? O que deve ser vê-Lo em toda a Sua glória?

Não acredito que exista algo de qualidade superior a isso, pois quaisquer que sejam as bênçãos que possamos ter diante de nós, a felicidade que possamos então conhecer ou o gozo que nos rodeie, ainda haveria algo faltando se não víssemos, ou não pudéssemos ver Jesus. Mas certamente nos satisfaremos da Sua semelhança quando acordarmos, contemplando Sua face, e, bendito seja o Seu nome, Ele também ficará satisfeito, pois “o trabalho da Sua alma Ele verá e ficará satisfeito” (Is 53:11).

H. H. Snell

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