Origem: Revista O Cristão – Fruto do Espírito
Vivendo e Andando no Espírito
“Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (Gl 5:25).
“Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei” (Gl 5:22-23 – ARA). O mandamento de amar a Deus e ao nosso próximo, dado pela lei, não dava o poder para fazê-lo e, portanto, a lei se achava fraca pela carne (Rm 8:3 – TB). O Espírito, operando pela fé em Jesus Cristo e Ele crucificado, produz amor por uma nova natureza, que a lei nunca deu. Assim, no momento em que o amor está presente, a lei é cumprida, pois “o amor é o cumprimento da lei [é toda a lei – JND]” (Rm 13:10 – TB), e amamos a Deus e ao nosso próximo. Aqueles que têm o Espírito têm isso, e isso é a base de tudo. “Nós amamos, porque Ele nos amou primeiro” (1 Jo 4:19 – ARA), e “o amor não faz mal ao próximo” (Rm 13:10). Os três primeiros frutos mencionados são o estado do indivíduo e o gozo do “espiritual”, aquilo que deve continuar em cada um sem interrupção. Mas isso nem sempre acontece, como sabemos. “Abandonaste o teu primeiro amor” (Ap 2:4 – ARA), como foi dito pelo Senhor. E aqui, em Gálatas, o amor não havia continuado, embora eles tivessem começado bem, tendo recebido o Espírito. “Aquele que guarda os Seus mandamentos permanece n’Ele, e Ele nele. E nisto conhecemos que Ele permanece em nós” (1 Jo 3:24 – JND); “Nisto conhecemos que permanecemos n’Ele… pois nos deu do Seu Espírito” (1 Jo 4:13 – ARA).
Gozo e paz
Gozo e paz, também, fazem parte do fruto do Espírito e da experiência do homem espiritual. Nós nos gloriamos em Cristo Jesus e não confiamos na carne (Fp 3:3). Temos Sua alegria completa em nós mesmos (Jo 17:13), além disso, nos gloriando em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 5:11), temos paz com Deus; e a paz de Deus que excede todo o entendimento guardando nosso coração e mente por Cristo Jesus (Fp 4:7); a “paz de Cristo” dominando nosso coração (Cl 3:15 – AIBB), pois temos Cristo diante de nós. “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou” (Jo 14:27). O homem espiritual que tem pessoalmente essa paz pode ser usado para trazer outros para a esfera em que ele mesmo e outros vivem e se movem, ou para trazer de volta os que têm caído dela – para restaurá-los.
Longanimidade e benignidade
A espiritualidade é então mostrada em seguida de forma passiva: “longanimidade”. O que poderia ser mais necessário para ajudar os santos, ou no serviço do Senhor para com o mundo, do que a longanimidade? Deus é “longânimo e gracioso”; assim são aqueles que têm o Espírito e andam n’Ele. As dificuldades são muitas e a oposição grande – a contradição dos pecadores, a obstinação dos santos, a inimizade de Satanás e a operação da carne. “O amor é paciente, é benigno” (1 Co 13:4 – ARA). O trabalho do amor requer paciência e perseverança, e se o Espírito trabalhar em nós, dará a capacidade. “Ora, o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento [que sejais de um mesmo pensamento – JND] uns para com os outros, segundo Cristo Jesus” (Rm 15:5). Como Deus é paciente, e Cristo também, assim o homem espiritual é longânimo e paciente.
Em seguida, temos “benignidade” Isso também está relacionado. Aqueles que são espirituais são muito cuidadosos em ter consideração com os outros. Ser arrogante ou brusco é coisa de Cristo? A dureza é de Cristo? A benignidade de uma ama que cuida de seus filhos é a ilustração feita por Paulo de sua maneira de cuidar e ajudar os santos. Um proceder severo ou rude, que choca ou despreza, não é do Espírito.
Bondade e fidelidade
Assim como a longanimidade não demonstra indiferença, coisas são suportadas porque não podem ser evitadas. Assim a benignidade não é assumida como um polimento exterior, fruto da educação, porque a aspereza seria considerada má educação. Por detrás de ambas está a bondade, que age por meio de ambas – num “coração bom e honesto”. Há uma diferença entre um homem justo e um homem bom. O primeiro é íntegro, rigoroso e escrupuloso quanto às suas obrigações para com os outros, mas exige deles o mesmo em troca. Ele cumpre seu dever, mas zela rigorosamente para que os outros também façam o deles. Um bom homem fará muito mais, sem esperar retorno. Um homem justo pode ser respeitado; um homem bom é amado. Ele é um homem verdadeiramente filantrópico no sentido de Deus, pois a filantropia de Deus nos apareceu em Cristo (Tt 3:4).
Então vem “fé” (fidelidade), não para a salvação da alma, nem aquela pela qual ela recebeu o Espírito, crendo no evangelho de “Cristo crucificado”, mas confiança, ou consideração em Deus pelo Qual ele vive, como está escrito: “O justo viverá pela fé”, e por isso ele permanece – age fielmente. O homem espiritual foi ensinado a abandonar o homem e confiar em Deus, que está acima de todas as circunstâncias. Por isso, ele é levado a ser ativo ou passivo, a ficar parado ou avançar, pois essa fé viva e preciosa o conecta com Deus em tudo. Em sua medida, o homem espiritual anda no caminho d’Aquele que começou e terminou uma vida perfeita de fé (Hb 12:2), e olha para Ele como o Único perfeito nesse caminho, embora tenha havido uma grande nuvem de testemunhas desde o início que percorreram esse caminho.
Mansidão e domínio próprio
Por fim, “mansidão” e “domínio próprio” são dadas como partes do fruto do Espírito. O homem espiritual não agiria de forma precipitada ou apressada; “aquele que crer não se apresse”. Ele será preservado do exagero. Quanto aos seus sentimentos e julgamento, ele manteria a mente equilibrada e imparcial. Estando cingidos os lombos do seu entendimento, ele será sóbrio. Então, Tito nos indica como necessário para um ancião, que sejamos “sóbrios” e “prudentes” (Tt 2:2). Assim, os “espirituais”, aqueles que têm a mente imparcial pelo domínio próprio, não distorcem o julgamento. “Mas o que é espiritual discerne bem tudo” (1 Co 2:15), e isso pela Palavra. Assim está escrito: “Se alguém cuida ser profeta ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor”. E assim somos preservados do erro pela Palavra.
Bible Treasury, Vol. 13 (adaptado)